Na decisão, o desembargador sustenta que não há ilegalidade na mobilização, mas reforça que o sindicato que representa a categoria teria conseguido avançar nas negociações com o governo do Estado. “De maneira alguma digo que as reivindicações não são dignas ou justas. Todavia, o que não me parece justo e legal, no caso, é comprometer toda a sociedade, maior afetada nesse momento”, diz trecho. No despacho, Lima argumenta que o governo estadual “já realizou algumas reuniões com o sindicato” e que “é inegável que houve alguns avanços nas negociações”.
Além de determinar o retorno às aulas, o magistrado proíbe os grevistas de “limitarem os acessos às dependências de órgãos públicos estaduais ou de impedirem outros servidores de trabalhar”. Ainda segundo ele, o uso de força policial está autorizado, “caso necessário”. Para ele, a duração da greve, iniciada no último dia 9, é “extremamente prejudicial a milhares de estudantes, os quais estão sendo as maiores vítimas de tal impasse”
Professores
O presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Paraná (APP-Sindicato), Hermes Leão, criticou a decisão. “O Poder Judiciário está cego para as demandas da população. Como é que uma decisão dessas acontece no mesmo dia que conseguimos reunir mais de 20 mil pessoas numa assembleia? Isso é autoritarismo. Nós queríamos que o Judiciário atuasse como mediador do conflito”, declarou.
Até a noite de quarta, dia 04, o sindicato não havia sido notificado oficialmente sobre a decisão. Hermes Leão antecipa, contudo, que o sindicato vai entrar com um recurso. “A nossa indignação é gigante. Lamentamos e repudiamos profundamente”, disse.
Executivo
Apesar da possibilidade de recurso, o secretário de Educação, Fernando Xavier Ferreira, disse que a previsão é que as aulas sejam retomadas até semana que vem. Ele e o secretário-chefe da Casa Civil, Eduardo Sciarra, convocaram a imprensa no Palácio Iguaçu logo após a decisão do Judiciário. “O calendário escolar certamente vai ser prejudicado, mas ainda não temos uma definição de que como será feita a reposição das aulas”, disse Ferreira. “A recomendação aos pais para os próximos dias é que busquem informações sobre as escolas dos seus filhos”, avisou. (Com Gazeta do Povo)