Sexta, 26 Fevereiro 2016 13:16

Tios torturam menino de quatro anos em ritual de magia negra em Mato Grosso do Sul

Fotos revelam marcas de pelo menos quatro meses de tortura.

 

São queimaduras no rosto, no pescoço e por todo corpo. Há também vários ferimentos na cabeça e até a unha do dedão do pé foi arrancada. A criança ficou cega de um olho e perdeu 20% da outra visão.

 

O menino está internado na Santa Casa. Quando receber alta, a criança deve ir a um abrigo e ficar sob a proteção da Vara da Infância e Juventude.

 

Segundo o médico legista Silvio Luiz Lemos algumas lesões são antigas. “São lesões que possivelmente já tem mais de quatro meses de evolução. O que chamou muito a atenção é a multiplicidade e a gravidade”, diz.

 

O Conselho Tutelar acompanha a situação. “O Conselho fez o acolhimento institucional dele. Já foi designado pelo abrigo um educador para ficar como acompanhante dele no abrigo”, explica Cassandra Szuberski, conselheira tutelar.

 

O menino, que foi abandonado pelos pais e pela avó, vivia no abrigo. Em maio de 2015, foi morar com a tia, que pediu a guarda na Justiça. Durante seis meses, a família foi acompanhada por psicólogos, educadores e assistentes sociais. A última visita em casa foi em outubro. Depois disso, a tia e o sobrinho participaram de dois encontros no abrigo em novembro e dezembro.

 

Este ano, a tia foi chamada algumas vezes para conversar com os profissionais, mas não compareceu. Por isso, a equipe do abrigo fez uma visita surpresa e constatou os maus-tratos. “A responsabilidade é da família. O acompanhamento sistemático da equipe é na observação de que se há alguma coisa errada. Só que houve uma simulação esse tempo todo de que estava tudo bem”, diz Lílian Zeola, psicóloga do Núcleo de Adoção.

 

Os tios da criança estão presos e prestaram depoimento à polícia. Eles confessaram os crimes. Só culparam os espíritos.

 

A avó do menino foi ouvida por psicólogos da Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente. Participaram da conversa a criança de nove anos e a adolescente de 13 anos, que também viviam com o casal suspeito de cometer as torturas.

 

O tio e a tia, que desde o ano passado tinha a guarda do menino, foram ouvidos e confessaram as atrocidades. “Faz parte do ritual. Quem ela incorporava que torturava ele”, diz o tio.

 

A tia confirmou que os dois participavam de rituais de magia negra e não tinham noção do que faziam porque estavam dominados por espíritos. “Incorporado você não sabe o que está fazendo. Quando desincorporava que você já sabia que já tinha feito”, diz.

 

Outro suspeito de participar das sessões de magia negra foi preso na quarta-feira (24) na cidade de Aquidauana. Segundo a polícia, Giovani da Silva Ortiz, de 18 anos, estava escondido na casa do pai. O rapaz seria primo da criança agredida. Celulares e objetos que estavam com o casal foram apreendidos.

 

O delegado quer ouvir ainda os depoimentos dos vizinhos da família e vai investigar como era o acompanhamento da criança.

 

A avó do menino falou que não sabia que o neto era torturado. As filhas do casal disseram que não presenciaram qualquer tipo de ritual e que os pais diziam que a criança tinha caído e batido o rosto. Por isso, tinha os machucados. O suposto primo do menino admitiu ter participado de rituais, mas negou ter agredido a criança.(Com G1)

 

 

 

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