Para o mesmo ano, foram estimados 10.970 casos da doença na região, sendo 5.210 localizados somente no Rio Grande do Sul.
O INCA apontou que o câncer de mama representa 25% entre os dez cânceres mais incidentes nas sulistas, são 74,3 casos da doença para cada 100 mil mulheres¹. Segundo a médica oncologista Rosane Johnsson, este número se deve a diversos fatores, entre eles a alta expectativa de vida da população feminina da região, que é de aproximadamente 80 anos, e ao nível de tabagismo de 14,9%, que é o maior entre as brasileiras.
"Conhecer fatores biológicos, como o histórico familiar de câncer de mama e o funcionamento dos hormônios, é de extrema importância para a prevenção da mulher. Assim como a adoção de hábitos alimentares e físicos saudáveis", afirma a oncologista.
A especialista destaca também a relevância do autoexame e de consultas e exames periódicos para a detecção precoce. Entretanto, uma pesquisa inédita realizada pelo Instituto Datafolha mostra que 15% das brasileiras, com idade entre 40 e 69 anos, nunca realizaram mamografia. Um levantamento feito pelo A.C. Camargo Câncer Center com 4,5 mil pacientes aponta que 11,4% descobriram tumor até os 39 anos. Estes dados revelam que nem sempre é possível fazer o diagnóstico da doença em fase inicial.
Segundo a pesquisa do Instituto Datafolha, 46% da sociedade não sabe a diferença entre câncer de mama inicial e avançado. Quatro entre dez mulheres e seis em cada dez homens, afirmaram nunca ter ouvido falar sobre o estágio metastático da doença.
Entretanto, de acordo com o Tribunal de Contas da União, no sistema público brasileiro, 50% dos casos da doença são identificados na fase metastática, o que dificulta o tratamento da paciente.
Apesar dos avanços científicos dos últimos anos, a percepção negativa relacionada a esse estágio do tumor permanece entre a população brasileira. 70% das pessoas associam o câncer de mama metastático a pouco tempo de vida, má qualidade de vida e até mesmo à morte das pacientes.
Porém, atualmente existem medicamentos que atuam diretamente nas células cancerígenas, permitindo o controle da progressão da doença e proporcionando uma vida com mais bem-estar aos pacientes.
Este é o caso da aposentada Juraci Santos Nicolau, curitibana de 68 anos que está há 13 em tratamento do câncer de mama metastático e que leva uma vida normal. A descoberta de calcificação da mama aconteceu durante um exame de rotina, o que a levou a realizar uma série de outras investigações até chegar no diagnóstico correto.
Em 2004, após uma cirurgia na qual foi retirado um quadrante de sua mama e seis meses seguidos de quimioterapia e radioterapia, a paranaense evoluiu para a fase metastática, com células tumorais no pulmão e no fígado, mesmo sem ter histórico de ser fumante ou beber socialmente.
Pelo sistema privado de saúde, a dona de casa teve acesso ao tratamento tecnologicamente avançado e adequado para o estágio da doença que além de impedir a progressão dos tumores, os fez diminuir. "Realizo todas as minhas atividades cotidianas, viajo e faço exercícios físicos. Enfim, levo uma vida normal". E completa: "Se todos tivessem a mesma possibilidade de tratamento que eu tenho, a realidade do câncer no país seria outra", conclui.
Câncer de mama
Todo câncer se caracteriza por um crescimento rápido e desordenado de células, que adquirem a capacidade de se multiplicar. Essas células tendem a ser muito agressivas e incontroláveis, determinando a formação de tumores malignos (câncer), que podem espalhar-se para outras regiões do corpo. O câncer também é comumente chamado de neoplasia.
O câncer de mama, como o próprio nome diz, afeta as mamas, que são glândulas, que se dividem em estruturas menores. É o tumor maligno mais comum em mulheres e o que mais leva as brasileiras à morte, segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca).
Segundo a estimativa sobre Incidência de Câncer no Brasil, 2014-2015, produzida pelo Inca, o Brasil terá 576 mil novos casos de câncer por ano. Desses, 57.120 mil serão tumores de mama.
O câncer de mama é relativamente raro antes dos 35 anos, mas acima dessa idade sua incidência cresce rápida e progressivamente. É importante lembrar que nem todo tumor na mama é maligno e que ele pode ocorrer também em homens, mas em número muito menor. A maioria dos nódulos (ou caroços) detectados na mama é benigna, mas isso só pode ser confirmado por meio de exames médicos.
Quando diagnosticado e tratado ainda em fase inicial, isto é, quando o nódulo é menor que 1 centímetro, as chances de cura do câncer de mama chegam a até 95%. Tumores desse tamanho são pequenos demais para serem detectados por palpação, mas são visíveis na mamografia. Por isso é fundamental que toda mulher faça uma mamografia periodicamente.