Quarta, 20 Janeiro 2016 09:57

Fraude na construção de escolas no Paraná atinge 2,3 mil crianças

A fraude na construção de escolas paranaenses, descoberta pela Operação Quadro Negro, deve prejudicar pelo menos 2,3 mil crianças e adolescentes em todo o estado.

 

A investigação mostrou que uma das construtoras contratadas pelo governo do estado para colocar 10 escolas em funcionamento para este ano recebeu o dinheiro, mas não entregou as obras, deixando pais e alunos frustrados.

 

Uma dessas escolas fica no Jardim Paulista, em Campo Magro, na Região Metropolitana de Curitiba.  A placa instalada pela Construtora Valor, cujo dono está preso, indica que o cronograma está bastante atrasado. A construção começou em abril de 2014 e deveria ter sido entregue em fevereiro de 2015.

 

Desde o começo do contrato entre o poder público e a Valor mais de R$ 5 milhões foram pagos. No lugar da escola, o que se construiu foi a decepção dos moradores, que esperavam ter um lugar próximo de casa para que os filhos pudessem estudar.

 

"A gente ficou muito feliz na época, porque ele iria desafogar todos os colégios. Nós temos cinco colégios aqui na região sul, estaduais. Tem escolas de madeira ainda. Então, todos os alunos que estavam lá, viriam para esse espaço aqui, numa área bem melhor", diz Dirlei Addad, mãe da pequena Mayumi.

 

O esquema, conforme o Ministério Público do Paraná (MP-PR), foi possível porque houve a conivência de funcionários da Secretaria da Educação. Segundo as investigações, técnicos da pasta fraudavam relatórios de andamento das obras, afirmando que elas estavam sendo feitas conforme o prazo estabelecido. Com esses documentos, o governo pagava a Valor pelo suposto trabalho.

 

Ainda de acordo com o MP-PR, parte do dinheiro desviado foi usado pelo dono da Construtora Valor, Eduardo Lopes de Souza, para a compra de apartamentos e carros de luxo. Duas funcionárias da empresa também afirmam que houve desvios para campanhas políticas em 2014. Entre os beneficiários estariam o presidente da Assembleia Legislativa, Ademar Traiano (PSDB), e os deputados estaduais Plauto Miró (DEM) e Tiago Amaral (PSB), além do secretário de Infraestrutura do governo paranaense, Pepe Richa, irmão do governador Beto Richa (PSDB). Todos negam a participação na fraude.

 

O advogado de Eduardo Lopes de Souza foi procurado para comentar o caso, mas não atendeu as ligações.(Com G1)

 

 

 

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