Quarta, 26 Dezembro 2012 07:43

Paraná quer atrair R$ 10 bilhões em 2013

Secretaria de Indústria, Comércio e Assuntos do Mercosul propõe criação de um fundo para bancar parte dos investimentos no interior.

Os primeiros dois anos de vigência do programa de incentivo Paraná Competitivo, que entrou em vigor em janeiro de 2011, devem fechar com R$ 20 bilhões em investimentos.

 

 

Para 2013, a previsão é que o estado possa atrair entre R$ 7 bilhões e R$ 10 bilhões para instalação de novas empresas ou ampliações, segundo projeção da Secretaria da Indústria, Comércio e As­sun­tos do Mercosul.

 

“Há muita negociação em andamento em diversos segmentos. Ainda estamos fazendo os cálculos para estabelecer nossa meta. Mas esse número pode variar entre R$ 7 bilhões e R$ 10 bilhões. Vai depender também do ritmo de crescimento da economia e do andar da crise na Europa ”, diz o secretário de indústria e comércio, Ricardo Barros.r parte dos investimentos no interior.A ideia é incentivar a instalação de fábricas no interior e o governo estuda a criação de um fundo regional para bancar parte dos projetos que forem para o interior do estado.

 

Dos R$ 20 bilhões anunciados até agora, 65% estão concentrados na região de Curitiba e dos Campos Gerais “O interior atraiu 70% das empresas, mas em valor os investimentos ainda são menores, com exceção da Klabin”. A fabricante de papel comanda atualmente o maior investimento privado no estado, de R$ 6,8 bilhões, em Ortigueira, na região dos Campos Gerais.

 

Para driblar a preferência das empresas por regiões próximas a Curitiba, a secretaria estuda compensar eventuais aumentos de custos para a instalação no interior. “O fundo cobriria a diferença entre o custo de produzir na região de Curitiba e no interior, por exemplo”, afirma. Por enquanto, segundo Barros, o projeto ainda está em estudo e negociado internamente no governo. Não está definido qual seria o montante que o fundo poderia bancar para as empresas e nem em que momento ele poderá virar um projeto de lei. “Tem de ser uma decisão política”, diz.

 

O Paraná, segundo Barros, disputa investimentos principalmente com os estados de Santa Catarina e Minas Gerais e, em menor escala com o Rio de Janeiro e Espírito Santo.

 

Essa é segunda tentativa de criar um mecanismo para atrair investimentos mais robustos para o interior. Na primeira vez, a proposta era reduzir o ICMS para alguns municípios, mas a ideia esbarrou na necessidade do estado manter seus níveis de arrecadação e por ferir os princípios de isonomia.

 

Uma das questões que afasta investimentos do interior é a logística de transporte. O custo de frete para transportar um contêiner do porto de Paranaguá para a Região Metropolitana de Curitiba é de R$ 1,2 mil. Para Maringá, esse valor sobe para R$ 2,8 mil.

 

A norte-americana Cargill, por exemplo, recusou a oferta de municípios do Norte do Paraná, que são grandes produtores de milho, e optou por instalar um fábrica de processamento do grão em Castro, nos Campos Gerais por conta da facilidade de escoamento da produção.

 

Montadoras opõem governo e sindicato

 

Apesar de computar R$ 20 bilhões em projetos de investimentos até agora, o Paraná perdeu para outros estados três grandes investimentos de montadoras de automóveis e caminhões. A Nissan, que divide uma unidade industrial com a Renault em São José dos Pinhais, na região de Curitiba, está investindo R$ 2,4 bilhões em uma fábrica Resende, no Rio de Janeiro. A BMW vai gastar R$ 528 milhões para erguer sua primeira linha de produção no Brasil em Araquari (SC) e a fabricante de caminhões Sinotruk investirá inicialmente R$ 300 milhões em Lages, também em Santa Catarina. A empresa tem hoje um centro operacional em Campina Grande do Sul, na região metropolitana de Curitiba, e a cidade era candidata forte a receber o projeto, mas acabou derrotada na disputa.

 

Para o secretário de Indús­tria, Comércio e Assuntos do Mercosul, Ricardo Barros, políticas mais agressivas de incentivos desses estados e negociações mais duras que as indústrias vêm enfrentando com o sindicato de metalúrgicos contribuíram para afugentar os investimentos. “ O sindicalismo selvagem, mais agressivo, assusta as empresas. Foi o que ocorreu com a alemã BMW, que viu o que aconteceu com a conterrânea Volkswagen, que teve que enfrentar uma greve de 30 dias no Paraná e suspendeu novos investimentos aqui”, diz. Além disso, segundo ele, especialmente Santa Catarina adota planos mais arrojados de incentivo. “Lá o governo pode aportar recursos no projeto, se tornando sócio da empresa”, diz. O Paraná já fez isso no passado, quando a Renault se instalou no estado.

 

Para o secretário geral do Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Curitiba, Jamil D´Avila, o governo está equivocado ao atribuir a culpa às negociações sindicais. “Esses investimentos também não foram para o interior, onde o nosso sindicato não tem representação. Foram para outros estados. Não faz sentido fazer essa relação”, diz. Segundo ele, o fato de a região de Curitiba ter a menor taxa de desemprego do país e como consequência maior pressão por mão de obra também pesou na decisão da Nissan de ir para o Rio. “A empresa também teria que dobrar a fábrica e é preciso levar em consideração que o Sudeste é um mercado estratégico, que responde por metade das vendas do país” diz. Para ele, os elevados custos do pedágio na rodovia que vai até o porto de Paranaguá também teriam contribuído para que a BMW e a Sinotruk escolhessem Santa Catarina.

 

 

 

 

 

 

Fonte - Gazeta do Povo

 

 

 

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