O boletim semanal da dengue publicado nesta terça-feira (5) registra mais 3.725 casos da doença no Paraná, um aumento de 47% em relação aos números do informe anterior, de 29 de março.
O boletim traz mais de 52 mil notificações, com 11.678 confirmações verificadas no atual período sazonal da doença, que iniciou no dia 1º de agosto e segue até julho de 2022.
Dos 353 municípios que registraram notificações de dengue, 258 confirmaram a doença. Destes, 26 confirmaram seus primeiros casos autóctones no período, ou seja, a dengue foi contraída no município de residência dos pacientes. Nesta semana, não houve registro de óbito.
Diante do cenário atual, as equipes da Vigilância Ambiental da Secretaria da Saúde estão em alerta para o combate à proliferação do mosquito Aedes aegipty, transmissor da zika, chikungunya e dengue, doenças chamadas de arboviroses. A dengue é considerada endêmica em todo o Paraná. Várias ações estão sendo tomadas a fim de intensificar e implementar medidas de prevenção e controle, além daquelas já existentes.
Na próxima quarta-feira (13), a Secretaria da Saúde realizará uma reunião do Comitê Intersetorial de Controle da Dengue – primeiro encontro presencial desde o início da pandemia de Covid-19. O Comitê foi criado em 2019 com o objetivo de implementar ações de mobilização para a intensificação do combate à doença e é composto por 13 secretarias, autarquias e órgãos do Governo do Estado.
CAMPANHA – O Serviço Social do Comércio (Sesc/PR) e a Secretaria de Estado da Saúde também estão juntos na segunda edição da Campanha “Aqui o Mosquito Não Entra”. O intuito é conscientizar a população em uma força-tarefa contra o Aedes aegypti, transmissor da doença.
Uma das estratégias dessa parceria foi a criação de um aplicativo, em 2021, que pontua as várias ações realizadas nos municípios. Uma espécie de “jogo do bem”, em que os participantes, equipes, instituições de ensino e municípios que obtiverem a maior pontuação por eliminação do mosquito e criadouros serão premiados após o término da campanha. A iniciativa vai até 30 de abril.
Na primeira edição, em 2021, os 3.128 paranaenses de 249 municípios que participaram da campanha eliminaram 108.551 focos e criadouros do mosquito Aedes aegypti.
ÓBITOS – Duas pessoas já morreram em decorrência da dengue este ano no Estado: dois homens que residiam em Nova Esperança (Noroeste) e Arapongas (Norte).
TRANSMISSÃO – As arboviroses (dengue, zika e chikungunya) são transmitidas pela picada do Aedes aegypti. É necessário ficar atento a possíveis criadouros do mosquito e, assim, eliminar esses locais de risco para evitar a propagação das doenças. É fundamental que a pessoa identifique os sintomas das arboviroses para buscar o serviço de saúde para diagnóstico e tratamento adequado, o quanto antes.
Confira o boletim completo.
Por - AEN
O Governo do Paraná foi informado, nesta segunda-feira (04), que sua candidatura para integrar a Coalizão Under2 (Under2 Coalition) foi aprovada pelo Steering Group.
Com isso, o Estado passa a integrar a maior rede global de governos estaduais e regionais que se comprometem a realizar ações de adaptação e mitigação dos efeitos causados pelas mudanças climáticas.
Dentre os benefícios destinados aos participantes da coalizão, destaca-se o apoio técnico na elaboração de projetos, programas e ações de mitigação; possibilidade de contribuição e participação nos principais fóruns globais sobre mudanças climáticas, como a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (Conferência das Partes - COP); além de eventos como a Semana do Clima de Nova York, atualmente coordenada pelo secretariado da Under2 Coalition.
O Paraná também tem a possibilidade de participar de assinaturas de declarações de apoio e ações que visam amenizar esses impactos. “Essa conquista representa que o Paraná é oficialmente um Estado comprometido em reduzir as emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE)”, destaca o secretário do Desenvolvimento Sustentável e do Turismo, Everton Souza.
Uma das ações da pasta ambiental para incentivar a redução de GEE é o Selo Clima Paraná, reconhecimento que o Estado oferece todo ano a empresas que declaram suas emissões durante as atividades. Quanto mais detalhada a declaração, maior é seu reconhecimento, entre Original, Ouro e Ouro Plus.
O Estado ainda é signatário do Race To Zero, movimento das Nações Unidas para conter o aquecimento global, tem uma parceria estratégica com a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) para um estudo de caso sobre desenvolvimento sustentável – inclusive sendo reconhecido como exemplo global em relação aos ODS – e criou o primeiro comitê público-privado de ESG do Brasil, para discutir soluções com a iniciativa privada.
CONQUISTA – Com essa nova conquista, o Paraná agora faz parte de uma aliança formada por mais de 260 governos que representam 1,7 bilhão de pessoas e 50% da economia global. Todos, de acordo com o Steering Group, são comprometidos em atuar com alinhamento ao Acordo de Paris, que prevê manter o aumento da temperatura abaixo de 2 °C, e no esforço adicional para um máximo de 1,5 °C.
O Acordo é um tratado no âmbito da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima (CQNUMC), que rege medidas de redução de emissão de gases estufa a partir de 2020. Ele também visa o reforço da capacidade dos países de responder ao desafio em um contexto de desenvolvimento sustentável.
Segundo o diretor de Políticas Ambientais da Sedest, Rafael Andreguetto, o Paraná foi aceito nesse grupo por já conter políticas ambientais e climáticas, voltadas a este objetivo. “O Paraná tem pioneirismo nas ações ambientais e climáticas, tendo instituído o Fórum Paranaense de Mudanças Climáticas Globais em 2008 e a Política Estadual sobre Mudança do Clima em 2012, além de diversos programas e projetos que contribuem para o desenvolvimento sustentável e para a proteção ambiental”, destacou.
PREVENÇÃO – A adesão do Paraná à rede global também irá fortalecer e integrar ainda mais as ações do programa Sinais da Natureza. Desenvolvido em 2020, numa parceria entre a Sedest e o Simepar, o objetivo é desenvolver projetos e ações de prevenção, adaptação e mitigação dos efeitos das mudanças climáticas no território paranaense.
De acordo com o diretor-presidente do Simepar, Eduardo Alvim Leite, um aspecto presente no Sinais da Natureza é a busca do incremento da resiliência do meio ambiente e da sociedade paranaense aos impactos das mudanças climáticas, com destaque para os eventos hidrometeorológicos extremos e a ocorrência de desastres naturais.
“A abordagem que vem sendo implementada engloba o uso intensivo de ciência e tecnologia para análise das vulnerabilidades regionais existentes, instalação de infraestrutura moderna de monitoramento ambiental e estruturação de sistemas integrados de alerta e ação antecipada para mitigação dos impactos sociais, econômicos e ambientais associados”, destacou.
O programa conta com o envolvimento de diversos profissionais e busca parcerias e cooperações técnicas com outros órgãos e instituições de pesquisa, a fim de catalisar os projetos, ações, e principalmente, seus produtos. Voltado à pesquisa e ao desenvolvimento do tema mudanças climáticas, o programa é composto por 18 subprogramas agrupados em 5 módulos temáticos: políticas ambientais e adaptação; educação ambiental; ações de mitigação; mapeamento de vulnerabilidade, risco e resiliência; e estruturação do Plano Estadual de Mudanças Climáticas.
Por - AEN
Um dos polos da inovação no País, o Paraná foi escolhido para começar a usar a tecnologia 5G na Região Sul Brasil.
As primeiras antenas 5G Standalone, na frequência 2,3 GHz SA, foram ativadas pela operadora TIM nesta terça-feira (05) nas áreas do Parque Barigui e do Palácio Iguaçu, em Curitiba. O anúncio do lançamento foi feito pelo governador Carlos Massa Ratinho Junior em cerimônia com o prefeito de Curitiba, Rafael Greca, e o CEO da TIM Brasil, Alberto Griselli, na sede do Governo do Estado.
Com isso, clientes da operadora dessas regiões já podem usufruir da tecnologia, que chegará aos demais municípios paranaenses e evoluirá com a chegada do 5G SA em 3,5 GHz a partir de junho, conforme cronograma da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). A estimativa é que com o 5G a velocidade de navegação na internet seja 20 vezes maior do que a oferecida atualmente pelas bandas 4G.
“O Paraná é palco de um momento histórico ao ser pioneiro em receber essa tecnologia que vai transformar o mundo. É um momento de disruptura com tudo o que tínhamos. Nos sentimos honrados em termos sido escolhidos pela TIM, uma empresa que já é quase paranaense, e ao mesmo tempo, animados para criar novas soluções que consolidem o Estado como o mais moderno e inovador do País”, afirmou o governador.
Ratinho Junior lembrou que a opção da operadora de origem italiana por iniciar a aplicação do 5G pelo Paraná reforça o acerto nas decisões tomadas pelo Governo do Estado em busca da consolidação de um ambiente inovador. Citou como exemplo a elaboração do programa Descomplica Telecom, implementado no ano passado após aprovação na Assembleia Legislativa. “O Paraná e Curitiba são vanguarda”, disse.
Com a meta de buscar soluções para expandir as telecomunicações no Estado, o projeto partiu de propostas para resolver os principais gargalos da área, que dificultam o desenvolvimento e a competitividade internacional do Estado. O processo se baseou na melhoria da legislação, na segurança e no incremento da internet na área rural.
“Buscamos ainda lá atrás criar as condições necessárias para o sistema funcionar completamente no Paraná. E agora, com o 5G, é a população que vai ganhar, com a melhoria de serviços importantes como a telemedicina e a mobilidade”, disse. “Com nove ecossistemas regionais de inovação, 18 parques tecnológicos, sete universidades estaduais, quatro federais e mais da metade das cidades com polos universitários, o Paraná é hoje um dos líderes brasileiros em tecnologia e inovação”.
MASSIFICAÇÃO – Alberto Griselli explicou que a faixa de 3,5 GHz, adquirida pela TIM em leilão federal, será essencial para proporcionar alta velocidade e baixíssima latência para os usuários. Servirá também, disse ele, para massificar e revolucionar a adoção de soluções da Internet das Coisas (IoT) em vários setores fundamentais para alavancar a economia do País.
“A TIM tem investido fortemente na preparação da chegada do 5G, tecnologia que vai acelerar o processo de transformação digital nas cidades, estimular a geração de negócios e dar mais oportunidades aos brasileiros. A escolha de Curitiba como a primeira cidade do Sul a receber as antenas 5G Standalone da TIM reafirma nossa ligação histórica e cada vez mais consolidada com a cidade e com o Estado”, comentou o CEO da operadora.
A empresa havia anunciado, em março, a escolha da capital paranaense para o desenvolvimento do projeto “Cidade 5G”. O acordo de colaboração (MoU) com a Huawei foi assinado durante o Mobile World Congress, em Barcelona. A ideia é implementar redes 5G, prevendo a evolução da tecnologia, monitoramento de redes e aperfeiçoando a experiência do usuário. O acordo é válido por dois anos, podendo ser prorrogado, e os primeiros testes devem ser finalizados até dezembro de 2023.
“Curitiba mais uma vez saiu na frente para a implantação da nova tecnologia 5G. Uma inovação que será ainda mais válida quando se tornar um processo social, compartilhado com toda a sociedade”, ressaltou o prefeito Rafael Greca.
EMPRESA – A TIM lidera diferentes segmentos no Paraná. Atualmente, a operadora é líder do mercado de telefonia móvel no Estado, com 52,1% (6,9 milhões de clientes). A operadora também está à frente na cobertura 4G, presente em 100% das 399 cidades paranaenses e na rede da tecnologia 4.5G, já implantada em 235 municípios.
A TIM também saiu à frente, em Curitiba, com a oferta do 5G DSS (que utiliza o 5G sobre as frequências do 4G). A ativação dessa rede faz parte da estratégia da TIM – iniciada em 2019 – de proporcionar desde já aos clientes, sem custos adicionais, uma experiência diferenciada de conectividade, que agora deve evoluir com a chegada revolucionária do 5G no País.
PRESENÇAS – Participaram do lançamento o vice-governador Darci Piana; o secretário de Estado da Comunicação Social e Cultura, João Evaristo Debiasi; o diretor-presidente da Celepar, Leandro Moura; o vice-prefeito de Curitiba, Eduardo Pimentel; a presidente da Agência Curitiba de Desenvolvimento e Inovação, Cris Alessi; os deputados estaduais Guto Silva e Márcio Nunes; pela TIM, por vídeo, o vice-presidente institucional, Mário Girasole; o CTIO, Leonardo de Carvalho Capdeville; a diretora de relações com a imprensa, Alessandra Ber; e presencialmente o diretor comercial do Sul, Christian Krieger; o gerente institucional, Cléber Rodrigo Affanio; o diretor de engenharia Sul, Gláucio Fontana; e o gerente de engenharia Sul, Marcelinho Benthiem.
Por - AEN
Os interessados em participar da 5ª Conferência Estadual de Promoção da Igualdade Racial ainda podem se inscrever. Em formato híbrido, o evento acontecerá de sexta-feira (8) a domingo (11), em Maringá, para debater as principais questões da Igualdade Racial no Estado.
A programação incluirá palestras e oficinas sobre o racismo estrutural e as formas correlatas de discriminação étnico-racial, educação, meio ambiente, intolerância religiosa, população indígena, ciganos, além de segurança pública e desenvolvimento urbano. As inscrições podem ser feitas pelo site da Sejuf (AQUI).
A caravana da Promoção da Igualdade Racial, organizada e realizada pelo Consepir, percorreu 70 municípios do Estado para organizar as conferências municipais. Em cada cidade foram eleitos delegados e levantadas três propostas para serem levadas para a Conferência Estadual.
O presidente do Consepir, Saul Dorval, adianta algumas propostas que serão debatidas durante a Conferência Estadual, como a inclusão das histórias africana e indígena na grade curricular do ensino público do Paraná e o incentivo para as empresas contratarem pessoas negras. “O plano também prevê o combate à discriminação contra outras comunidades, como os ciganos, indígenas e quilombolas”, afirma.
A Conferência Estadual também vai tratar de questões como atendimento à saúde para os indígenas e apoio nas ações ambientais dos quilombolas.
O encontro terá participação da sociedade civil e de gestores públicos municipais, estaduais e federais, como o advogado Paulo Roberto, titular da Secretaria Nacional de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos.
PROGRAMAÇÃO – A abertura da Conferência será às 14h da sexta-feira (8), no Centro de Ação Cultural de Maringá (Av. XV de Novembro, 314). Em seguida, haverá apresentações culturais na Praça Renato Celidónio, com a participação de grupos folclóricos ciganos, indígenas, quilombolas, africanos e ucranianos. A mesa oficial está marcada para as 19h, no Auditório Hélio Moreira, anexo à Praça Municipal.
No sábado, entre às 9h e 17h, ocorrerá um encontro dos delegados para discutir e aprovar as demandas políticas identificadas nas conferências municipais, decidindo o que deverá ser implantado ou não nas políticas raciais do Estado.
Também haverá uma mostra paralela, aberta às 14h, para tratar de políticas públicas de igualdade racial, com a presença de representantes municipais que atuam em áreas como assistência social, direitos humanos e promoção de igualdade racial.
Já no domingo, a partir das 14h, acontece a plenária para aprovar o relatório final com as informações debatidas pelos conferencistas e delegados municipais.
Por - AEN
Com 15 regiões turísticas cadastradas e reconhecidas, o Paraná possui 210 cidades no novo Mapa do Turismo Brasileiro, divulgado pelo Ministério do Turismo. Isso quer dizer que 52% dos municípios do Estado estão dentro do radar nacional.
O Mapa é um instrumento que reúne municípios que adotam o turismo como estratégia de desenvolvimento e identifica necessidades de investimentos e de ações para a promoção do setor em cada região. No Brasil, são 2.542 cidades distribuídas em 322 regiões turísticas. Ou seja, o Paraná tem 8% das cidades do estudo.
“Integrar o Mapa do Turismo Brasileiro é imprescindível para ficar em consonância com os princípios da Política Nacional de Turismo e, assim, estar apto à captação de recursos do governo federal, o que nos auxilia a profissionalizar a gestão turística, além de estruturar e promover os destinos paranaenses”, destacou o secretário do Desenvolvimento Sustentável e do Turismo, Everton Souza.
Segundo o diretor-presidente da Paraná Turismo, Irapuan Cortes, a atividade turística vem se destacando, nos últimos anos, no crescimento e desenvolvimento da economia regional. “A Paraná Turismo entende como importantíssima a regionalização do turismo e por isso sensibilizou e incentivou os municípios através das IGRs, transformando-os em atores turísticos e fortalecendo o turismo regional do Estado”, disse.
Confira AQUI como ficou a distribuição dos Municípios nas 15 Regiões Turísticas do Paraná.
CADASTRO – Para se cadastrar, os municípios precisam atender aos critérios estabelecidos na Portaria Federal nº 41/2021. Um deles é possuir um órgão responsável pelo setor turístico e orçamento definido para investimentos. Também é necessário que as empresas e trabalhadores estejam registrados no Cadastur, a fim de certificar ao turista que o serviço é regularizado e confiável.
Além disso, o município precisa comprovar a existência de um Conselho Municipal de Turismo ativo e ter assinado um Termo de Compromisso com o Programa de Regionalização do Turismo (PRT). Por fim, as administrações públicas devem comprovar a existência de uma instância de governança regional no turismo, que pode ser conselho, associação, fórum ou comitê.
Ao longo de 2021, a Paraná Turismo, em parceira com as Instâncias de Governança Regionais (IGRs), realizou reuniões presenciais e virtuais com as 15 regiões turísticas para sensibilizar sobre a importância do Mapa do Turismo Brasileiro.
A ação vem ao encontro com a política de retomada do turismo do Governo do Estado. “Os encontros visam o fortalecimento da regionalização do turismo, além de tirar dúvidas e orientar os gestores regionais quanto ao processo de submissão das informações no Sistema de Informações do Mapa do Turismo Brasileiro (SISMapa)”, ressaltou Cortes.
Os municípios que não foram incluídos nesta primeira etapa ainda podem ajustar procedimentos ou complementar informações e integrar o Mapa do Turismo Brasileiro, que passou a ser contínuo. O Mapa anterior se referia ao período de 2019-2021. Agora, após a inclusão, o cadastramento do município tem validade de um ano.
Para visualizar o Mapa do Turismo 2022 clique AQUI.
Por - AEN
O olhar ganhou significados inéditos para Elaine Luzia dos Santos, 33 anos, estudante de Medicina da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste), após um Acidente Vascular Cerebral (AVC) que acarretou na perda dos movimentos e da fala, uma condição de tetraparesia.
Agora, Elaine se comunica com professores, colegas da turma, pacientes, familiares e amigos praticamente com o olhar. É a primeira pessoa com tetraparesia a cursar Medicina no Brasil.
Em 2012, quando ingressou no curso de Medicina no campus de Cascavel, Elaine já era formada em Farmácia pela mesma instituição estadual. Segundo ela, depois da conclusão do primeiro curso, em 2010, a Medicina parecia uma continuação natural. Para realizar o sonho, fez um ano de cursinho, que contribuiu para a aprovação no vestibular.
Durante a graduação, além das aulas curriculares, a estudante fazia parte de um grupo de pesquisa coordenado pelo professor e doutor Allan Araujo, coordenador do curso de Medicina. Além disso, pleiteava uma vaga no programa de Mestrado em Biociência da Unioeste. No entanto, no terceiro ano, em novembro de 2014, a estudante sofreu esse AVC, que levou a tetraparesia. Mesmo com todas as dificuldades, ela não perdeu a disposição para ir atrás dos seus sonhos, enfrentou e se adaptou à nova realidade.
Enquanto ainda estava na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), a estudante recebeu a visita de um colega de turma, que lhe apresentou uma ferramenta chamada “prancha alfabética”, que possibilitaria que ela falasse e se expresse, sem nem mesmo utilizar as cordas vocais. A ferramenta consiste em uma tabela, dividida em cinco linhas, cada uma contendo um grupo de letras. Para formar as palavras e frases, Elaine pisca quando a intérprete diz a letra necessária para a construção daquilo que quer comunicar.
O modelo original da ferramenta sofreu algumas alterações para otimizar o seu uso e facilitar a comunicação do cotidiano. Com estas pequenas mudanças no modelo, Elaine dominou e memorizou os grupos de letras em cerca de uma semana e dessa forma já podia se conectar de maneira mais eficaz com as pessoas ao seu redor.
APOIO PEDAGÓGICO – O retorno às atividades acadêmicas, em setembro de 2015, não foi uma tarefa fácil. A Unioeste, por meio do Programa de Educação Especial (PEE), acompanhou todo o processo. “Fizemos algumas reuniões com o colegiado e mostramos que ela tinha condições de concluir esse curso. A dedicação dela mostrou que era possível, inclusive convenceu a todos os docentes e os alunos do curso que é possível”, explica Ivã José de Paula, do PEE.
Elaine será a primeira médica do Brasil a se formar com a condição física que apresenta. De acordo com o coordenador do curso de Medicina, o colegiado buscou experiências de outras universidades em situações semelhantes, mas que foi difícil encontrá-las. “Nós fomos atrás de ver essas experiências, mas elas praticamente inexistem, são poucas no mundo com alunos de Medicina. Então, nós mesmos teríamos que ir atrás para resolver a situação”, comenta Araujo.
A fim de se adaptar para as necessidades apresentadas por Elaine, o curso buscou a Assessoria Jurídica para entender os procedimentos legais e as legislações que deveriam ser cumpridas a fim de formar a estudante, que sempre fez questão de participar de todas as atividades acadêmicas, tanto as de cunho teórico, como prático. Além das estruturas adaptadas, como uma sala especial, os procedimentos de avaliação foram remodelados.
“Existe uma legislação própria para alunos em condições especiais. A Elaine, por exemplo, não tinha condições de fazer um procedimento em um paciente, mas ela possui total capacidade de descrevê-lo. E as avaliações dela sempre foram muito boas, o aproveitamento dela foi muito satisfatório durante toda a graduação”, diz Araujo.
Para atender a estudante nas aulas online e presenciais, nos atendimentos dentro do Hospital Universitário do Oeste do Paraná (HUOP) e nas visitas aos pacientes, a Unioeste disponibiliza docentes de atendimento educacional especializado. Já estiveram com Elaine as pedagogas Vanderlize Simone Dalgalo, Aline Cristina Paro, Graciolinda Santana da Rosa, Silvia Elaine Bertuol, Letícia Nunes Goulart, Marciana Pelin Kliemann e quem acompanha ela hoje são Clarice Fabiano Costa Palavissini e Michele Lopes Leguiça, que está com Elaine há um mês.
Michele, que veio do Rio Grande do Sul especialmente para trabalhar com Elaine, destaca como a força de vontade e a dedicação da estudante fizeram ela ser incluída no ambiente acadêmico, participando de todas as atividades de maneira regular e tendo um bom relacionamento com professores e colegas. “A persistência, a força e a vontade dela fizeram com que ela se comunicasse muito bem. Ela se faz entender, não apenas com os olhos, mas também com o corpo”, explica.
E aos poucos a estudante foi sendo inserida em algumas matérias. "Ela não sabia em quanto tempo ia conseguir terminar o curso, mas ela foi realizando uma após a outra e nunca desistiu”, destaca a irmã de Elaine, Elionésia Marta dos Santos. “Hoje a gente olha para ela na reta final do curso e é surreal, como se fosse uma história que estão me contando, tantos altos e baixos, tantas dúvidas que realmente a gente fica mais do que feliz”.
INSPIRAÇÃO – E todos que convivem com Elaine destacam a inspiração. “Ela não sente o tamanho da proporção, a gente ficou no pé dela falando para mostrar a história dela porque é incentivadora, mas para ela é normal, ela escolheu ser normal”, diz Isabella Alves Pereira, cuidadora da estudante.
Mesmo durante o período da pandemia ela optou por continuar as atividades no HUOP. O colegiado ficou muito preocupado com a situação da estudante, que faz parte do grupo de risco e teria que desenvolver atividades dentro de um hospital cheio de pacientes. Entretanto, mais uma vez, a acadêmica não se deixou vencer.
Enquanto exerceu o trabalho de supervisão das atividades de Elaine no HUOP, a professora Rubia Bethania percebeu que a inclusão da estudante no processo foi natural. “No internato de atendimento dos pacientes a gente trata tudo com muita naturalidade, a Elaine está inserida em um contexto de ensino com muita naturalidade, como as coisas devem acontecer. Ela tem a questão intelectual muito apurada e é muito inteligente, as limitações são apenas de mobilidade, então criamos uma dinâmica para que pudéssemos inseri-la com a maior naturalidade”, explica.
A docente comenta que no início tinha receio de como seria construída a relação entre as duas. “Eu tinha um pouco de medo em saber como ela iria se abrir comigo. Eu precisava deixá-la à vontade e desenvolver laços, pois eu iria ficar muito tempo com ela, além de ajudá-la a se locomover e a se posicionar na cadeira. Eu precisava entender qual era o limite dela. E ela me ensina todos os dias a perceber o olhar de uma maneira diferente, a perceber como ele possui diferentes significados”, complementa.
ATUAÇÃO NA MEDICINA – Com a colação de grau marcada para maio, a estudante já escolheu a área em que vai se especializar e que se vê atuando no futuro: radiologia, na produção de laudos médicos. A escolha preza pela independência na hora da atuação profissional. “É uma área na qual eu posso atuar usando todo o meu conhecimento sem depender tanto das pessoas”, diz.
Durante os anos de graduação, o que mais marcou a estudante foi a relação que ela teve com os pacientes durante as aulas práticas e estágios. “O que mais recordo é o carinho com que os pacientes me tratam. Eles me incentivam todos os dias a continuar”, comenta.
Elaine é uma grande inspiração também para o irmão, Mário Lucas do Santos, que é médico. “É até difícil descrever. Ela é uma pessoa fora de série, desde antes do AVC ela sempre foi uma pessoa alegre e que busca excelência em tudo que faz. Eu confio cem por cento no diagnóstico que ela faz, inclusive quando eu estou em dúvida em algum caso a gente conversa junto e até discutimos”, aponta.
Por - Agência Brasil








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