Há ainda ao menos três reféns - dois agentes penitenciários e um policial civil detido por tráfico de drogas. Os presos amotinados, que dizem ser da facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital), estão no telhado do presídio, de onde jogaram pelo menos quatro detentos.
Não há informações sobre feridos, mas 60% do presídio está tomado pelos amotinados, segundo a Secretaria de Justiça. O advogado Jairo Ferreira Filho, do Sindarspen (Sindicato dos Agentes Penitenciários do Paraná), e o representante da OAB Amarildo Horvath dizem que pode haver mais mortos. Várias ambulâncias saíram do local levando presos feridos. Horvath, que deixou a unidade prisional por volta das 17h após acompanhar as negociações no presídio, disse ter visto três mortos. "Os presos falam que há mais", disse o advogado.
Segundo Ferreira, os rebelados usaram a cabeça de um morto para torturar um agente penitenciário que é mantido refém. Eles encostam a cabeça no colo do agente, que está deitado no telhado. "Estão fazendo tortura psicológica", disse Ferreira Filho. A penitenciária tinha 1.040 detentos no presídio no momento da rebelião e apenas nove agentes para fazer a segurança, de acordo com o sindicato dos funcionários. De acordo com o capitão da Polícia Militar Cícero Tenório, pelo menos 36 presos que não participaram da rebelião foram transferidos na tarde deste domingo para a PIC (Penitenciária Industrial de Cascavel), que fica ao lado do presídio estadual em rebelião.
Parentes de presos fizeram uma manifestação e chegaram a bloquear a rodovia BR-277 por aproximadamente 40 minutos. Eles usaram galhos de árvores para interromper o tráfego, mas depois de negociações com a PRF (Polícia Rodoviária Federal) liberaram novamente a passagem de veículos. Um helicóptero da Secretaria de Segurança Pública do Paraná sobrevoa o presídio. Por volta das 15h20, o efetivo no local, que contava com o Pelotão de Choque da PM, foi reforçado com a chegada de homens do BPFron, o Batalhão de Polícia de Fronteira do Estado. Na rebelião, que começou por volta das 7h deste domingo, os amotinados atearam fogo em colchões e subiram no telhado dos pavilhões, onde estenderam uma faixa do PCC. A energia elétrica foi cortada pela Copel (Companhia Paranaense de Energia Elétrica). Os presos reclamam de más condições do presídio e de uma suposta agressividade dos agentes. Eles exigem a presença de um desembargador do Tribunal de Justiça e da imprensa dentro do presídio. Um juiz da Comarca de Cascavel e a secretária de Justiça do Paraná, Maria Tereza Uille Gomes, estão no local tentando negociar com eles. Do lado de fora, centenas de familiares aguardam o desfecho do motim. Muitos rezam, enquanto outros choram. (Com Folhapress)