"Eu tinha 18 anos e fazia jornalismo na PUC do Rio quando meu pai foi transferido para a Bélgica. Como gostava de pintar, o momento parecia perfeito para mergulhar nesse universo. Assim, me inscrevi numa escola de artes em Lausanne, na Suíça. Era a primeira vez que ficaria sozinha, por conta própria. O ano era 1958.
Cheguei ao Instituto Athenaeum e imediatamente fui à secretaria me apresentar. Notei um rapaz na sala que não parava de me olhar. De rabo de olho, vi que era um loiro, bonitão. Gostei. Depois disso, sorríamos um para um outro sempre que cruzávamos nos corredores. Até que tomei coragem e chamei o moço para um café depois da aula.
Raymond era suíço de Neuchâtel, tinha acabado de completar 19 anos e cursava arquitetura. Nesse primeiro encontro, falamos sobre a minha viagem, o Brasil, arte e música. Ele me perguntou se poderia me chamar de Mitsouko, que era o perfume da Guerlain que eu usava na época. Claro que sim.
O passeio virou nossa rotina nas duas semanas que se seguiram. Todos os dias, ele me esperava na porta da classe e, de mãos dadas, descíamos as ladeiras da cidade. Tomávamos um café, ele me levava para a pensão onde eu morava e pegava o trem de volta para casa. Sem tempo a perder, resolvi fazer logo o teste do beijo. Roubei um selinho dele enquanto nos despedíamos. Uma delícia.
Durante seis meses, vivi um sonho. Passar os dias fazendo arte com aquele homem ao lado era tudo o que eu podia querer. Diferentemente da que havia deixado no Brasil, nossa relação não tinha joguinhos, era perfeita. Ele era romântico, atencioso. Um lorde. Mas a comissão brasileira da qual meu pai fazia parte estava voltando ao Brasil e eu precisava acordar. Raymond faria o serviço militar no ano seguinte, não poderia pensar em sair da Suíça tão cedo. E eu, não tinha como manter a vida cara da Europa.
Nunca vou me esquecer do dia em que Raymond me deixou na estação. Parecia cena de filme. O trem seguindo, e eu vendo sua imagem diminuir de tamanho até sumir de vez. No começo, eu escrevia para ele toda semana. Mandava fotos, desenhos. Mas as cartas demoravam a chegar, isso quando chegavam. Comecei a ficar deprimida. Só pensava em trabalhar para poder comprar uma passagem para a Suíça. Como tudo que sabia fazer era falar francês e inglês, fui fazer um curso de datilografia. Três meses depois, consegui um emprego de secretária tradutora, e me matriculei no curso de artes plásticas do Instituto de Belas Artes.
"Nunca vou me esquecer do dia em que Raymond me deixou na estação. Parecia cena de filme. O trem seguindo, e eu vendo sua imagem diminuir de tamanho até sumir de vez"
Minha comunicação com Raymond estava cada vez mais espaçada. Sentia falta de uma atitude dele, de dizer ‘estou indo para o Brasil!’. Precisava ter algum sinal de que ficaríamos juntos outra vez. Foi quando reencontrei Samuel, velho amigo do grupo de escoteiros, que conhecia desde os 15 anos. Ele estava noivo, mas declarou seu amor e começamos então a namorar. Meu pai me fez terminar com Raymond por carta. E nunca mais tivemos notícias um do outro.
Aos 22 anos, me casei com Samuel. Logo nos mudamos para São Paulo, e tivemos três filhos: Carlos, Luis e Isabela. Éramos muito amigos, companheiros. Mas depois de 16 anos nossas diferenças começaram a aparecer. Ele havia virado um grande homem de negócios, queria uma mulherzinha em casa fazendo biscoitos. E eu, era uma artista intelectual. A primeira coisa que fiz depois que entrei para a análise foi me separar.
Meses depois conheci Paulo. Ele era cunhado de uma amiga, também tinha três filhos e estava separado havia pouco tempo. Eu já estava com tudo pronto para voltar para o Rio, quando ele me falou: ‘Você não vai gostar de lá, as coisas mudaram muito’. ‘Então me peça para ficar’, retruquei. Paulo foi até a banca, comprou um jornal e começou a procurar um apartamento para morarmos juntos. O pedido de casamento veio depois de 40 dias. Criamos juntos nossas seis crianças. Dez anos depois, ele fugiu com a secretária e nunca mais apareceu.
Eu tinha 49 anos quando, definitivamente, tomei as rédeas da minha vida. Até então, havia mantido quase que uma vida paralela de artista plástica. Deixava os filhos na escola e ia para o ateliê, fazia exposições, estudava. Mas ainda não me sentia independente. O divisor de águas foi o curso de terapia artística que me transformou na profissional que sou. Naquele período, me dei conta de que não precisava mais de um marido, mas acabei reencontrando meu psicanalista, que havia me ajudado no meu primeiro divórcio, e resolvemos ficar juntos. Ele foi um professor, um mestre para mim. Ficamos juntos por 12 anos, até ele morrer.
Cansada dos homens, decidi focar na minha profissão, na minha família e nos meus netos. Brincava dizendo: ‘Se vocês me encontrarem lavando cueca e dobrando meia de homem, podem me internar, porque devo estar doida’. Não passava pela minha cabeça casar novamente.
Um belo dia, encontrei um envelope amarelo no meio das correspondências, na porta do ateliê. A princípio, achei que era propaganda eleitoral. Depois, vi que o o selo era da Suíça e pensei que era da minha melhor amiga, Stella, que mora lá. Demorei alguns minutos para abrí-lo. Quando o fiz, o choque: era de Raymond, o suíço com quem havia namorado 55 anos antes.
‘Colombier, 11 de maio de 2014. Em 1958, em Lausanne, tive a oportunidade de conhecer uma charmosa brasileira. Ela morava no número 2 da Av. Ruchonnet. Eu tinha o prazer de chamá-la pelo nome do delicioso perfume da Guerlain, que lhe caía tão bem: Mitsouko... Durante alguns meses ela frequentou a mesma escola que eu, o Instituto Athenaeum. Seu pai teve a honra de representar o Brasil na Exposição Universal de Bruxelas. Portanto, se meu nome e estas palavras têm algum significado para você, tenha a gentileza de me confirmar. Parece-me que esta poderia ser uma ocasião maravilhosa de simplesmente trocarmos algumas palavras, algumas memórias. P.S.: Lhe envio esta carta como quem lança uma garrafa ao mar!’.
Enquanto lia aquelas palavras, meu corpo tremia todo. Tinha a sensação de que ele iria se materializar na minha frente. Eu poderia esperar tudo, menos uma carta do Raymond. Durante todos aqueles anos, me perguntava o que teria sido de sua vida. Quando aprendi a mexer no computador, havia buscado por ele algumas vezes. Não podia ser verdade.
Nervosa, liguei para minha filha, Isabela, e em seguida para Stella. Não sabia o que fazer, o que pensar. Será que ele estava me procurando para algum encontro da escola de artes? O que ele queria comigo? Será que era algum stalker? Verdade é que aquele era o único homem que ainda mexia comigo.
"Enquanto lia aquelas palavras, meu corpo tremia todo. Eu poderia esperar tudo, menos uma carta do Raymond"
Isabela me convenceu a responder, argumentando que eu não tinha nada a perder. Eu tinha tanta vontade quanto medo. Mas tomei coragem. Depois de dois dias completamente perturbada, me sentei na frente do computador, olhei para o endereço de e-mail que constava no fim da carta e comecei a digitar. Estava nervosa demais para escrever qualquer coisa. Mas respirei fundo.
Comecei dizendo que, sim, a carta na garrafa havia chegado à praia certa. Depois, questionei o porquê daquele contato após 55 anos. No dia seguinte, recebi a resposta: ‘Porque nunca te esqueci!’. Meu coração disparou. Começamos a conversar virtualmente.
Raymond me contou que, casado uma única vez, por 40 anos, sua mulher tinha morrido de câncer havia alguns meses. E, arrumando as gavetas, tinha encontrado um isqueiro que eu havia dado de presente para ele em 1958, com uma foto minha, e resolveu me procurar. Para isso, foi até o Consulado de Genebra, na Suíça, que o aconselhou a checar as telelistas. Tentou primeiro a do Rio de Janeiro. Em seguida, a de São Paulo, onde eu morava. A sorte é que eu estava usando meu nome de solteira: Mary Porto. Ele então encontrou dois endereços e mandou a mesma carta amarela para ambos.
Ficamos o mês todo conversando por e-mail e Skype. Até que Raymond tomou a atitude que tanto havia desejado. ‘Vou à sua exposição’, disse. Tomei um susto danado. Como explicaria para minha família que um namorado do passado ficaria alguns dias em casa? A vida resolveu por mim: quando foi comprar os bilhetes, ele descobriu que seu passaporte estava vencido e renovar os documentos demoraria um bocado. Então, me ofereci para visitá-lo nas férias de julho. Ele adorou a ideia e disse que poderia me hospedar na casa dele, em um quarto separado, para me deixar confortável.
Isabela programou toda minha viagem sem dizer nada a ninguém. Uma semana antes de embarcar, no entanto, resolvi contar a novidade para meus outros filhos e netos, que acharam aquilo absurdo. Voei para a Suíça morrendo de medo. No avião, me pegava pensando na loucura que estava fazendo.
Cheguei ao aeroporto de Zurique e lá estava ele. Casaco preto de couro, cabelo branco… Bonitão, como sempre. Nos abraçamos longamente. Antes de dirigir duas horas para casa, paramos para comer e conversar. Dez dias depois, estávamos na cama e, como um raio, ele se levantou. Nu, sacou um anel e o colocou no meu dedo. Aos 74, eu me casava pela quarta vez.
Estamos juntos há oito anos, nos revezando entre o Brasil e a Suíça. Não fazemos planos para o futuro. Nosso combinado é viver o hoje, felizes e juntos. A essa altura da vida, entendi, com Raymond, que o amor não envelhece. Ao contrário, é a fonte da eterna juventude.”
"A essa altura da vida, entendi, com Raymond, que o amor não envelhece. Ao contrário, é a fonte da eterna juventude"
Por - Marie Claire
O Brasil tem 3,4 mil pontos de recebimento de produtos eletrônicos para reciclagem.
Esses pontos viabilizam a logística reversa e a destinação ambientalmente correta dos equipamentos já sem uso e estão presentes em todos os estados brasileiros, segundo a Associação Brasileira de Reciclagem de Eletroeletrônicos e Eletrodomésticos (Abree). Também já há 21 centrais de logística reversa em capitais, com a cobertura para mais de 1,5 mil municípios.
A regulamentação para reciclagem e logística reversa do setor de eletroeletrônicos e eletrodomésticos foi publicada há dois anos, com o Decreto 10.240, o que impulsionou o processo no Brasil, segundo o presidente da Abree, Sergio de Carvalho Mauricio.
De acordo com ele, a logística reversa começa a partir da decisão consciente do consumidor, cujo produto eletroeletrônico ou eletrodoméstico não tem mais serventia, de descartar o equipamento em um local adequado. “É aí que começa o processo da logística reversa, com essa atitude do consumidor final de descartar de maneira responsável, permitindo que esse produto possa seguir o caminho da reciclagem”, disse Mauricio.
Reinserção na cadeia
A Abree se encarrega de efetuar a remoção dos equipamentos descartados nos pontos de recebimento, transportando-os até os recicladores ou empresas de manufatura reversa. “São aquelas que vão pegar o eletroeletrônico, proceder à sua desmontagem de maneira responsável, tanto do ponto de vista ambiental como trabalhista, e garantindo que isso não vai oferecer risco para o meio ambiente nem para os trabalhadores”, explica Mauricio.
“Todos os materiais (metais, plásticos, vidros) que compõem o eletroeletrônico acabam sendo separados, segregados, picados e se tornam matéria-prima para que possam ser reinseridos no processo produtivo”, completa.
Esse processo, segundo o presidente da Abree, traz grande benefício para a sociedade como um todo. “Primeiro, porque a gente evita que materiais tenham uma destinação que sejam lixões, aterros sanitários ou, pior ainda, que vão parar nas praias, rios, terrenos baldios. Outro benefício trazido pela reciclagem e logística reversa para o meio ambiente é que, quando essas matérias-primas são reaproveitadas em uma cadeia produtiva, os fabricantes deixam de comprar matérias-primas virgens que, muitas vezes, são recursos não renováveis e, de certa forma, acabam comprometendo, ou podem vir a comprometer, o meio ambiente”.
Na avaliação de Mauricio, essa cadeia da logística reversa tem outro ponto positivo que é a movimentação de pessoas, desde catadores, cooperativas, que fazem a coleta desses materiais, transportadores e, por fim, as pessoas que trabalham nessa logística reversa, gerando empregos e renda.
A Abree é uma entidade sem fins lucrativos, mantida por 54 empresas fabricantes e importadoras do setor de eletroeletrônicos. Além do esforço de catadores, cooperativas, varejistas e transportadoras, o presidente da Abree observou que é necessário também que haja conscientização do consumidor final sobre a importância do descarte ambientalmente correto.
Coleta
Em 2021, primeiro ano de implantação do sistema de logística reversa no setor de eletroeletrônicos e eletrodomésticos, a Abree coletou 1,245 milhão de quilos de equipamentos no país.
“Todos esses produtos são destinados de maneira ambientalmente correta, com certificados de destinação final por empresas registradas nos órgãos ambientais.”
Para 2022, a intenção é aumentar esse número e enfrentar um outro desafio: o trabalho de conscientização do cidadão brasileiro.
A associação tem feito pesquisas em conjunto com universidades para entender o comportamento do consumidor em relação à destinação final de eletroeletrônicos.
Segundo Mauricio, o brasileiro sabe da existência da reciclagem, mas não atua em favor dela.
“Se cada um, mídia, associações, fabricantes de produtos, comerciantes, puder levar um pouco mais de informação e conscientização para o consumidor, eu acho que, em conjunto, nós conseguimos acelerar essa mudança de coletar que, com certeza, vai deixar o país muito melhor para as próximas gerações”, destaca Mauricio.
Fundada em 2011, a Abree tem o intuito de definir e realizar a gestão da logística reversa de produtos eletroeletrônicos e eletrodomésticos pós-consumo no Brasil, garantindo a destinação final adequada. A associação é responsável pela contratação, fiscalização e auditoria dos serviços prestados por terceiros, para a implementação de sistemas coletivos de logística reversa.
Por - Agência Brasil
No Brasil, 4% dos resíduos sólidos que poderiam ser reciclados são enviados para esse processo, índice muito abaixo de países de mesma faixa de renda e grau de desenvolvimento econômico, como Chile, Argentina, África do Sul e Turquia, que apresentam média de 16% de reciclagem, segundo dados da International Solid Waste Association (ISWA).
“Nós estamos quatro vezes menos que esses países. Temos que acelerar”, afirmou o presidente da instituição, Carlos Silva Filho, que também é diretor-presidente da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe).
Em relação aos países desenvolvidos, o caminho a percorrer é ainda mais longo. Na Alemanha, por exemplo, o índice de reciclagem alcança 67%. “O Brasil está 20 anos atrasado em relação a esses países”, afirmou Silva Filho.
Embora o país tenha grande potencial para aumentar a reciclagem, diversos fatores mantêm esses índices estagnados, a começar pela falta de conscientização e de engajamento do consumidor na separação e descarte seletivo de resíduos. Também é preciso destacar a falta de infraestrutura das prefeituras para permitir que esses materiais retornem para o ciclo produtivo, com potencial de recuperação.
“Faltam unidades para descarte separado, coleta seletiva; faltam unidades de triagem; e, por fim, eu diria que falta uma estrutura fiscal tributária para permitir que esse material reciclável seja atrativo para a indústria”, explicou Silva Filho.
O Dia Nacional da Reciclagem, lembrado neste domingo (5), visa a conscientizar a população sobre a relevância da coleta seletiva, que faz a separação e destinação de materiais para reciclagem e reaproveitamento, de modo a diminuir os impactos causados ao meio ambiente pelo descarte incorreto de produtos.
Secos e orgânicos
Os materiais recicláveis secos representaram 33,6% do total de 82,5 milhões de toneladas anuais de resíduos sólidos urbanos (RSU) produzidos durante o período da pandemia da covid-19, nos anos de 2020 e 2021. De acordo com o Panorama dos Resíduos Sólidos 2021, divulgado pela Abrelpe, o Brasil contabilizou 27,7 milhões de toneladas anuais de resíduos recicláveis.
Embora os materiais recicláveis secos tenham ampliado sua participação no total de resíduos sólidos urbanos (saindo de 31,7% em 2012 para 33,6% na última pesquisa), a fração orgânica permanece predominando como principal componente, com 45,3%, o que representa pouco mais de 37 milhões toneladas/ano.
De acordo com a pesquisa, os resíduos recicláveis secos são compostos principalmente pelos plásticos (16,8%, com 13,8 milhões de toneladas por ano), papel e papelão (10,4%, ou 8,57 milhões de toneladas anuais), vidros (2,7%), metais (2,3%) e embalagens multicamadas (1,4%). Os rejeitos, por sua vez, correspondem a 14,1% do total e contemplam, em especial, os materiais sanitários, não recicláveis. Em relação às demais frações, a sondagem mostra que os resíduos têxteis, couros e borrachas detêm 5,6% e outros resíduos, 1,4%.
A pesquisa da Abrelpe sinaliza que iniciativas de coleta seletiva foram registradas em mais de 74% dos municípios brasileiros, mas ainda de forma incipiente em muitos locais, o que reflete na sobrecarga do sistema de destinação final e na extração de recursos naturais, muitos já próximos do esgotamento. O levantamento mostra que quase 1.500 municípios não contam com nenhuma iniciativa de coleta seletiva.
Material | Quantidade (t/ano) | Quantidade (t/dia) |
Plásticos | 37.962,12 | |
Papel e Papelão | 23.500,36 | |
Vidro | 6.101,06 | |
Metais | 5.197,20 | |
Embalagens multicamadas | 3.163,51 |
Perdas
A falta de reciclagem adequada do lixo tem gerado uma perda econômica significativa para o país. Levantamento feito pela Abrelpe em 2019 mostrou que somente os recicláveis que vão para lixões levam a uma perda de R$ 14 bilhões anualmente, que poderiam gerar receita e renda para uma camada de população que trabalha com essa atividade.
“Além do que deixariam de ir para os lixões e, portanto, não causariam os problemas ambientais que os lixões causam”, destacou Carlos Silva Filho.
O presidente da Abrelpe afirmou que, nos últimos anos, houve um movimento positivo de regulação do setor por parte do Poder Público. Em abril deste ano, por exemplo, foi publicado decreto federal que criou o Programa Recicla+, de créditos para a reciclagem e de estímulo a esse mercado.
Ele lembrou ainda da aprovação, em abril passado, do Plano Nacional de Resíduos Sólidos (Planares), que trouxe metas para os próximos 20 anos para a reciclagem de materiais, valorização, aproveitamento de resíduos. “Acho que, agora, a gente tem o arcabouço completo para esse setor avançar. Precisamos, realmente, fazer disso uma realidade, transformar tudo isso que está à disposição do mercado em números que venham refletir a reciclagem”, afirmou Silva Filho.
O Planares determina o aumento crescente da recuperação de resíduos e estabelece meta de 50% de aproveitamento, em 20 anos. Assim, metade do lixo gerado passará a ser valorizado por meio da reciclagem, compostagem, biodigestão e recuperação energética.
Já o Certificado de Crédito de Reciclagem (Programa Recicla+) é uma parceria entre os ministérios do Meio Ambiente e Economia e visa fomentar injeção de investimentos privados na reciclagem de produtos e embalagens descartados pelo consumidor.
Por - Agência Brasil
O trauma naturalmente causado por uma pandemia acaba por deixar muitas pessoas preocupadas quando veem, logo em seguida, alertas sobre o surgimento de uma doença em locais onde antes ela não era detectada.
É o que ocorreu após notícias de que humanos se contaminaram com a chamada varíola dos macacos, doença que é endêmica em países africanos. Mas sua disseminação para países não endêmicos, como na Europa e nos Estados Unidos, causou apreensão. Até agora, existem mais de 200 casos confirmados ou suspeitos em cerca de 20 países onde o vírus não circulava anteriormente.
Diante dessa situação, a Agência Brasil consultou fontes e especialistas para elucidarem eventuais dúvidas sobre o que é a varíola dos macacos, bem como sobre sintomas, riscos, formas de contágio e sobre o histórico dessa doença que recentemente tem causado tanta preocupação nas pessoas.
Médico infectologista do Hospital Universitário de Brasúlia (UnB), André Bon trata de tranquilizar os mais preocupados. “De maneira pouco frequente essa doença é grave. A maior gravidade foi observada em casos de surtos na África, onde a população tinha um percentual de pacientes desnutridos e uma população com HIV descontrolado bastante importante”, explica o especialista.
Segundo ele, no início dos anos 2000 houve um surto da doença nos Estados Unidos. “O número de óbitos foi zero, mostrando que, talvez, com uma assistência adequada, identificação precoce e manejo adequado em uma população saudável, não tenhamos grandes repercussões em termos de gravidade”.
O grupo que corre maior risco são as crianças. Quando a contaminação abrange grávidas, o risco de complicações é maior, podendo chegar a varíola congênita ou até mesmo à morte do bebê.
Uma publicação do Instituto Butantan ajuda a esclarecer e detalhar o que vem a ser a varíola dos macacos. De acordo com o material, a varíola dos macacos é uma “zoonose silvestre” que, apesar de em geral ocorrer em florestas africanas, teve também relatos de ocorrência na Europa, nos Estados Unidos, no Canadá, na Austrália e, mais recentemente, na Argentina.
Histórico e ocorrências
A varíola dos macacos foi descoberta pela primeira vez em 1958, quando dois surtos de uma doença semelhante à varíola ocorreram em colônias de macacos mantidos para pesquisa. O primeiro caso humano dessa variante foi registrado em 1970 no |Congo. Posteriormente, foi relatada em humanos em outros países da África Central e Ocidental.
“A varíola dos macacos ressurgiu na Nigéria em 2017, após mais de 40 anos sem casos relatados. Desde então, houve mais de 450 casos relatados no país africano e, pelo menos, oito casos exportados internacionalmente”, complementa a publicação recentemente divulgada pelo instituto.
Segundo o instituto, entre 2018 e 2021 foram relatados sete casos de varíola dos macacos no Reino Unido, principalmente em pessoas com histórico de viagens para países endêmicos. “Mas somente este ano, nove casos já foram confirmados, seis deles sem relação com viagens”.
Casos recentes
Portugal confirmou mais de 20 casos, enquanto a Espanha relatou pelo menos 30. Há também pelo menos um caso confirmado nos Estados Unidos, no Canadá, na Alemanha, na Bélgica, na França e na Austrália, segundo a imprensa e os governos locais, conforme informado pelo Butantan.
“Neste possível surto de 2022, o primeiro caso foi identificado na Inglaterra em um homem que desenvolveu lesões na pele em 5 de maio, foi internado em um hospital de Londres, depois transferido para um centro especializado em doenças infecciosas até a varíola dos macacos ser confirmada em 12 de maio. Outro caso havia desenvolvido as mesmas lesões na pele em 30 de abril, e a doença foi confirmada em 13 de maio”, informou o Butantan.
Mais quatro casos foram confirmados pelo governo britânico no dia 15 de maio, e, no dia 18, mais dois casos foram informados – nenhum deles envolvendo alguém que tivesse viajado ou tido contado com pessoas que viajaram, o que indica possível transmissão comunitária da doença.
Dois tipos
De acordo com o instituto, esse tipo de varíola é causada por um vírus que infecta macacos, mas que incidentalmente pode contaminar humanos. “Existem dois tipos de vírus da varíola dos macacos: o da África Ocidental e o da Bacia do Congo (África Central). Embora a infecção pelo vírus da varíola dos macacos na África Ocidental às vezes leve a doenças graves em alguns indivíduos, a doença geralmente é autolimitada (que não exige tratamento)”, explica o instituto.
André Bon descreve essa varíola como uma “doença febril” aguda, que ocorre de forma parecida à da varíola humana. “O paciente pode ter febre, dor no corpo e, dias depois, apresentar manchas, pápulas [pequenas lesões sólidas que aparecem na pele] que evoluem para vesículas [bolha contendo líquido no interior] ate formar pústulas [bolinhas com pus] e crostas [formação a partir de líquido seroso, pus ou sangue seco]”.
De acordo com o Butantan, é comum também dor de cabeça, nos músculos e nas costas. As lesões na pele se desenvolvem inicialmente no rosto para, depois, se espalhar para outras partes do corpo, inclusive genitais. “Parecem as lesões da catapora ou da sífilis, até formarem uma crosta, que depois cai”, detalha. Casos mais leves podem passar despercebidos e representar um risco de transmissão de pessoa para pessoa.
Transmissão e prevenção
No geral, a varíola dos macacos pode ser transmitida pelo contato com gotículas exaladas por alguém infectado (humano ou animal) ou pelo contato com as lesões na pele causadas pela doença ou por materiais contaminados, como roupas e lençóis, informa o Butantan. Uma medida para evitar a exposição ao vírus é a higienização das mãos com água e sabão ou álcool gel.
O médico infectologista do HUB diz que a principal forma de prevenção dessa doença – enquanto ainda apresenta “poucos casos no mundo” e está “sem necessidade de alarde” – tem como protagonistas autoridades de saúde. “Elas precisam estar em alerta para a identificação de casos, isolamento desses casos e para o rastreamento dos contatos”, disse.
“Obviamente a utilização de máscaras, como temos feitos por causa da covid-19 por ser doença de transição respiratória por gotículas e evitar contato com lesões infectadas é o mais importante nesse contexto”, enfatiza Bon ao explicar que a varíola dos macacos é menos transmissível do que a versão comum.
O Butantan ressalta que residentes e viajantes de países endêmicos devem evitar o contato com animais doentes (vivos ou mortos) que possam abrigar o vírus da varíola dos macacos (roedores, marsupiais e primatas). Devem também “abster-se de comer ou manusear caça selvagem”.
O período de incubação da varíola dos macacos costuma ser de seis a 13 dias, mas pode variar de cinco a 21 dias, conforme relato do Butantan. Por isso pessoas infectadas precisam ficar isoladas e em observação por 21 dias.
Vacinas
André Bon explica que as vacinas contra varíola comum protegem também contra a varíola dos macacos. Ele, no entanto, destaca que não há vacinas disponíveis no mercado neste momento.
“Há apenas cepas guardadas para se for necessário voltarem a ser reproduzidas. Vale lembrar que a forma como a vacina da varíola era feita antigamente não é mais utilizada no mundo. Era uma metodologia um pouco mais antiga e atrasada. Hoje temos formas mais tecnológicas e seguras de se fazer a vacina, caso venha a ser necessário”, disse o médico infectologista.
Bon descarta a imediata necessidade de vacina no atual momento, uma vez que não há número de casos que justifiquem pressa. “O importante agora é fazer a observação de casos suspeitos”, disse.
O Butantan confirma que a vacinação contra a varíola comum tem se mostrado bastante eficiente contra a varíola dos macacos. “Embora uma vacina (MVA-BN) e um tratamento específico (tecovirimat) tenham sido aprovados para a varíola, em 2019 e 2022, respectivamente, essas contramedidas ainda não estão amplamente disponíveis”.
“Populações em todo o mundo com idade inferior a 40 ou 50 anos não tomam mais a vacina, cuja proteção era oferecida por programas anteriores de vacinação contra a varíola, porque estas campanhas foram descontinuadas”, informou o instituto.
Por - Agência Brasil
Chamado de Ross 508 b, exoplaneta tem 4 vezes a massa terrestre e está a 36,5 anos-luz de distância de sua estrela
Representação artística de uma Super-Terra orbitando uma estrela anã vermelha (Foto: Gabriel Pérez Díaz, SMM/IAC)
Uma superterra foi detectada orbitando uma estrela anã vermelha perto de uma zona habitável, a 36,5 anos-luz de distância. O registro é um resultado inédito de uma pesquisa com o Telescópio Subaru do Observatório Astronômico Nacional do Japão (NAOJ), localizado no Havaí.
A descoberta, que ainda deve ser revisada por pares, foi disponibilizada na terça-feira (24) na plataforma de pré-print arxiv.org. Segundo a Nasa, uma superterra é um planeta mais massivo do que a Terra, porém mais leve que os gigantes de gelo do sistema solar, Netuno e Urano.
Ross 508b
O exoplaneta identificado no novo estudo se chama Ross 508 b e tem 4 vezes a massa terrestre. Isso sugere que o planeta é provavelmente rochoso e não gasoso. Ross 508 b está perto de uma zona habitável, isto é, está quase que em uma distância da estrela na qual a água líquida poderia existir em sua superfície. Ainda assim, continua improvável que essa superterra possa abrigar a vida como conhecemos.
A descoberta já demonstra, contudo, a eficácia das técnicas usadas para localizar pequenos planetas em torno de estrelas fracas — como é o caso da anã vermelha Ross 508. Esses métodos costumam funcionar melhor em gigantes gasosos, orbitando a distâncias muito próximas e quentes demais para água líquida.
A pesquisa reforça a ideia de que é possível encontrar outros tipos de mundos, ainda que isso seja mais difícil. O projeto começou em 2019, quando uma equipe internacional de astrônomos liderada pelo NAOJ usou o Telescópio Subaru para procurar estrelas anãs vermelhas fracas e seus exoplanetas.
A superterra Ross 508 b, que orbita sua estrela a cada 10,75 dias, é o primeiro planeta a ser identificado pela iniciativa. Para tal, o grupo utilizou o método Doppler, uma técnica menos comum que o método de trânsito, que mede quedas na luz das estrelas. Essa metologia, em vez do enfraquecimento da luminosidade, avalia o deslocamento da luz estelar que atinge a Terra, permitindo detectar planetas menores com órbitas mais amplas.
Graças ao Doppler, o projeto conseguiu descobrir mais de 3,8 mil exoplanetas. Quanto maior a curva de luz estelar causada por planetas maiores, mais fácil é a detecção deles. No caso da estrela Ross 508, seu brilho é muito menor e mais fraco que o Sol. A radiação da anã vermelha que atinge a superterra é apenas 1,4 vezes a que afeta a Terra.
De acordo com o site Science Alert, Ross 508, com 18% da massa do Sol, é uma das estrelas menores e mais fracas já descoberta em órbita usando velocidade radial. No futuro, pesquisas com o uso dessa velocidade em comprimentos de onda infravermelhos poderão revelar um vasto tesouro de exoplanetas orbitando estrelas fracas.
O monitoramento de uma estrela vermelha tão fraca requer uma grande abertura de telescópio e um espectrógrafo de alta precisão. “Pesquisas futuras com o método Doppler e outros espectrógrafos no infravermelho próximo de alta precisão permitirão a descoberta de planetas em torno de mais estrelas como Ross 508, e estabelecerá a diversidade de seus sistemas planetários”, eles escreveram, no estudo.
Por - Revista Galileu
Japonês encomendou a roupa de uma indústria de trajes especiais
No Japão, um homem diz ter realizado seu sonho de se fantasiar como um cachorro da forma mais realista possível. Identificado como @toco_eevee no Twitter, ele postou um vídeo de si mesmo vestindo a roupa que imita um cão da raça collie e parece muito um animal de verdade. As imagens viralizaram e o filme teve mais de 1 milhão de visualizações desde meados de abril.
No tweet, o rapaz agradece à empresa Zeppet, que produziu a peça. Ele escreveu: "Encomendei uma fantasia! Graças a vocês, consegui realizar meu sonho de me tornar um animal!". No site da marca, criada em 2010, há uma descrição dos serviços e produtos que desenvolve na área de fantasias, modelagem, trajes e maquiagens especiais.
Segundo a empresa, o pedido feito sob medida para o homem foi executado na forma de macacão. O modelo, inspirado na raça collie, permite que a pessoa se sinta confortável para se movimentar livremente, rolando e brincando como um cachorro. Um exemplar similar custa a partir de 2 milhões de ienes (cerca de R$ 75 mil), de acordo com a Zeppet.
Por - Revista PEGN