Domingo, 02 Fevereiro 2014 15:45

E-mails da polícia do Paraná são violados

“Usuário secreto” da Celepar interceptou também mensagens de auditores fiscais e de agentes do Gaeco.

 

Relatório pede abertura de inquérito para investigar espionagem.

 

Policiais de todos os escalões das forças de segurança do Paraná tiveram e-mails interceptados de forma ilegal por uma conta administrada pela Companhia de Tecnologia da Informação e Comunicação do Paraná (Celepar). A Gazeta do Povo obteve documentos sigilosos que revelam que um “usuário secreto” teve acesso ao fluxo de dados eletrônicos das polícias Científica, Civil e Militar, inclusive a informações confidenciais. 

 

Um parecer técnico da Polícia Científica aponta a ilegalidade e pede a abertura de inquérito policial para investigar o responsável pela interceptação das mensagens eletrônicas. Fontes no executivo estadual e nas polícias classificam a ação como espionagem.

 

A invasão não se limitou aos órgãos de segurança. Auditores da Receita Estadual também tiveram os e-mails monitora­dos. Um policial militar que integra força-tarefa da PM com a Polícia Federal e outros agentes lotados no Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Or­ganizado (Gaeco), braço do Ministério Público Estadual (MP-PR), igualmente tiveram seus correios eletrônicos invadidos.

 

A violação de e-mails atingiu até mesmo um funcionário do serviço de inteligência da Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp), que trabalha na aplicação de “grampos” legais em investigações.

 

A descoberta expõe a vulnerabilidade dos policiais e auditores estaduais, servidores públicos que mais atuam com informações sigilosas e têm como função proteger tais dados. Por isso, costumam contar com estrutura e proteção reforçadas.

 

 

A invasão

 

A espionagem das mensagens eletrônicas ocorre pelo Expresso Livre Mail, ferramenta de e-mail desenvolvida pela Celepar e usada por 23 secretarias de estado, Casa Civil, Casa Militar, Procuradoria-Geral do Estado, Ministério Público do Paraná e todas as autarquias e entidades ligadas a elas, além de 19 prefeituras do Paraná.

 

E-mails funcionais do Expresso Livre foram invadidos por um usuário secreto, identificado como “Administrador Expresso Sesp”. Ele tinha acesso a todas as caixas postais e inclusive privilégios para excluir e até alterar e enviar mensagens, se fazendo passar pelo dono da conta.

 

No relatório técnico da Polícia Científica, o perito orienta que seja feito requerimento à Justiça para autorizar uma busca e apreensão de todos os cadastros de usuários do aplicativo Expresso, com o objetivo de identificar quando o “compartilhamento não autorizado foi implantado e de onde (endereços de IP) partiam acessos à conta ‘Administrador Expresso Sesp’”.

 

Uma investigação da Polícia Civil excluiu a possibilidade de a invasão ter sido cometida por um agente externo e concluiu que o monitoramento ocorreu a partir da estrutura do estado. Entretanto, ainda não se sabe quem é o operador da espionagem e se há alguma determinação interna para a ação ilegal.

 

Orientação

 

A Polícia Científica orientou as forças de segurança do estado a não usarem os e-mails institucionais, por conta de sua vulnerabilidade. Segundo o perito, os órgãos da Segurança Pública não têm “autonomia e controle” sobre a infraestrutura dos sistemas gerenciados pela Celepar. “(...) Recomenda-se que não se trafegue informações e comunicações sensíveis à Segurança Pública através do aplicativo Expresso Livre até que se encontre uma solução compatível com os requisitos de segurança e sigilo que demandam os órgãos de segurança”, apontou o perito. A dúvida sobre a segurança do sistema já fazia com que alguns órgãos evitassem usar o e-mail corporativo. O Grupo Tigre, elite da Polícia Civil, não utiliza o Boletim Eletrônico Unificado, por exemplo.

 

 

Pente-fino

 

O Instituto de Criminalística (IC) fez um pente-fino por amostragem em 50 e-mails. Do total, 39 apresentavam uma opção de compartilhamento com a conta “Administrador Expresso Sesp”. Essa conta tinha acesso ilimitado às contas de e-mails, com permissões para ler, apagar, enviar, criar e salvar o conteúdo. Como o administrador tem a possibilidade de a qualquer momento eliminar os rastros da invasão, há possibilidade de que o número de endereços monitorados seja maior.

 

“Dentre as contas de e-mail verificadas, a maioria delas de cargos de chefia, inclusive do diretor do Instituto de Criminalística [Dr. Marco Aurélio Bertoldi Pimpão] apresentavam tal habilitação”, explica o texto do perito.

 

 

 

 

 

 

Fonte - Gazeta do Povo

 

 

 

Veja também:

  • Polícia prende falso médico que ganhava quase R$ 50 mil por mês

    Um homem de 32 anos foi preso por se passar por médico e atuar na área durante dois anos, com nome e registro profissional de outra pessoa, em Maringá, no Paraná. Segundo a Polícia Civil, o falso médico tinha salário mensal de quase R$ 50 mil.

     

    Conforme investigação da Seção de Furtos e Roubos, o caso veio à tona após uma denúncia da própria empresa que contratou o rapaz.  A direção da empresa descobriu que Denis Wilian Fraquetta usava registro de outro médico. Ele foi contratado em 2015 pela administradora que fica em Maringá e presta serviço aos municípios de Altônia, Bom Sucesso e São Jorge do Patrocínio.

  • PRF inicia Operação Finados nesta quarta

    A Polícia Rodoviária Federal (PRF) lança a Operação Finados 2017 nesta quarta dia 1º, em todo o país.

     

    Durante os cinco dias de operação, que segue até a noite de domingo dia 05, os agentes da PRF irão priorizar o controle de velocidade com radares portáteis, o combate à embriaguez ao volante e a fiscalização de ultrapassagens proibidas.

  • Policiais militares entram em casa em chamas e resgatam três crianças e cão de estimação

    Policiais militares resgataram três crianças de um incêndio, na noite de ontem dia 30, por volta das 19h, na Rua Laucídio Coelho, em Rio Brilhante (MS).

     

    As causas do incêndio ainda serão investigadas pela polícia.

Entre para postar comentários