De acordo com a bióloga Camila Domit, integrante do CEM, nos anos anteriores foram encontradas cerca de 150 carcaças de tartarugas marinhas e 40 de golfinhos. Nos últimos 56 dias, no entanto, já foram encontrados cerca de 114 tartarugas mortas. A lista inclui ainda golfinhos e aves.
Segundo a especialista, a alta com relação a outros anos é possivelmente reflexo do fenômeno climático El Niño, mas também resultado da ampliação do trabalho realizado pelo CEM. É que entre 2007 e até meados deste ano, o centro de estudos realizava o monitoramento de forma semanal. No final de agosto, porém, teve início o “Projeto Monitoramento de Praia”, que é uma condicionante do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) à Petrobras para a exploração das áreas de pré-sal. Com mais recursos, o monitoramento passou a ser feito diariamente.
“Em agosto começamos um novo projeto, com mais recursos, para que esse trabalho passasse a ser diário. Então esse resultado pode, sim, ser reflexo das condições do próprio esforço de monitoramento que estamos fazendo”, aponta a especialista. “Mas além disso, acreditamos que esse aumento no número de mortes também esteja relacionado com o El Niño, que trouxe muito mais frentes fiar, que trazem vento e chuva. Com isso, muitas carcaças podem ser sido carregadas para a orla”, complementa.
Camila comenta ainda que por conta das mudanças na forma como é feito o monitoramento, fica difícil apontar se houve uma piora da qualidade do meio ambiente neste ano. Ela, no entanto, diz ser inquestionável o fato de que o ambiente já está degradado há bastante tempo.
“Com esse tempo todo de trabalho, nós já temos algumas conclusões (sobre a condição ambiental). Os animais estão com o sistema imunológico debilitado e isso é consequência do estresse ambiental. Se você está debilitado, muito cansado e estressado, chega uma hora que seu corpo não consegue mais suportar e o corpo começa a apresentar uma série de doenças”, explica a especialista, apontando ainda que o que vem acontecendo com os animais serve de parâmetros para o ser humano.
“Esses animais se alimentam dos mesmos peixes que a gente e vivem em áreas costeiras como muitas pessoas. Então eles acabam sendo um bom comparativo. É o que chamamos de sentinelas ambientais, que é quando esses animais trazem uma resposta sore a condição do ambiente, da questão de influência direta ao homem”, diz.(Com Bem Paraná)