A ação humana acumulada desde a Revolução Industrial, nos séculos 18 e 19, já produziu mudanças significativas no clima global, e adaptar moradias e cidades a essa realidade é uma necessidade que precisa de respostas urgentes, avaliam ambientalistas e pesquisadores ouvidos pela Agência Brasil.
Eventos extremos, como as chuvas que deixaram mais de 50 vítimas no litoral norte de São Paulo durante o carnaval, tendem a ser mais frequentes, e o poder público precisa agir para reduzir a vulnerabilidade das populações a esses cenários, destacam.
Nos últimos anos, recorrentes alertas dos pesquisadores do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC) da Organização das Nações Unidas (ONU) indicaram que a influência humana levou o planeta à trajetória de aquecimento mais rápida em 2 mil anos e já produziu uma temperatura média que supera o período pré-industrial em mais de 1 grau Celsius (°C).
Especialistas estimam que a temperatura global pode subir 1,8°C até 2100, mesmo se forem cumpridas todas as metas estabelecidas em 2015 pelo Acordo de Paris, firmado para reduzir as emissões de gases de efeito estufa. Sem o cumprimento de tais metas, cenários devastadores para a biodiversidade podem se concretizar com o aquecimento de até 3°C.
Mas, além da extinção de espécies e do desequilíbrio de ecossistemas, os pesquisadores alertam que o aquecimento tornará mais frequentes episódios como temporais, inundações, secas e ondas de frio e calor. No Brasil, tais problemas atingirão em cheio cidades desiguais e com problemas de infraestrutura, sistema de geração de eletricidade dependente do regime de chuvas e economia que tem a agropecuária como setor de peso.
Eventos extremos
Estudiosa do tema e presidente do Instituto Talanoa, Natalie Unterstell é categórica ao alertar que "não existem catástrofes naturais nas cidades brasileiras". A avaliação da pesquisadora pode causar estranhamento diante de recorrentes eventos com dezenas e até centenas de vítimas, mas ela esclarece que nada disso é natural.
“É absolutamente catastrófico quando se sabe dos riscos climáticos e não se prepara para reagir, ou se prepara mal. Não há nenhuma naturalidade em desastres quando estamos falando de um ambiente urbano", diz. "As mudanças climáticas têm, sim, um papel ao exacerbar esses riscos e exigem uma preparação maior. Ainda assim, pode haver danos residuais. Mas o que determina se vai ter tragédia, ou não, é como nós, humanos, nos preparamos para isso."
A tempestade que atingiu as cidades paulistas na última semana foi a mais intensa já registrada por serviços meteorológicos no Brasil, com acumulado de 682 milímetros (mm) em 24 horas, segundo o Centro Nacional de Previsão de Monitoramento de Desastres (Cemaden). Isso equivale a dizer que, em cada metro quadrado da área mais atingida pelo temporal, caíram, em média, 682 litros de água da chuva -- mais que a metade do volume de uma caixa d'água de mil litros em cada metro quadrado da cidade de Bertioga, onde a marca foi registrada. Em São Sebastião, município vizinho, o índice pluviométrico chegou a 626 mm em 24 horas.
O recorde anterior de temporal mais intenso tinha sido registrado há apenas um ano, quando a cidade de Petrópolis, no Rio de Janeiro, foi inundada por 531 milímetros de chuva em 24 horas. A enxurrada deixou mais de 200 vítimas e devastou localidades como o Morro da Oficina, onde 90 pessoas morreram.
Natalie Unterstell lembra que os temporais já são o principal motivo de decretos de calamidade ou estado de emergência em municípios brasileiros e tendem a se tornar mais frequentes principalmente no Sudeste e no Sul do país. "Todos os cenários de mudança do clima apontam o aumento das chuvas, principalmente nos verões, para além do que se tinha faturado para construir nossas cidades e nossas casas. Essas tempestades vão ter papel preponderante nessas regiões nas próximas décadas", afirma.
A pesquisadora destaca que não existe mais a possibilidade de um cenário climático que não vá exigir adaptação nos próximos anos. O que está em jogo é quão drástica precisará ser a adaptação. "Será a 1,5°C, a 2°C, ou a 3°C? Quanto mais emissões, mais riscos e mais necessidades de adaptação."
"Temos ameaças muito diferentes projetadas para cada região do país. O que os modelos de mudança do clima nos informam é que, em geral, as regiões Norte e Nordeste vão ter um ressecamento maior, com menos chuvas e dias mais secos. São regiões em que as vazões de rios ficam comprometidas por isso. No Sul e Sudeste, é o contrário. Os modelos projetam para as próximas décadas aumento no volume das chuvas", explica. "O Centro-Oeste se destaca como a região que deve ter o maior aumento de temperatura. A depender do grau de aquecimento global, chegando a 3°C na média da temperatura global, a região não vai elevar só 3°C, mas muito mais do que isso, e é uma região já muito quente."
O secretário executivo do Observatório do Clima, Marcio Astrini, ressalta que houve uma sucessão de eventos extremos nos últimos anos, incluindo temporais no Recife, na Bahia e no norte de Minas Gerais. Segundo Astrini, a comprovação de que um evento específico está relacionado às mudanças climáticas é uma conclusão que nem sempre fica clara, mas o acúmulo de eventos como esses já é considerado consequência das alterações no clima por especialistas.
"Estamos vendo isso de forma contínua no Brasil e ao redor do mundo também. No ano passado, o Paquistão ficou com um terço do país totalmente submerso por enchentes recordes. No mesmo período, entre a Etiópia e o Quênia, houve seca recorde. Então, já estamos vendo um comportamento de clima extremo que, no Brasil, está trazendo alguns momentos de seca, mas muita chuva", diz. "Os temporais causam essa tragédia imediata, com deslizamentos que têm um custo em vidas que é muito mais mensurável, mas a questão da seca no Brasil tem impacto também preocupante. O Brasil é um país muito dependente das chuvas, principalmente por conta da geração de energia elétrica. Podemos ter crises hídricas, energéticas e na agricultura."
Racismo ambiental
A previsão dos pesquisadores é que esse problema de escala global terá como principais vítimas aqueles que já acumulam outras vulnerabilidades sociais, como menor acesso à saúde, a moradias seguras, a empregos formais e a infraestrutura urbana. Por outro lado, são elas as pessoas que menos contribuíram para o aquecimento global, afirmam especialistas.
"As populações mais expostas são as mais pobres. É a população preta, é a população periférica, é a população que sofre mais com desigualdade social e com racismo. E são as mulheres, principalmente. As mudanças climáticas são uma fábrica de gerar pobreza e desigualdade social", destaca Astrini.
"E o mais cruel de tudo isso é que essas pessoas são as que menos contribuem para o problema. Quem mais contribui com o problema é quem pode sair de helicóptero da Barra do Sahy [SP]. Quem polui o planeta são as pessoas mais ricas, e essas pessoas vão se adaptar mais facilmente. Elas perdem a casa, recebem o seguro e compram uma casa de praia em outro local. E as pessoas que consomem menos e têm uma pegada menor de carbono ficam com a maior parte da conta."
Natalie Unterstell acrescenta que crianças e idosos também estão entre os grupos vulneráveis e concorda que as classes sociais de menor renda serão mais afetadas por terem menos recursos para se proteger e reagir a eventos climáticos extremos. Nesse contexto, a desigualdade racial também é um fator a ser considerado, diz a pesquisadora.
"É importante lembrar de algo que é chamado na literatura de racismo ambiental, que é muito presente na nossa realidade. As pessoas pobres, em geral, são pretas, pardas e indígenas nos centros urbanos, e essas populações são atingidas em cheio por estarem habitando áreas de risco. E isso se torna ainda mais complicado para crianças e idosos, porque eles têm mais dificuldade para fugir, nadar", lembra a pesquisadora.
"Ao pensar na gestão desse risco, é preciso pensar nesses grupos sociais."
Adaptação Climática
O professor do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa em Engenharia – da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Marcos Freitas lembra que, em 1994, a defesa de sua tese de doutorado, na França, foi marcada por uma discussão acalorada de mais de três horas com um pesquisador que não acreditava nas mudanças climáticas.
"Deu um trabalho danado, mas, por fim, eu fui aprovado. Passados 30 anos da minha tese de doutorado, eu não tenho a menor dúvida de que o que está acontecendo agora é efeito desse 1,1°C a mais que a gente já está em relação à média de 1850 a 1900. Para cada 1°C a mais, a gente tem 7% a mais de evaporação no ciclo hidrológico, e isso causa chuvas mais intensas e eventos extremos", diz o geógrafo, que coordena o Instituto Virtual Internacional de Mudanças Globais da Coppe/UFRJ.
Professor de duas disciplinas que discutem mudanças climáticas e vulnerabilidade climática na pós-graduação da UFRJ, Freitas diz que a engenharia precisa se debruçar com mais afinco sobre o tema para elaborar soluções inventivas e que o poder público aja sem demora para reduzir os riscos e proteger a população de um cenário que tende a se agravar.
"É importante que as políticas públicas que têm que atender a várias coisas, como problemas graves de distribuição de renda, de geração de emprego, de oferta de residências e saúde, comecem a ter um viés de adaptação à mudança do clima", defende.
Entre as prioridades, Freitas sublinha o número de cerca de 10 milhões de pessoas que vivem em áreas de risco, segundo estimativa do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) com base em dados do Censo 2010. Freitas calcula que o investimento para garantir moradias seguras para essa população pode estar na casa de dezenas de bilhões de reais.
"Se considerarmos cinco pessoas por residência, são 2 milhões de residências. Se o custo de cada residência for de R$ 200 mil, estamos falando de R$ 50 bilhões. Pode parecer muito, mas, se dividirmos em 5 anos, são R$ 10 bilhões por ano. E, se for em 10 anos, são R$ 5 bilhões por ano. Isso é muito pouco perto do resultado que daria de geração de emprego e renda no Brasil e de melhoria da qualidade de vida das cidades e das pessoas", afirma. "Esse programa poderia ser vinculado a uma agência multilateral importante, como o Banco Mundial, para não ter problemas de governança e poder passar de um governo para o outro independentemente de eleições."
Para o geógrafo, que é especialista em economia do meio ambiente, o governo federal precisará disponibilizar recursos e ter um papel de liderança e interação internacional para facilitar o processo. Cada um à sua maneira, os entes da federação vão precisar contribuir para a adaptação climática.
"Os estados têm muita responsabilidade e podem ajudar. Estados como Rio de Janeiro, São Paulo e Espírito Santo têm muitos recursos de royalties de petróleo e precisam se preocupar com a transição energética para fontes renováveis. Nada mais justo que esses lugares com acesso a tais recursos usem parte deles na adaptação às vulnerabilidades", diz o professor.
"São os municípios que definem as políticas de ocupação e uso do solo, principalmente urbano. É importante também que tenham mapas bem feitos de áreas de risco e sistemas de alerta organizados."
Márcio Astrini defende a realização de um estudo aprofundado em cada área de risco para avaliar onde soluções de engenharia podem evitar novos desastres e de onde a população precisará ser removida para locais seguros, com emprego e vínculos sociais garantidos.
"Dentro dessas soluções de engenharia, há medidas imediatas, como o treinamento dos municípios, a capacitação das defesas civis, a contratação de equipamento, a implantação de sirenes. Tem muita coisa que pode ser feita até chegar a obras mais pesadas ou remoções." Astrini diz que, no plano federal, o governo precisará criar linhas orçamentárias para essa adaptação. “Os desastres em massa são uma nova realidade, em que os governos precisam inventar novas formas de lidar, principalmente novas formas orçamentárias."
Por - Agência Brasil
O feijão é tradição na mesa do brasileiro, mas o que pouca gente sabe é que ele pode ser um aliado na luta contra obesidade.
Uma pesquisa da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) revelou que cortar esse alimento da dieta, que é rico em proteínas, em minerais, como ferro, além de vitaminas e fibras, pode aumentar em 20% a chance de desenvolver obesidade, e, em 10%, a de excesso de peso.
Por outro lado, o estudo apontou que o consumo regular, em cinco ou mais dias da semana, apresentou fator de proteção de 14%, no desenvolvimento de excesso de peso, e de 15%, da obesidade.
A pesquisadora Fernanda Serra Granado, da Faculdade de Medicina da UFMG, explica a importância do feijão para uma dieta equilibrada.
"O uso não regular do feijão, ou mesmo o seu não consumo, foi associado com a obesidade porque o indivíduo, quando consome o feijão, ele consome junto outros alimentos saudáveis, como o arroz, alguns vegetais, uma salada e mesmo uma carne, compondo um prato nutricionalmente equilibrado para o ganho de peso e para a saúde", explica.
"Quando o indivíduo deixa de comer o feijão, muito provavelmente ele acaba fazendo escolhas alimentares mais inadequadas e não saudáveis, que apresentam elevada quantidade de calorias e, por vezes, poucos nutrientes, e por esse motivo, essa substituição acaba levando ao ganho de peso da população adulta."
A pesquisa apontou uma redução no consumo do feijão. A previsão é que em 2025 o brasileiro deixe de comer o alimento de forma regular e tradicional, passando a consumir entre um e quatro dias na semana.
A pesquisadora Fernanda Serra Granado detalha os motivos dessa redução. "Os motivos para a redução do consumo regular de feijão ao longo dos anos têm sido a sua substituição pelos alimentos industrializados, especialmente os ultraprocessados que, apesar de serem alimentos muito mais práticos, muito mais convenientes, diante da correria do nosso dia a dia, eles também apresentam uma elevada quantidade de caloria, eles não têm pouco ou quase nenhum valor nutritivo. Por isso, eles acabam contribuindo para o ganho de peso da população e uma piora da qualidade da dieta."
A pesquisa utilizou dados de mais de 500 mil adultos, entre os anos de 2009 e 2019, acompanhados pelo Vigitel (Sistema de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico), do Ministério da Saúde.
Por - Agência Brasil
A Owkin, startup franco-americana especializada em inteligência artificial aplicada à saúde, está envolvida na criação de um biomarcador vocal que ajudará os médicos a identificar diversas patologias a partir da voz do paciente.
O foco inicial está na detecção de câncer, por ser uma moléstia que tende a desencadear outros males de diferentes naturezas, como depressão, esquizofrenia, distúrbio bipolar e até Alzheimer e Parkinson.
A iniciativa reúne 14 instituições de três países, sob a liderança da Universidade do Sul da Flórida, em Tampa (EUA).
Por - Época Negócios
Quem nunca reparou o corpo inchado após uma noitada? No verão, então, esse mal-estar aparece com mais frequência e não por acaso.
A GQ Brasil conversou com dois especialistas da área de saúde para entender como lidar com o inchaço em meio ao Carnaval, época que a folia toma conta e, para completar, o clima costuma ser quente e ensolarado.
O inchaço acometido pelas altas temperaturas e a bebida alcoólica nada mais é que retenção de líquido, é o que explica o médico vascular Dr. Gustavo Marcatto. O sintoma acomete tanto homens quanto mulheres, mas costuma ser mais frequente entre o público feminino e Marcatto explica: "Os hormônios femininos, como o estrógeno e a progesterona, fazem com que o organismo das mulheres retenha mais líquido", afirma. Mesmo assim, seja homem ou mulher, cis ou trans, é preciso se atentar ao inchaço durante a folia.
Então é normal inchar depois de beber?
O Dr. Marcatto diz que o consumo de álcool provoca uma desidratação no corpo, fazendo com que os tecidos se dilatem e contraiam, segundo ele, "para facilitar a perfusão dos órgãos". "Então é muito comum a pessoa beber e depois ela ficar inchada".
A nutricionista Patrícia Thomé Martins afirma que o processo inflamatório também interfere no aspecto da pele. O hábito de consumir comidas gordurosas junto com a bebida alcoólica também piora a digestão e aumentando a retenção hídrica, aponta Martins.
Bebidas com alto teor alcoólico, como os destilados, por exemplo, tendem a causar menos estrago nesse sentido. "Ingerimos volumes menores, enquanto as bebidas com grau alcoólico mais elevado, no caso da cerveja, tendem a ser ingeridas em volumes maiores", aponta o médico vascular. "Não existe bebida alcoólica melhor", reforça a nutricionista.
Por que retemos mais líquido no calor?
Tanto as alterações climáticas, de temperatura, como as alterações de pressão, podem provocar inchaço no corpo. Dr. Marcatto afirma que nos dias de calor, como no verão, o organismo acaba "se adaptando" a essas alterações de temperatura.
"É fisiológico e normal que nossos vasos se dilatem para ter maior troca de calor com o ambiente. O que não é normal é quando isso persiste no dia a dia e durante todas as horas do dia", alerta o médico, que aponta que o inchaço provocado pelo calor tende a melhorar durante à noite. "Se a pessoa já acorda inchada, é um sintoma que ela precisa prestar mais atenção."
A tendência do organismo humano, quando inchado, é que se concentre nas regiões com mais circulação terminal, como as mãos, pernas e pés.
Como eliminar o inchaço?
Se hidratar bastante é uma das respostas para sanar o problema do inchaço, isto é, quando ele não é um sintoma provocado por doenças vasculares e alergias – é importante buscar sempre uma avaliação médica.
"Para cada molécula de álcool que a gente ingere, nós precisamos de três a quatro de água para equilibrar. Tenho que beber mais água para estimular o meu retorno venoso e perder essa desidratação do álcool, retornar minha circulação para o normal", indica o médico.
Vale lembrar que além do inchaço, a desidratação do corpo provocada tanto pelo excesso de álcool no organismo e as altas temperaturas, é responsável por causar outros sintomas como a estafa (quando o corpo fica cansado e chega a perder a mobilidade).
Como lidar com o inchaço: anota aí!
Cuide da alimentação nos dias de folia e beba bastante água. Isso ajuda a diminuir os efeitos maléficos do álcool.
Para se livrar do inchaço nos dias seguintes à curtição: consuma frutas, legumes, verduras e carnes magras, além de chás, como cavalinha ou hibisco, que ajudam a eliminar o excesso de líquido.
Se movimente! Não fique parado (mesmo em pé) ou sentado. Andar estimula a circulação de retorno.
Por - GQ Brasil
Dor de cabeça, náuseas, boca seca, dor de estômago e tontura. Quem nunca enfrentou uma ressaca? Com o fim dos dias de folia de Carnaval, é bom ter alguns truques na manga para acordar bem e saudável, caso você tenha exagerado no álcool.
A nutricionista Nathália Guimarães, especialista em nutrição clínica integrativa e funcional, diz que a dica principal é apostar em bebidas ou alimentos ricos em frutose. “Eles ajudam a queimar o álcool mais rápido. Por isso, comer frutas e beber suco natural de fruta pode fazer você se sentir melhor. Além de, claro, beber muita água”.
Para diminuir a náusea causada pela ressaca prepare um suco de limão e complete com bastante gengibre ralado, recomenda. “O excesso de álcool elimina a quantidade necessária de potássio que necessitamos para o nosso organismo. Alimentos como banana e água de coco são chaves nessa hora”, destaca Nathália.
Por conta de alguns aminoácidos presentes no ovo, tais como a cisteína e taurina, esse alimento acaba também sendo um aliado na cura da ressaca. A taurina ajudará o fígado em sua função de metabolizar o excesso de álcool no organismo. E a cisteína é um dos aminoácidos principais responsável por “digerir” o acetaldeído produzido quando o corpo está tentando processar o excesso de álcool no organismo.
“Para os que não consomem ovos, outros alimentos com teores altos de cisteína são sementes de girassol, lentilha e aveia. Alimentos como o abacate ajudam pelo seu teor de glutationa, essencial para o processo de desintoxicação dos metabólitos tóxicos do álcool”, explica Nathália.
A nutricionista indica receitas para ter uma resposta aos efeitos da substância no corpo e explica o papel dos ingredientes na recuperação. Confira:
Vitamina para curar a ressaca:
Ingredientes:
1 banana média;
Meio avocado ou ¼ abacate médio (80g em média);
300ml de água de coco;
30g (2 colheres de sopa) de aveia em flocos finos;
Pitada de sal marinho ou rosa.
Bater tudo no liquidificador e tomar imediatamente.
Panqueca matinal
Ingredientes:
2 ovos, de preferência caipiras;
2 colheres de sobremesa de aveia em flocos finos (20g);
1 banana média amassada;
1 colher de chá de óleo de coco ou óleo de abacate;
1 colher de sobremesa de mel;
Pitada de sal marinho ou rosa.
Misturar os ovos, a aveia, a banana amassada e o sal. Untar a frigideira com o óleo de coco ou abacate. Despejar a massa toda para uma panqueca grande ou dividir a massa em dois para duas panquecas pequenas. Dourar ambos os lados. Após pronto colocar o mel por cima.
Entenda os ingredientes:
Água de coco
Isotônico natural, rico em eletrólitos como potássio que é depletado em nosso organismo quando consumimos grandes quantidades de álcool.
Gengibre
Combate a náusea causada pela ressaca.
Abacate
Rico em glutationa, detoxificante do acetaldeído.
Banana
Fonte de frutose que ajuda a queimar o álcool mais rapidamente e rica em potássio.
Aveia e ovo
Rico em cisteína, neutralizador do acetaldeído.
Mel
Rico em antioxidantes que pode ajudar a neutralizar os efeitos nocivos do álcool e ajudar a combater os sintomas da ressaca. Além disso, a frutose natural encontrada no mel ajuda a acelerar a queima do álcool deixado em seu sistema mais rapidamente.
Por - Marie Clare
A conversão de porções da floresta amazônica em áreas de agricultura itinerante e de pastagem para criação de gado reduz a diversidade de formigas, que por sua vez passam a predar mais insetos.
Esse processo, no entanto, ocorre de forma mais intensa no caso dos pastos. A conclusão é de um estudo realizado por um grupo de nove pesquisadores das universidades Federal de Lavras (UFLA) e Federal do Acre (UFAC), e estão em um artigo publicado na revista Insect Conservation and Diveristy, periódico científico referência internacional em entomologia, ramo da zoologia que estuda os insetos.
"Formigas são ótimas bioindicadoras de impactos ambientais. Bioindicadores são organismos que podem ser utilizados para avaliar a qualidade dos ambientes. Eles indicam como está a saúde dos ecossistemas. Isso se deve à alta sensibilidade das formigas frente as alterações nos ecossistemas e à grande diversidade de suas espécies. Só no Brasil, existem cerca de 1,5 mil [espécies]. Elas realizam importantes funções ecossistêmicas, como predação de insetos, dispersão de sementes, revolvimento do solo e defesa de plantas contra herbívoros", explica Icaro Wilker, pesquisador da UFLA, que liderou o estudo.
A agricultura itinerante também é conhecida como roçado ou corte-e-queima. Trata-se de uma prática comum em reservas extrativistas, unidades de conservação destinadas à proteção do meio ambiente e dos meios de vida de populações tradicionais que sobrevivem do extrativismo e, complementarmente, do cultivo de subsistência e da criação de animais de pequeno porte.
"Na agricultura itinerante, o ambiente natural é cortado e queimado. Durante 4 ou 5 anos, são cultivados diversos tipos de culturas, como arroz, feijão, mandioca e pimenta. Quando as áreas são enfim abandonadas, ocorre a regeneração da floresta secundária. Mas devido ao baixo ganho econômico com essas atividades, as áreas de agricultura itinerante, de onde tradicionalmente as populações locais produzem alimento, e as áreas de floresta, de onde originalmente retiravam seu sustento, vêm sendo transformadas em áreas de pastagens para criação de gado", explica Icaro.
Para realizar o estudo, foi feito um trabalho de campo na Reserva Extrativista Chico Mendes, criada em 1990, no Acre. A imersão ocorreu em 2019. Nesse mesmo ano, dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) apontaram que o desmatamento ocorrido dentro da unidade de conservação havia crescido 203% na comparação com 2018.
Ao todo, 255 espécies de formigas foram observadas. Algumas se mostraram mais sensíveis à perda de vegetação nativa e só foram encontradas nas florestas, estando ausentes tanto em áreas de agricultura itinerante como em áreas de pastagem. "Na Floresta Amazônica, a maioria delas está adaptada para sobreviver em um ambiente com baixa incidência solar e mudanças mais amenas de temperatura e umidade. Quando a cobertura florestal é perdida, a incidência solar aumenta e a temperatura e umidade do local muda drasticamente. Há maior variação, ficando mais quente durante o dia e mais frio à noite. São filtros que afetam a sobrevivência de boa parte das espécies", disse Icaro.
O estudo revelou que as formigas remanescentes passam a predar outros insetos com mais frequência. Segundo os pesquisadores, isso ocorre provavelmente em resposta às mudanças na disponibilidade de recursos naturais - como diminuição das fontes de alimento e dos locais para construírem ninhos - e às alterações nas condições ambientais tais como temperatura e umidade.
Apesar de observarem que impactos do mesmo tipo ocorrem tanto pela prática de agricultura itinerante como nas áreas de pastagem, os pesquisadores observaram que a intensidade dos efeitos é bem distinta. Ao comparar os dois ambientes, eles apontam que os locais onde ocorrem o cultivo itinerante é mais heterogêneo e diversificado em recursos, o que lhe permite abrigar mais espécies de formigas. Nesse sentido, o estudo conclui que sua substituição por pastos traz prejuízos para a biodiversidade.
"O abandono das áreas de agricultura para formação de floresta secundária pode gerar um mosaico de áreas em diferentes estágios de regeneração, permitindo a coexistência de variados ecossistemas e auxiliando na conservação da biodiversidade da região. Já em relação às formigas, apesar da perda em espécies nesses ambientes, o aumento da predação de insetos pode favorecer os pequenos produtores, principalmente nesse sistema com baixo uso de produtos químicos", acrescenta Icaro.
Por - Agência Brasil