Isso porque o que se vê muito por aí são homens atendendo a todas as exigências da mulher para evitar brigas conjugais.
Segundo a terapeuta comportamental Ramy Arany, a fama de mandona da mulher começou durante o processo de emancipação. Ela passou a exercer sua independência e seu direito de "mandar" nas coisas e até nos maridos. Outro fato é que as mulheres nesse período já eram autoritárias, mas de forma velada. "Sendo assim, não acho que os homens estejam submissos à vontade da mulher, penso que hoje existe a permissão deles para que isto ocorra sem a necessidade de esconder. Acho que isto é um processo natural e não exatamente uma passividade."
Os homens tiraram dos seus ombros a obrigação de decidir tudo e passaram a compartilhar com suas parceiras. Só que a mulher tem mania de querer abraçar o mundo e, com essa mudança, reclamam que estão sobrecarregadas. Inclusive, em determinadas relações, elas chegam a assumir o papel de "mães" dos parceiros.
"Nesse caso, o parceiro apresenta um comportamento dependente da esposa, até mesmo para tomar decisões que muitas vezes deveriam partir dele. Com isso, o homem passa a exigir da parceira sua constante ajuda e monitoramento, chegando a ter que ser impulsionado por ela para trilhar seu próprio caminho", comenta Ramy. "Penso que é bastante cômoda esta relação, até mesmo para os dois", completa.
Há homens que dizem aceitar todas as exigências da mulher para evitar brigas, mas há os que sabem tirar muito proveito disso, já que encontram mais tempo, espaço e tranquilidade para viverem suas vidas pessoais. Para quê o parceiro vai criar problemas para ele mesmo e passar raiva e nervosismo se pode evitar tudo isto e viver a vida com mais paz? A própria terapeuta conta que viu homens com comportamentos completamente distintos quando estão com a esposa dentro da casa e quando estão sem ela e fora da casa.
"Este tipo de relação não é benéfico para nenhum dos dois. É uma relação de interesse. E acho que o limite é o ponto em que um ou outro desperta para este olhar, ou seja, quando o homem ou a mulher consegue perceber que isto não é saudável e que ambos não estão crescendo e sendo felizes como casal e com a relação", avalia Ramy.
Às vezes a mulher, ao assumir as rédeas da relação, pode erroneamente achar que dessa forma está segurando a relação, evitando que o homem a faça de boba e desperte a sua insegurança. É claro, não dá para generalizar, mas essa medida não traz nenhuma garantia do gênero. Até porque, na opinião da terapeuta, ninguém gosta de assumir o papel de mandão ou submisso a vida toda, ainda mais numa relação de casal.
"O próximo passo agora é o equilíbrio. Homem e mulher precisam aprender a viver em harmonia, em elo, um completando o outro. Uma relação conjugal deve se sustentar no amor, no respeito e no reconhecimento mútuo. É necessária a consciência de que uma vida a dois se sustenta a dois, a balança não deve pender para nenhum dos lados", orienta Ramy.
A terapeuta comportamental fez uma listinha de características bem genéricas que ajudam a definir a mulher mandona e o homem submisso. Será que você e seu parceiro se identificam com algumas delas?
Mulher mandona: personalidade forte, de opinião, ativa, independente, desconfiada, com dificuldades de compartilhar, de se entregar, que se sente ou se acha superior, que gosta de mandar, de fazer as coisas do seu jeito, possessiva, ciumenta, controladora, mais responsável, mais comprometida entre outros.
Homem submisso: de personalidade mais passiva, mais dependente, menos comprometido, mais aproveitador, mais desligado, mais fragmentado (dentro e fora do casamento), mais acomodado, mais esperto, mais oculto, mais focado nos seus interesses, mais amável, mais amoroso entre outros.
Juliana Falcão (MBPress) via Vila Mulher