Só que lidar com esse sentimento não tarefa simples para todas as mulheres.
Há quem se conforte molhando o travesseiro, comendo uma caixa de bombons, ligando para a amiga para desabafar ou saindo por aí, disposta a pegar todos os caras que derem mole.
Segundo a psicóloga Eliete Amélia de Medeiros, idealizadora do site de relacionamento Eclipse Love essa carência pode se tornar crônica, principalmente quando a mulher tem grandes dificuldades de amar a si mesma e de não depositar no outro a sua felicidade e realização.
"Conhecer alguém à tarde e à noite mandar mensagem para ele dizendo que gostaria de um telefonema dele para dar boa noite e, não tendo retorno, pela manha mandar outra mensagem dizendo que sonhou com ele e está com saudades pode ser um exemplo de carência extrema. A mulher já fica colada e cobrando presença do outro antes mesmo de conquistar ou ter relacionamento", explica a especialista.
Outros exemplos de que a carência passou dos limites são quando a mulher sente pena de si mesma por estar sozinha no final de semana ou ficar ligando para amigas, parentes com muita frequência sem ter o que falar, apenas liga para falar com alguém porque está sozinha. "Para sermos amadas temos que começar a nos amar primeiro", afirma Eliete.
A professora Maria dos Santos, 40 anos, pensa que não existe apenas uma forma de acabar com esse sentimento. A mulher acaba encontrando uma solução de acordo com a causa. "Quando a falta é de alguém especial, é muito comum descontarmos a carência na comida, nos doces, principalmente. Se ouvimos só o corpo, ficamos com qualquer pessoa que vemos pela frente, mas certamente teremos que lidar com a ressaca moral no dia seguinte", pensa.
Nilda Campos, 53 anos, não sabia o que era sofrer de carência até que viu seu casamento de 30 anos se desfazer há dois anos e meio. O marido se interessou por outra mulher e decidiu sair de casa. "De repente tudo acabou, foi uma tristeza profunda", conta. Não só a relação como o contato também acabou. Quando o ex-marido vai visitar os filhos evita falar com ela.
Para evitar que a carência tomasse conta, Nilda passou a se enfiar de cabeça no trabalho. "Assim eu tento esquecer um pouco. Às vezes saio com as amigas para um barzinho e, recentemente, voltei a fazer aulas de dança de salão."
Nilda defende que recorrer a outras a atividades podem sim ajudar a lidar com a carência e ocupar a cabeça, mas pensa que nada disso resolve se a própria pessoa não quiser se ajudar. "Se a mulher não decidir que precisa se levantar, sair dessa, não adianta as amigas a chamarem para sair, para conversar. Elas podem, inclusive, se afastar!", lembra. A gente chora, sofre, mas precisa reunir forças para dar a volta por cima", completa.
Por Juliana Falcão (MBPress)