Terça, 15 Agosto 2017 15:57

Garoto dado como morto sobrevive a parada de 48 minutos

A equipe médica já havia desistido. Depois de 30 minutos tentando reanimar um garoto de 12 anos que sofrera uma parada cardíaca fulminante, eles pediram para avisar a mãe: "ele está morto".

 

"Insiste, continua tentando!", respondeu a acompanhante do menino. E eles continuaram.

 

Algum tempo depois e o estudante Ykaro Mafla Freitas Oliveira voltou à vida. "Um milagre", agradece a mãe do adolescente, a dona de casa Nívea Oliveira.

 

"Meu filho tinha acabado de chegar da escola, almoçou e estava no quintal do fundo conversando com a gente quando pedi que ele fosse comprar um doce", recorda-se Nívea daquele inesquecível 22 de maio em Rio Verde, sudeste de Goiás. Na volta, ele sentou-se já sem fôlego, o coração batendo muito forte. "De repente ele estava roxo. Vi que não era uma dor qualquer."

 

A mãe do garoto ligou para o SAMU (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência), que pediu para que ela procurasse o Corpo de Bombeiros, que por sua vez recomentou nova ligação ao SAMU. "Como ele estava caído no chão completamente roxo, eu sai correndo pela rua pedindo ajuda."

 

Quem parou primeiro não pôde socorrer porque no carro, cheio de ferramentas, não cabia o garoto. Foi quanto a jornalista Thay Sanqueta, que passava do outro lado da rua, ofereceu carona. Thay entrou com o garoto às pressas pelo setor de raio-X do Hospital Presbiteriando Doutor Gordon. Um dos médicos carregou Ykaro nos braços e o levou para a UTI. Foi quando as massagens no peito começaram.

 

"Depois de um tempo, o médico pediu para Thay me ligar avisando sobre o óbito, mas ela não ligou. Ela disse 'eu sei que ele está morto, mas tenta, continua'". E assim foi feito. "Eles não desistiram." Foram 48 minutos de massagens e o uso do desfibrilador cardíaco por seis vezes, quando o normal são três. "O peito e a virilha dele ficaram roxos."

 

Depois da reanimação, outro desafio: o uso de uma técnica arriscada, mas necessária para reduzir as chances de danos neurológicos: o resfriamento do corpo com soro gelado e bolsas de gelo. O menino recebeu o tratamento por dois dias. Depois precisou de outros nove para requerer o corpo paulatinamente.

 

A mãe conta que o adolescente ficou 17 dias na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) - parte deles em coma induzido. Quando voltou do coma, não reconhecia ninguém. "A gente falava, mas ele não conversava. O olhar estava parado, sem reação. Descobrimos que ele tinha ficado cego. Se alimentava por sonda." No dia 7 de junho, o adolescente foi para o quarto. Passou a comer pela boca e os movimentos foram voltando com a ajuda da fisioterapia.

 

Ele recebeu alta no dia 2 de julho, mas a fraqueza era tamanha que precisou voltar para o hospital no mesmo dia. Voltou para casa no dia seguinte. Hoje Ikaro está praticamente curado. "A visão dele ainda não está totalmente recuperada. Ele não consegue detalhar o que enxerga. Os movimentos estão bons, mas não como antes. O tratamento continua, mas a melhora é grande."

 

Na última sexta dia 11, Nívea levou o filho para agradecer os médicos "e as pessoas da UTI que o trataram com muito amor"

 

Tímido, o garoto sonha agora em se tornar médico para ajudar outras pessoas. "Eu agradeço os doutores por salvar a minha vida. Eu gostaria de trabalhar na área médica, mas ainda não sei em qual. Quero ajudar outras pessoas também."

 

Para a mãe, o empenho dos médicos foi parte de "um milagre". "Foi um milagre. Não tem outra coisa. Deus colocou tudo no seu devido lugar. Na hora certa. Não era para morrer. Era para reafirmar a fé de muita gente." (Com UOL)

 

 

 

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