A temporada 2023 do futebol brasileiro foi marcada por diversas conquistas inéditas na história de clubes, de Norte a Sul do país, sejam em campeonatos estaduais, nacionais e internacionais. Nas principais competições do país, as taças foram para times paulistas. O Palmeiras faturou pela 12ª vez a Série A do Campeonato Brasileiro. Já o São Paulo festejou o título inédito na Copa do Brasil. Nas demais disputas nacionais, o Vitória venceu pela primeira vez a Série B do Brasileirão; o Amazonas (AM) foi o campeão da Série C; e na Série D o Ferroviário (CE) se tornou o primeiro clube a ter dois títulos do torneio. 

O Brasil também brilhou no continente sul-americano. Na Copa Libertadores da América, o Fluminense finalmente conquistou seu primeiro título internacional reconhecido pela Fifa, ao vencer o Boca Juniors (Argentina), por 2 a 1, no Maracanã. Na Sul-Americana, outro fato histórico: o país foi representado por um time nordestino. Foi pelo Fortaleza, que ficou em segundo lugar no torneio, ao deixar escapar o título com derrota na final para a LDU (Equador), na cobrança de pênaltis, após empate no tempo nornal.
Botafogo faz campanha histórica, mas título do Brasileirão fica com o Palmeiras
O Alvinegro carioca roubou a cena do Brasileirão em 2023, mas no final quem levantou a taça foi o Palmeiras, comandado pelo técnico portuguê Abel Ferreira. No primeiro turno, o Botafogo totalizou 47 pontos, registrando a melhor campanha da história do Brasileirão nos pontos corridos. Em 2017, o Corinthians também somou 47 pontos, mas tinha uma vitória a mais que o Alvinegro (15 contra 14). O time carioca fechou a primeira metade do campeonato com 100% de aproveitamento como mandante e superou o Corinthians de 2010 por conta do saldo de gols: 20 a 18. Por fim, o Alvinegro se tornou o primeiro time a liderar a Série A por mais de 30 rodadas – foram 31 – e derrapar na reta final. Também entrou para a história do Brasileirão como primeiro time a perder a liderança após abrir 13 pontos de vantagem para o segundo colocado.
Tudo isso fez com que a conquista do Palmeiras, a 12ª da história do clube, se tornasse inédita. Pois, se olharmos pelo lado do Verdão, ele é o primeiro time a “roubar” do líder um título, estando com tamanha desvantagem na tabela. Além disso, com a conquista, o Palmeiras entrou para um seleto grupo de três clubes, que foram campeões brasileiros sem liderarem um turno sequer. Este ano o Verdão encerrou o primeiro turno do Brasileirão na terceira posição (34 pontos) e o returno na segunda colocação (36). O Flamengo de 2009 e o Fluminense de 2012 são as duas outras equipes campeãs que completam o trio.
Com o título de 2023, o Palmeiras superou o São Paulo e passou a ser o time com o maior número de vitórias na história do Brasileirão, desde 1937. São 707, deixando o Tricolor paulista em segundo lugar, com 703.
Mas a Série A deste ano registrou também a queda do Santos para a segunda divisão, algo inédito na história do Alvinegro Praiano. O time de Pelé se juntou a Goiás, Coritiba e América-MG na zona de rebaixamento (Z4). Com isso, apenas Flamengo, em 54 edições de Brasileirão, e o São Paulo, em 51, resistem no grupo dos que nunca foram rebaixados no Brasileirão. O Cuiabá, que disputou a Série A três vezes, também nunca caiu.
O G4 do Brasileirão teve ainda como vice-campeão o Grêmio, e Atlético-MG e Flamengo ficaram, respectivamente, em terceiro e quarto lugares.. O Botafogo e o Bragantino fecharam o G6 e se classificaram para a fase preliminar da Copa Libertadores. Na sequência, garantiram vaga na Copa Sul-Americana as equipes do Athletico-PR, Internacional, Fortaleza, Cuiabá, Corinthians e Cruzeiro.
Corrida maluca na Série B
Dois fatos inéditos marcaram a Série B deste ano. O primeiro e mais importante foi o título do Vitória. O Rubro-Negro baiano, que liderou o torneio por 26 rodadas, incluindo as 15 últimas, garantiu o acesso à elite do futebol brasileiro com duas rodadas de antecedência. O Leão está de volta à Série A de 2024 após seis temporadas. O outro fato emocionante foi a disputa pelas duas vagas restantes no G4, na última rodada. Com Vitória e Juventude já classificados, seis times entraram em campo com chances de subir à Série A, um recorde no atual formato da disputa. Foram eles Juventude, Vila Nova, Atlético-GO, Novorizontino, Mirassol e Sport.
O Criciúma somava 64 pontos na última rodada, mas acumulava 19 vitórias e, com isso, não tinha como ser superado. Logo abaixo vinham Juventude (62 pontos), Vila Nova (61), Atlético-GO (61), Novorizontino (60), Mirassol (60) e Sport (60). Na rodada final (38ª), após os 90 minutos de partida, o Juventude confirmou o acesso ao vencer o Ceará, fora de casa, por 3 a 1, e o Atlético-GO não só derrotou o Guarani por 3 a 0, como contou com a derrota do Vila Nova para o ABC, em Natal, por 3 a 2, para voltar à elite do Brasileirão.
Na parte de baixo da tabela, caíram para a Série C Sampaio Corrêa, Tombense, Londrina e ABC.
Marcas inéditas nas Séries C e D
Em um ano repleto de novidades, a Série C não poderia ficar de fora. O Amazonas sagrou-se campeão e deu a seu estado, o Amazonas, o primeiro título nacional da história. A façanha foi obtida após vitória na final sobre o Brusque (SC). As duas equipes garantiram acesso à Série B, junto om Paysandu (PA) e Operário (PR).
A Série D também teve seus ineditismos. A começar pelo campeão, o Ferroviário (CE), que já tinha um título do torneio, mas ao vencer a edição de 2023 se tornou o primeiro clube a ter dois troféus. O time nordestino bateu a Ferroviária (SP) na decisão. Os finalistas subiram para a Série C, ao lado de Athletic (MG) e Caxias (RS).
Ao vencer a Série D do Brasileirão este ano, o Ferroviário (CE) se tornou o primeiro clube a ter dois troféus. O time nordestino subiu para a Série C em 2024 ao ganhar a final contra a Ferroviária, de Araraquara (SP) - Lenilson Santos/Ferroviário
O título do Ferroviário veio de forma invicta, com aproveitamento de 75%, o que fez o Tubarão da Barra se tornar o time campeão nacional com a maior sequência invicta na história do futebol brasileiro, com 24 jogos (15 vitórias e nove empates). Também foi inédita a goleada de 10 a 0 do Brasiliense (DF) sobre o Interporto (TO), a maior da história de todas as divisões do Brasileirão.
Outras Copas
A temporada de conquistas do Palmeiras começou no início do ano, na disputa da Supercopa do Brasil, que abre oficialmente o o calendário do futebol brasileiro. Em Brasília, no Estádio Mané Garrincha, o Verdão paulista, campeão brasileiro de 2022, venceu o Flamengo, campeão da Copa do Brasil (2022), por 4 a 3.
Na Copa do Nordeste, o Ceará levou a melhor sobre o Sport. A conquista do Vozão, a terceira na história da competição, teve o sabor especial de, nas quartas de final, eliminar o grande rival, Fortaleza. Na decisão em dois jogos, uma vitória para cada lado e, nos pênaltis, o Ceará levou a melhor, em Recife, e garantiu vaga na terceira fase da Copa do Brasil de 2024.
E mais um campeão inédito foi registrado na Copa Verde. O Goiás conquistou a primeira taça dele e do futebol goiano na competição. O Verdão ainda quebrou um jejum de cinco anos sem títulos, já que o último havia sido o Estadual de 2018. Na final contra o Paysandu (PA), que tentava o tetracampeonato, o Goiás venceu os dois jogos e também está na terceira fase da Copa do Brasil de 2024.
Brilho tricolor no Continente
Os times brasileiros se sobressaíram nas duas principais competições do calendário sul-americano, as Copas Libertadores e Sul-Americana. O Fluminense faturou o título inédito da Libertadores, a primeira conquista internacional reconhecida pela Fifa. Na Sul-Americana, o Fortaleza chegou à final, mas ficou com o vice-campeonato, o que não tirou o brilho do Tricolor do Pici, primeiro time do Nordeste a chegar à decisão do título sul-americano.
Sem deixar as polêmicas para trás, o ex-presidente Jair Bolsonaro delineia uma astuta estratégia para 2024, concentrando-se em metas judiciais, no fortalecimento de aliados políticos, e na projeção internacional.
A Luta pela Absolvição
Em primeiro lugar, Bolsonaro almeja ser absolvido, na Justiça, de acusações derivadas de investigações da Polícia Federal. Neste contexto, a esperança reside na Procuradoria-Geral da República, tendo como anseio que nenhuma denúncia seja formalmente apresentada. Além disso, existe a aspiração de que o caso seja avaliado por instâncias judiciais inferiores, evitando assim a participação do ministro Alexandre de Moraes, atual relator do caso no STF.
Inelegibilidade e TSE
Além das questões penais, Bolsonaro busca apoio dentro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para reverter a inelegibilidade imposta pela instituição em 2023. Com modificações recentes na composição do TSE, ele acredita ter possibilidades reais de disputar a eleição presidencial de 2026.
Aliados nas Prefeituras
No âmbito mais amplo da política, Bolsonaro pretende eleger aliados para governar as 95 cidades brasileiras com mais de 200 mil habitantes. Tais municípios são considerados estratégicos tanto pela quantidade de eleitores quanto pelo poder de influenciar as regiões circundantes.
Projeção Internacional
No cenário internacional, a esperança de Bolsonaro reside no sucesso de Donald Trump nas próximas eleições presidenciais dos Estados Unidos. Se somarmos a vitória de Javier Milei na Argentina, o sucesso de Trump poderia ser um grande trunfo para Bolsonaro no campo internacional. Tal vitória poderia ajudar a contestar uma eventual condenação pelo STF ou pressionar o TSE a permitir sua elegibilidade novamente.
Todo esse planejamento aponta que Bolsonaro, alheio às tempestades políticas, está construindo seu próprio caminho para 2024, por meio de estratégias formadas por manobras judiciais, reforços políticos, e sua influência cada vez maior no cenário internacional.
Por O Antagonista
Antes mesmo de tomar posse como presidente do Corinthians - o que acontecerá em 2 de janeiro - Augusto Melo já cumpre a promessa de ter uma postura agressiva no mercado da bola. O Timão ultrapassa a marca de R$ 115 milhões em contratações de jogadores nesta janela de transferências. E quer mais.
O maior investimento do clube até o momento foi para adquirir o zagueiro Lucas Veríssimo, que estava emprestado pelo Benfica, de Portugal, até junho de 2024. O Corinthians concordou em pagar 8 milhões de euros (cerca de R$ 43 milhões) pelo defensor.
O caso de Veríssimo simboliza a estratégia adotada pela diretoria alvinegra na busca por reforços: esticar prazos de pagamentos. O Timão vai pagar o Benfica em três prestações, em outubro de 2024, 2025 e 2026.
As outras operações fechadas nesta janela também serão parceladas.
Confira abaixo os investimentos feitos pelo Corinthians nesta janela:
- Lucas Veríssimo - 8 milhões de euros (cerca de R$ 43 milhões);
- Félix Torres - 5,5 milhões dólares mais bônus por metas (R$ 26,6 milhões);
- Raniele - 2,5 milhões de euros (R$ 13,4 milhões);
- Maycon - 500 mil euros (R$ 2,7 milhões);
- Rodrigo Garro - entre 6 e 7 milhões de dólares (em torno de R$ 32 milhões e R$ 37 milhões).
O Corinthians ainda tem acordo com três atletas que estavam em fim de contrato e não demandaram compra de direitos econômicos, apenas pagamento de luvas: o zagueiro Adriano Martins e os laterais-esquerdos Hugo e Diego Palácios.
O Timão entra em 2024 de olho em mais jogadores, sobretudo para o setor de ataque. O clube tem sonhos ousados, como Gabigol, do Flamengo, e ainda busca mais um camisa 10 e um lateral-direito para fazer sombra para Fagner.
Segundo a cúpula alvinegra, as contratações estão sendo feitas sem prejudicar a saúde financeira do clube, que segue com um endividamento alto, na casa de R$ 900 milhões (sem contar o financiamento da Neo Química Arena).
O Corinthians conta com a entrada do dinheiro da venda de Moscardo. O meio-campista de 18 anos foi negociado com o Paris Saint-Germain por 20 milhões de euros (aproximadamente R$ 108 milhões). Os franceses também pagarão de forma parcelada, mas o Timão tentará antecipar o valor total da transferência junto a instituições financeiras.
Além disso, o clube tem valores a receber pela venda de outros atletas, como Murilo, negociado no meio do ano com o Nottingham Forest, da Inglaterra, e Felipe, vendido recentemente ao Cercle Brugge, da Bélgica.
Na última sexta-feira, a cúpula corintiana, ainda sob o comando do presidente Duilio Monteiro Alves, emitiu nota oficial em que prometeu quitar em breve pendências financeiras com atletas. Segundo o comunicado, a direção "deixará entrada imediata de recursos efetivos para a nova diretoria que assumirá em janeiro na ordem de R$ 100 milhões."
Por Globo Esporte
As eleições nos Estados Unidos possuem características únicas, entre elas, a autonomia dos estados para estabelecerem suas próprias regras eleitorais. Em uma decisão histórica, os estados do Colorado e do Maine determinaram recentemente que Donald Trump, ex-presidente dos EUA, está inelegível.
Decisões estaduais barram candidatura de Trump
Em 19 de dezembro, a Suprema Corte do Colorado e, em 28 de dezembro, a Secretária de Estado do Maine, decidiram que Trump não poderá mais concorrer à presidência. A alegação para ambas as decisões foi o envolvimento de Trump em um ato de insurreição durante seu mandato presidencial, algo que, segundo um artigo da Constituição americana, desqualifica qualquer pessoa que ocupava um cargo público a ser nomeada para outro novamente.
As duas decisões, entretanto, não são definitivas. Casos similares estão sendo julgados em mais de dez estados e, possivelmente, serão levados à Suprema Corte dos EUA para uma decisão final. O principal ponto a ser discutido pelos juízes será se Trump pode se candidatar novamente à presidência, considerando o ataque ao Congresso americano realizado no dia 6 de janeiro de 2021.
A base para tais decisões provém de um artigo da Constituição, aprovado após a guerra civil americana entre 1861 e 1865, cujo objetivo era impedir que ex-líderes envolvidos na tentativa de cisão retornassem a ocupar cargos públicos. Esse artigo, conhecido como Seção 3, que Trump supostamente violou, voltou à discussão após o ataque ao Congresso em janeiro de 2021.
O futuro das eleições americanas
Donald Trump, por sua vez, já enfrenta processos legais por suas tentativas de reverter os resultados das eleições de 2020, que o fizeram perder a presidência para Joe Biden. Ele também tem sido acusado de instigar a invasão ao Capitólio. Caso a Suprema Corte decida por sua inelegibilidade, isso poderá acarretar um cenário caótico para as próximas eleições.
Próximos passos do caso
A Suprema Corte, que nunca se posicionou sobre a Seção 3 ou sua aplicação, deverá agora deliberar sobre o caso, uma vez que tanto o Partido Republicano quanto Trump irão recorrer das decisões do Colorado e do Maine. Os especialistas jurídicos dos EUA alertam para a necessidade de uma definição clara da Suprema Corte para evitar futuras confusões eleitorais.
O embate dos argumentos
Os advogados de Trump e os grupos contrários à sua reeleição possuem argumentos distintos, entre eles, a aplicação da Seção 3 ao presidente, o direito ao discurso de Trump e a definição do ataque ao Congresso como uma insurreição. O futuro da candidatura de Trump e das eleições americanas ainda permanecem incertos.
Por O Antagonista
A desconfiança de parte da população em relação à imunização, fomentada por campanhas de desinformação e movimentos antivacina, continua sendo um desafio para o Brasil.
De acordo com a ministra da Saúde, Nísia Trindade, o fenômeno da “hesitação vacinal”, por parte de uma parcela dos brasileiros, começou a ganhar força por volta do ano de 2016.

Aliada a restrições orçamentárias na área da saúde e à pouca disposição do governo anterior em estimular a imunização da população, a desconfiança provocou a queda da cobertura de vacinação no país, nos últimos anos, avaliou.
Em 2019, o Brasil perdeu o certificado de eliminação do sarampo, devido, segundo a ministra, à baixa procura pela vacina contra a doença. “Esse cenário foi agravado no último governo, já claramente com o fenômeno do negacionismo científico. É importante destacar que esse é um fenômeno que permanece”, disse Nísia, em seminário sobre vacinação na Academia Nacional de Medicina, no Rio de Janeiro, no início de dezembro.
O diretor da Sociedade Brasileira de Imunização (SBIm), Juarez Cunha, lembra que desde meados da década passada há uma dificuldade em se atingir as metas de vacinação.
“Um aspecto fundamental é a confiança. Um dos aspectos que a gente sabe que foi muito abalado e continua sendo é a confiança nas vacinas. Não é só confiar naquele produto, na sua eficácia e na sua segurança. É um aspecto que deixa as pessoas com bastante dúvidas. Então, a gente tem que informar muito bem”, defende Cunha.
Para o diretor da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), Jarbas Barbosa, esse não é um fenômeno exclusivo do Brasil, que ganhou força durante a pandemia da covid-19. Ele defende que é preciso que os governos façam um monitoramento permanente das redes sociais e esclareçam imediatamente quaisquer boatos que surjam sobre a vacinação.
“Temos procurado estimular os países a ter monitoramento diário de redes sociais e não deixar nenhum boato, rumor, desinformação, sem uma resposta apropriada, porque isso é como uma bola de neve que vai crescendo e fazendo com que as pessoas percam a confiança na vacina”, alertou Barbosa no evento da Academia de Medicina.
Um agravante, segundo Barbosa, é que as pessoas estão mais céticas em relação às informações oficiais, o que torna ainda mais difícil o trabalho de desmistificação dos boatos em relação às vacinas.
“Nesse contexto, o papel dos profissionais de saúde é fundamental. Quando a família chega na sala de vacinação, ela já tomou uma decisão [de se imunizar]. Essa família aproveita uma consulta ao serviço de saúde para tentar tirar sua dúvida sobre a vacina com o profissional de saúde. Se aquele profissional não tem uma informação adequada, provavelmente perdemos a oportunidade de ampliar o sucesso da vacinação”, esclarece.
Assim como aconteceu com a volta do sarampo ao país, alguns anos atrás, a baixa procura pela vacinação coloca em risco a saúde pública ao possibilitar o ressurgimento de doenças controladas ou eliminadas.
“A partir do momento em que a gente tem baixas coberturas vacinais, tem o risco de retorno dessas doenças. Um risco que a gente considera muito alto é o retorno da poliomielite”, alerta Juarez Cunha.
Governo
A luta contra a desinformação tem sido uma das bandeiras do governo brasileiro, que criou, em outubro, uma plataforma de esclarecimento à população chamada Saúde com Ciência.
Segundo a ministra Nísia Trindade, a postura do atual governo é diferente daquela adotada pelo governo anterior. Em fevereiro deste ano, o governo federal lançou o Movimento Nacional pela Vacinação.
“O presidente da República [Luiz Inácio Lula da Silva] fez questão de estar no lançamento do ato, em Brasília, se vacinando, num gesto exatamente oposto ao que nós vimos no governo anterior”, lembrou Nísia, no evento da Academia de Medicina. “Assumimos o governo sem estoques de vacinas necessárias a essa imunização, inclusive [sem] as vacinas do calendário infantil”.
A ministra disse que com ações como a recuperação de estoques e as campanhas de informação, entre outras, permitiram um aumento da cobertura vacinal no país.
“O ano de 2023 foi um dos mais desafiantes, porque, neste ano, concluímos o projeto pela reconquista das altas coberturas vacinais, que se iniciou em 2021. Além do aumento das coberturas vacinais já vistas em campanhas, a gente também viu o incremento nas rotinas. O mais importante para mim foi ter o pessoal treinado, voltando com aquela garra, aquela vontade de dizer ‘nós vamos conseguir’”, destaca Lurdinha Maia, coordenadora da Assessoria Clínica da Bio-manguinhos, Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).
Segundo Jarbas Barbosa, o fato de o presidente da República usar o broche do Zé Gotinha, mascote do Programa Nacional de Imunizações (PNI), “demonstra um alto grau de compromisso político que, tenho absoluta certeza, vai se refletir nesse processo de fortalecimento das atividades de imunização”.
Juarez Cunha reconhece que o Ministério da Saúde e a sociedade científica têm trabalhado para ampliar a cobertura vacinal no país, mas destaca que é preciso ter ações que vão além da luta contra a desinformação.
Segundo ele, é importante ampliar o acesso da população à vacinação, aumentando, por exemplo, o horário de funcionamento dos postos de saúde e levar a vacina a outros lugares além das unidades de saúde, com instrumentos como os postos drive thru.
Outra ação importante defendida por Juarez é traçar um diagnóstico amplo da situação vacinal no país, com dados detalhados por municípios, bairros e comunidades. “Às vezes, dentro de cada município, se tem realidades completamente diferentes. Pode haver situações em que há populações mais vulneráveis, com menos acesso [às vacinas] e esse é um aspecto que tem ser melhor trabalhado”, afirma Juarez.
No evento da Academia Nacional de Medicina, a ministra Nísia Trindade afirmou que o governo tem trabalhado em ações de microplanejamento com os estados e tem buscado sistematizar as informações, garantindo dados integrados e confiáveis que permitam monitorar as coberturas vacinais.
Jarbas Barbosa afirmou, no mesmo evento, que sem novos registros de casos de sarampo no Brasil há mais de 1 ano, o país deve recuperar, em breve, seu certificado de eliminação da doença.
Por - Agência Brasil
O anúncio de um rombo bilionário nas contas da Americanas pegou todo mundo de surpresa logo no começo do ano, mas foi apenas um prenúncio de que 2023 seria repleto de pedidos de recuperação judicial e falências de grandes nomes corporativos do país.
Como mostrou reportagem do g1, eram 3.872 as companhias em recuperação judicial no Brasil até o terceiro trimestre deste ano, segundo dados da RGF Consultoria. Além da Americanas, também estão na lista grandes nomes como Light, Grupo Petrópolis, 123 Milhas e Grupo M5 (dona da marca de roupas M.Officer).
Outras, como a Livraria Saraiva e a Livraria Cultura, tiveram falência decretada pela Justiça, sendo que a segunda conseguiu uma decisão para paralisar o processo.
Relembre, a seguir, os principais casos de recuperação judicial e falência de 2023.
Americanas
/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_59edd422c0c84a879bd37670ae4f538a/internal_photos/bs/2023/3/v/jC0IwLTym1KGqiPKfRcQ/2023-01-12t171806z-371734748-rc24py940ovo-rtrmadp-3-americanas-accounts.jpg)
Lojas Americanas do Resende Shopping, no Rio de Janeiro, em 2018 — Foto: Emille Rodrigues/g1
A lista começa pelo caso mais emblemático. A gigante varejista Americanas informou um rombo contábil bilionário no dia 11 de janeiro. Naquele momento, a companhia disse que havia identificado "inconsistências em lançamentos contábeis" nos balanços corporativos no valor de quase R$ 20 bilhões.
Sergio Rial, então presidente da empresa, decidiu deixar o comando do negócio e os investidores — pessoa física e institucionais — iniciaram uma corrida para se desfazer dos papéis. Isso fez com que as ações da companhia despencassem quase 80% em um único dia, e a fuga continuou nos pregões seguintes.
No dia 19 de janeiro, a Americanas pediu a recuperação judicial na Justiça do Rio de Janeiro e teve suas ações retiradas da B3. A primeira versão do plano de recuperação foi apresentada em março, mas a empresa só teve um plano aprovado no último dia 19 de dezembro, exatamente 11 meses depois.
A dívida final apresentada no plano foi de R$ 50 bilhões e o processo de recuperação envolverá um aporte de R$ 12 bilhões dos "acionistas de referências — o trio de bilionários Jorge Paulo Lemann, Carlos Alberto Sicupira e Marcel Telles — e a venda de ativos, inicialmente o Hortifruti Natural da Terra e a Uni.Co (empresa de franquias das marcas Imaginarium e Puket).
Oi
/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_59edd422c0c84a879bd37670ae4f538a/internal_photos/bs/2017/u/c/AmIK66RVCqxaXLuBBVKw/seoi.jpg)
Sede administrativa da Oi funciona no Leblon, Zona Sul do Rio — Foto: Marcos Serra Lima/G1
Apenas poucos meses depois da Americanas, a operadora de telefonia móvel Oi entrou com um novo pedido de recuperação judicial em 1° de março. A empresa já era velha conhecida dessa realidade: a segunda recuperação começou alguns meses após a conclusão de outro processo semelhante, que levou seis anos para ser concluído.
No primeiro processo, a Oi vendeu uma série de ativos, com destaque para suas operações de telefonia móvel para as rivais Telefônica Brasil, TIM e Claro.
O plano de recuperação da empresa foi aceito pelo seu Conselho de Administração em 19 de maio. Com isso, a dívida de dezenas de bilhões de reais do grupo foi suspensa mais uma vez. O processo também suspendeu a penhora da bens ou mandados de busca e apreensão contra a companhia por parte de seus credores.
Grupo Petrópolis
/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_59edd422c0c84a879bd37670ae4f538a/internal_photos/bs/2023/3/c/38DCgoQg2b4WJz3FJJLg/itaipava.jpg)
O Grupo Petrópolis, é dono das marcas Itaipava, Crystal e Petra, dentre outras — Foto: Divulgação
O Grupo Petrópolis, dono das cervejarias Itaipava e Petra, entrou com o pedido de recuperação judicial em 27 de março, com uma dívida estimada em R$ 5,6 bilhões.
O plano de recuperação correu rápido e foi aceito em setembro pelos credores, com aprovação de 96,4% dos votantes. O grupo tinha uma lista de mais de 5 mil credores.
Segundo a empresa, a razão para sua dívida foi uma grande queda no consumo das bebidas produzidas pelas suas marcas.
Em nota, a companhia disse que "31,2 milhões de hectolitros de bebida [foram] vendidos no ano de 2020. [Já], nos anos de 2021 e 2022, o volume caiu para 26,4 e 24,1 milhões de hectolitros, respectivamente", uma redução de 15,4% e 22,7%, respectivamente.
Light
/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_59edd422c0c84a879bd37670ae4f538a/internal_photos/bs/2023/z/A/FMjTpqRHu9wDRVK81yuA/light.jpg)
Light — Foto: Reprodução/Instagram/@lightcomvoce
Em 12 de maio, outro grande nome entrou com um pedido de recuperação judicial. Dessa vez foi a Light S.A., controladora do Grupo Light, fornecedora de energia elétrica do Rio de Janeiro, que fez o pedido à Justiça em caráter de urgência, com uma dívida de R$ 11 bilhões, alegando que "os desafios oriundos da atual situação econômico-financeira" se agravavam.
A principal fonte do problema financeiro da Light é a sua subsidiária de distribuição de energia. Embora seja o segmento mais relevante da empresa, também é a área mais desafiadora, já que a companhia sofre, cada vez mais, com os furtos de luz no Rio de Janeiro, o que reduz a arrecadação e gera prejuízos financeiros.
Em setembro, circularam boatos de que a companhia havia desistido da recuperação judicial, mas a Light mantém o processo e, no começo de outubro, pediu à Justiça uma extensão de 180 dias do prazo da suspensão das ações de execuções — que impede a cobrança de dívidas por parte dos credores para que a empresa possa manter suas operações.
A primeira assembleia de credores para discutir um plano de recuperação judicial deve acontecer em março de 2024.
Grupo M5
/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_59edd422c0c84a879bd37670ae4f538a/internal_photos/bs/2023/a/t/Mr1D1tRbKEC3rx5LWb8A/whatsapp-image-2023-09-13-at-10.26.06.jpeg)
Vitrine de uma das lojas físicas da M. Officer — Foto: Reprodução/Instagram
Sucesso nos anos 1990 e 2000, o Grupo M5, dono da marca de roupas M. Officer, teve o pedido de recuperação judicial aceito pela Justiça de São Paulo em 6 de setembro, com uma dívida estimada em R$ 53,6 milhões.
Na decisão, a juíza do caso, Maria Rita Rabello Pinho Dias, aceitou o pedido ressaltando que a crise enfrentada pela companhia tem como principais motivos:
- a concorrência desequilibrada com as gigantes varejistas asiáticas;
- as consequências econômicas trazidas pela pandemia de covid-19, período em que a M. Officer alega ter perdido 91% do seu volume de vendas;
- a grande inadimplência dos consumidores.
O escritório TWK Advogados, que representa a M5 no processo, destaca que a empresa gera cerca de 130 empregos diretos e outras centenas de empregos indiretos, justificando a importância da recuperação.
123 Milhas
/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_59edd422c0c84a879bd37670ae4f538a/internal_photos/bs/2023/J/Z/vE2I0pSdCAPl6HCHJdaA/18milha.jpg)
Banner da 123 Milhas — Foto: Reprodução/TV Globo
Depois de suspender os pacotes e a emissão de passagens de sua linha promocional em agosto, a agência de viagens 123 Milhas entrou com um pedido de recuperação judicial em 29 de agosto, alegando que fatores internos e externos "impuseram um aumento considerável de seus passivos nos últimos anos".
A empresa disse que os resultados esperados com seu pacote promocional não foram atingidos, ao mesmo tempo em que os preços das passagens aéreas subiram muito no pós-pandemia.
O pedido foi aceito e, em setembro, suspenso de forma provisória após um pedido do Banco do Brasil, um dos principais credores da companhia. A Justiça de Minhas, no entanto, determinou a retomada da recuperação em 16 de dezembro.
SouthRock
/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_59edd422c0c84a879bd37670ae4f538a/internal_photos/bs/2023/Q/3/Asu9o5TQuYD2SUHYK3cw/starbucks.webp)
A loja da Starbucks no Boulevard Shopping, em Belo Horizonte — Foto: Starbucks Brasil/Divulgação
A gestora SouthRock, empresa responsável pelas operações do Starbucks e Eataly no Brasil, pediu recuperação judicial em 31 de outubro, alegando uma dívida de R$ 1,8 bilhão.
Segundo informações da companhia, o pedido de recuperação acontece por conta do baixo grau de confiança e alta instabilidade no Brasil, além da volatilidade da Selic, taxa básica de juros e constantes variações cambiais.
Essas questões, diz a SouthRock, "desequilibram o mercado e atingem fortemente o empreendedor brasileiro". A companhia também culpou a crise econômica trazida pela pandemia de covid-19.
O pedido foi aceito pela Justiça em 12 de dezembro.
Livraria Saraiva
/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_59edd422c0c84a879bd37670ae4f538a/internal_photos/bs/2018/l/y/EdAYlMQDiyuuYX4AZltQ/g1-crise-divulgacao.jpg)
Livraria Saraiva — Foto: Divulgação
A Livraria Saraiva teve falência decretada pela Justiça de São Paulo. O pedido foi feito pela própria empresa dentro do processo de recuperação judicial, em razão de dívida de R$ 675 milhões.
Na decisão, o juiz Paulo Furtado de Oliveira Filho reconheceu o "descumprimento do plano de recuperação judicial e determinou a suspensão de ações e execuções contra a falida e a apresentação da relação de credores".
A empresa estava em recuperação judicial desde 2018, depois de não conseguir renegociar dívidas com fornecedores. Uma referência do mercado editorial, com lojas enormes e catálogo variado, a Saraiva tentou, como último recurso, manter o funcionamento apenas no e-commerce e demitir todos os funcionários da operação presencial.
Na mesma semana em que a empresa revelou o fechamento de todas as suas lojas físicas, seu presidente e vice renunciaram aos cargos. Na semana seguinte, o pedido de autofalência foi protocolado.
Livraria Cultura
/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_59edd422c0c84a879bd37670ae4f538a/internal_photos/bs/2023/q/1/v7gLwERGGQTOQAWk5lRw/cultura.webp)
Livraria Cultura — Foto: Reprodução
A Justiça de São Paulo decretou a falência da Livraria Cultura em fevereiro. A decisão foi tomada mais de quatro anos após a 2ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais do Foro Central Cível aceitar o pedido de recuperação judicial da companhia.
Na época, a livraria já alegava estar em crise econômico-financeira. O pedido de recuperação havia informado dívidas de R$ 285,4 milhões – a maior parte com fornecedores e bancos.
No dia 16, a empresa conseguiu uma liminar para ter seu processo de falência suspenso, pedindo revisão da quebra do processo de recuperação. Em maio, depois da avaliação, a Cultura voltou a ter sua falência decretada pela Justiça de São Paulo, e as lojas chegaram a fechar.
No fim de junho, a empresa conseguiu novamente uma liminar para suspender sua falência, desta vez no Superior Tribunal de Justiça (STJ). Na decisão, o ministro Raul Araújo determinou que sejam retomadas as obrigações do plano de recuperação judicial da empresa, que foi aprovado pela assembleia geral de credores e homologado pela Justiça em 2018.
"A falência da agravante, diante do global inadimplemento do plano de recuperação, tem como objetivo proteger o mercado e a sociedade, assim como fomentar o empreendedorismo e socializar as perdas provocadas pelo risco empresarial", disse o juiz na decisão.
Por - G1


-Futebol-Retrospectiva-PortalCantu-31-12-2023.jpg)
-Bolsonaro-2024-PortalCantu-31-12-2023.jpg)
-Corinthians-Contratações-PortalCantu-31-12-2023.jpeg)
-Donald-Trump-PortalCantu-31-12-2023.jpg)
.jpg)



-PortalCantu-27-12-2025_large.png)
-PortalCantu-27-12-2025_large.png)
-PortalCantu-27-12-2025_large.png)
-PortalCantu-27-12-2025_large.png)
-PortalCantu-27-12-2025_large.png)







_large.jpg)
_large.jpg)
_large.jpg)
_large.jpg)