Quarta, 06 Janeiro 2016 14:03

Ministério Público abre investigação sobre atuação de grupos de extrema direita no Paraná

O Ministério Público Estadual e a Polícia Civil abriram investigação para apurar a atuação de grupos de extrema direita no Paraná.

 

A investigação foi aberta após informação de que Curitiba sediaria, no final do ano passado, o congresso de fundação de um novo partido intitulado Frente Nacionalista, de inspiração fascista.

 

O congresso acabou sendo cancelado após a repercussão da notícia e denúncias por parte de ativistas de movimentos em defesa de minorias de que o evento traria a capital paranaense skin heads e grupos neonazistas.

 

Entre os participantes e organizadores do evento que aconteceria no dia 12 de dezembro estavam os “Carecas do ABC”. Em sua página na internet, a Frente Nacionalista citava cita como inspiração o fascismo italiano de Benito Mussolini e o movimento integralista de Plínio Salgado e dizia pregar a “defesa da família como unidade espiritual e econômica da sociedade” e “os valores cristãos e o patriotismo”. Cerca de mil pessoas eram esperadas para o congresso do partido, que aconteceria em Colombo (região metropolitana de Curitiba).

 

Após a divulgação do evento, ativistas denunciaram pelo facebook casos de abordagem por parte de neonazistas e o risco de agressões contra negros e homossexuais, entre outras minorias. Os integrantes da Frente Nacionalista negaram qualquer participação em agressões ou a defesa de ideais neonazistas.

 

O MP chegou a encaminhar à Secretaria de Estado da Segurança e à Guarda Municipal de Colombo que o evento fosse acompanhado. O procurador de Justiça, Olympio de Sá Sotto Maior, alega que apesar da Constituição Federal prever a liberdade de reunião e discussão política, ela não permite apologia a crimes raciais ou contra minorias. “Embora constitucionalmente haja um direito de reunião, de livre associação e de livre manifestação de pensamento no estado de direito democrático, é impossível se reunir para fazer incitação ao ódio, para fazer apologia do crime, para pregar retorno de uma ditadura militar”, alegou ele em entrevista à RPC TV.

 

Integrante da Frente Nacionalista no Paraná, Ricardo Gonçalves, nega que o grupo seja neonazista. Segundo ele, a frente “estuda todas as ideologias, todas as ideias”, incluindo o comunismo, o fascismo, e capitalismo, e estaria introduzindo no Brasil o fenaísmo. “O fascismo foi o primeiro que a gente estudou”, alegou.

 

A página da frente na internet, entretanto, é clara ao apontar que o grupo tem inspiração no fascismo, incluindo aí a sua versão brasileira criada por Plínio Salgado, nos anos 30, conhecida como integralismo, e cujos símbolos e ideias se identificavam com o nazismo. “A proeminência dos valores espirituais sobre os valores materialistas aparece claramente no fascismo Italiano, na obra ‘A Doutrina do Fascismo’, de Benito Mussolini; e na vasta obra integralista de Plínio Salgado, onde critica o mundo moderno produzido dos valores iluministas que tornam a modernidade um fim em si mesmo. Portanto, combater o consumismo/hedonismo, o ateísmo e o pós-humanismo, as ideologias de gênero, a segregação indígena em reservas, o ambientalismo radical e o pacifismo, bem como todos os vícios da modernidade, é a missão principal da Frente Nacionalista”, afirma trecho de texto no site oficial do grupo.

 

A frente diz ainda ser contrária à imigração, e defende a redução da maioridade penal para crimes hediondos para 15 anos. E apesar de negar ser homofóbica, diz defender “o conceito de família tradicional para fins de orientação das políticas públicas”, e ressalta “que a liberdade das pessoas não devem ser confundidas com libertinagem e nem atentado ao pudor”.

 

As páginas do grupo contém ainda imagens de símbolos anticomunistas, e críticas a movimentos ativistas LGBTs. Em um vídeo, integrantes da frente aparecem em um campo de treinamento com roupas militares e portando armas de paintball. E ao mesmo tempo que diz rejeitar tanto a esquerda quanto a direita, a frente “se declara Centro ou (Extrema-direita para os mais leigos)”.

 

 

 

 

Por Ivan Santos (Blog Política em Debate)

 

 

 

Veja também:

Entre para postar comentários