O caso foi denunciado à polícia pelo médico que teve os dados usados de forma indevida. Conforme apurado, a Pax cobrava determinado valor dos familiares de pessoas que tiveram morte natural e repassava parte da quantia ao dentista, como forma de adiantar ilegalmente o procedimento de liberação do corpo.
Ou seja, quando uma pessoa morre, em casa por exemplo, vítima de uma grave doença, o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) precisa ser acionado para confirmar a morte. Em seguida, a família tem que acionar o médico que cuidava do paciente para fazer a declaração de óbito.
Se isso não for possível, é necessário registrar boletim de ocorrência e encaminhar a vítima para o Instituto de Medicina e Odontologia Legal (Imol), onde é feito exame necroscópico que, por sua vez, é levado ao Serviço de Verificação de Óbito (SVO) do município. Somente após esses trâmites burocráticos é que o corpo é liberado para velório e sepultamento.
Esquema
O médico, tratado no boletim de ocorrência como vítima, disse que recebeu ligação de uma servidora do SVO, por conta de inconformidades no preenchimento da declaração de óbito de uma mulher. Ao verificar, ele descobriu que seu carimbo havia sido usado falsamente por terceiros e, por este motivo, procurou a polícia. Os agentes funerários responsáveis pelo plantão na ocasião foram acionados pelos investigadores para prestar esclarecimentos.
Um dos agentes, que é funcionário da Pax, disse que, a pedido do patrão Anderson, levou a declaração para Dorsa, lhe pagou com R$ 300 e depois recebeu o documento preenchido. Dorsa, por sua vez, foi detido em sua clínica odontológica no Bairro São Francisco. Questionado sobre envolvimento no esquema, disse que havia jogado os carimbos em uma rua nas proximidades. Os policiais fizeram buscas e encontraram os objetos, um deles em nome do médico que fez a denúncia.
Todo o material foi apreendido. Dorsa responde sozinho pelo crime de exercício ilegal da medicina e, junto com Anderson, foi autuado em flagrante também por falsidade ideológica e falsificação de documento público. Ambos devem passar por audiência de custódia nesta quarta-feira, oportunidade em que o juiz analisa a legalidade e a necessidade da manutenção da prisão. (Com Correio do Estado)