Decreto define medicina, direito e odonto como cursos presenciais

Os cursos superiores de medicina, direito, odontologia, enfermagem e psicologia devem ser ofertados exclusivamente no formato presencial.

A medida, determinada pelo decreto da Nova Política de Educação a Distância (EAD), assinada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva na manhã desta segunda-feira (19), em Brasília, também determina que os demais cursos da área de saúde e licenciaturas deverão ser ofertadas nos formatos presencial ou semipresencial (híbrido).

De acordo com o Ministério da Educação (MEC), o foco do novo marco regulatório é “o estudante e a valorização dos professores: a garantia de infraestrutura nos polos, a qualificação do corpo docente, a valorização da interação e mediação para uma formação rica e integral, independentemente da distância física.”

Na cerimônia no Palácio do Planalto, o ministro da Educação, Camilo Santana, disse que o marco regulatório traz regras mais claras para garantir qualidade da oferta.

“Nós acreditamos que a educação a distância pode proporcionar ao estudante uma experiência rica quanto aos demais cursos, desde que haja um efetivo compromisso de todos com o processo de ensino e aprendizagem, que se estabelece nesse modelo”, diz Camilo Santana.

As instituições de ensino superior terão dois anos de transição para adaptação gradual dos cursos.


 

Brasília (DF), 19/05/2025 - Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, durante reunião com ministro da Educação, Camilo Santana, para assinatura do Decreto da Nova Política de Educação a Distância (EaD). Palácio do Planalto. Foto: Ricardo Stuckert/PR
Presidente assinou decreto durante evento no Palácio do Planalto  - Ricardo Stuckert/PR

Novidades

De acordo com o ministro Camilo, as principais novidades da política são:

  • as aulas online ao vivo deverão ter um máximo de 70 alunos por professor ou mediador pedagógico, para valorização destes profissionais;
  • criação do modelo semipresencial, com atividades presenciais físicas e atividades virtuais ao vivo (síncronas) mediadas.
  • mais atividades presenciais e avaliações, com infraestrutura física e tecnológica adequada nos polos EAD.

Os polos de EAD serão reconhecidos como espaços acadêmicos de apoio, devendo atender a requisitos mínimos de infraestrutura física e tecnológica, como salas de coordenação, ambientes de estudo, laboratórios e acesso à internet. Não será permitido o compartilhamento de polos entre instituições de ensino superior.

O decreto cria, ainda, o cargo de mediador pedagógico, com formação compatível com o curso e vínculo formal com a instituição de ensino. O número destes profissionais deverá ser informado no Censo da Educação Superior, anualmente. A função de um mediador pedagógico será diferente da do tutor, que era limitada a tarefas administrativas.

Outra determinação do decreto é a existência de pelo menos uma avaliação presencial a cada disciplina curricular, que deverá representar a maior parte da nota final, inclusive em cursos EAD.

Formatos das aulas

O decreto permite a modalidade semipresencial para cursos superiores, a exemplo dos cursos de licenciatura e da área de saúde, que poderão ser ofertados nesse formato, mas que terão limites para a carga horária virtual.

Em resumo, os três formatos contemplados pelo novo marco regulatório são:

  • presenciais: caracterizado pela oferta majoritária de carga horária presencial física, com limite de até 30% de EAD;
  • semipresenciais: atividades presenciais físicas (estágio, extensão, práticas laboratoriais) e virtuais ao vivo (síncronas) mediadas, além de carga horária a distância;
  • a distância: caracterizado pela oferta preponderante de carga horária a distância. Antes, não havia limite mínimo para atividades presenciais. Com o novo decreto, este limite mínimo passa a ser de 20% atividades presenciais e/ou online (síncronas) mediadas, com a exigência de provas presenciais.

O controle de frequência dos estudantes é obrigatório.

Relembre

Em junho de 2024, o MEC suspendeu a criação de novos cursos de graduação a distância, novas vagas e polos até 10 de março de 2025.

A medida teve o objetivo de reformular os referenciais de qualidade da EAD e criar um novo marco regulatório para oferta de cursos de graduação na modalidade EaD pelas instituições de ensino superior.

EAD em números

O MEC aponta que, no período de 2018 a 2023, os cursos a distância cresceram 232% no país.

Em 2023, o número de ingressantes em cursos EAD foi o dobro dos ingressantes nos cursos presenciais. De acordo com o Censo da Educação Superior 2023, divulgado em outubro de 2024 pelo o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira, na modalidade de EAD, a oferta de vagas foi de 77,2% (19.181.871); já as presenciais representaram 22,8% (5.505.259).

Se considerada somente a rede pública de ensino superior, a maior parte dos ingressos ocorreu nas graduações presenciais: 85% (481.578). Os outros 15% (87.511) são alunos de cursos a distância.

Na rede privada, a situação se inverte: 73% (3.226.891) dos ingressos em cursos de ensino superior foram na modalidade EAD, enquanto 27% (1.198.012) ingressaram em cursos presenciais.

Dos 5.570 municípios do Brasil, 3.392 deles têm estudantes matriculados em cursos de EAD. Esses municípios representam 93% da população brasileira.

 

 

 

 

 

Por - Agência Brasil

 Economia brasileira cresce 1,6% no 1º trimestre, mostra prévia da FGV

A economia brasileira cresceu 1,6% no primeiro trimestre do ano em comparação com o último trimestre de 2024. Já na comparação com o mesmo trimestre do ano passado, a expansão observada é de 3,1%. No acumulado de 12 meses, a alta é de 3,5%.

As estimativas são do Monitor do PIB, estudo mensal do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da FGV (Fundação Getulio Vargas), divulgado nesta segunda-feira (19).

O levantamento faz estimativas sobre o comportamento do Produto Interno Bruto (PIB), conjunto de todos os bens e serviços produzidos no país, e serve como prévia do dado oficial, divulgado trimestralmente pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O desempenho do primeiro trimestre de 1,6% é dessazonalizado, ou seja, foram excluídas variações típicas da época do ano, para que efeitos do calendário não distorçam a comparação entre períodos diferentes.

Setores

A economista Juliana Trece, coordenadora da pesquisa, aponta que a agropecuária teve “forte crescimento” de 12,2% no primeiro trimestre, sendo o grande destaque do período.

Ela frisa ainda que o crescimento de 1,3% no setor de serviços, atividade de maior peso no PIB, também colaborou para o bom desempenho da economia.

“Com isso, o resultado do primeiro trimestre reverte a tendência declinante da economia, que se observava desde o terceiro semestre de 2024”, analisa Trece. 

No fim de 2024, o resultado trimestral havia sido quase nulo, com apenas 0,1% de alta ante o trimestre imediatamente anterior.

A economista disse que as exportações voltaram a crescer (2,8%) no primeiro trimestre, com grande influência de produtos agropecuários.

O ponto negativo, revela a pesquisadora, foi a estagnação da indústria. 

“Embora a maior parte das atividades industriais tenha registrado crescimento, a retração na indústria de transformação [segmento que transforma matéria prima em um produto final ou intermediário, que vai ser novamente modificado por outra indústria], atividade de maior peso na indústria, explica esse desempenho”, explica.    

Comportamentos

O levantamento do Ibre/FGV aponta que o consumo das famílias cresceu 2,7% no primeiro trimestre ante o mesmo período do ano passado. Apesar de estar no campo positivo, esse resultado mostra trajetória decrescente. No quarto trimestre de 2024, por exemplo, a evolução tinha sido de 3,7%.

A Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), indicador que mostra o comportamento dos investimentos, registrou 6,9% no primeiro trimestre deste ano ante o mesmo período do ano passado, sendo também outro indicador com tendência decrescente. No terceiro trimestre de 2024, a expansão tinha sido de 10,8%.

Em valores monetários, a FGV estima o PIB brasileiro do primeiro trimestre em R$ 3,393 trilhões.

Resultado oficial

O Monitor do PIB da FGV é um dos estudos que servem como termômetro da economia brasileira. Outro levantamento é o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), também divulgado nesta segunda-feira, que indicou expansão de 1,3% na passagem do quarto trimestre de 2024 para o primeiro trimestre de 2025, e de 4,2% no acumulado de 12 meses.

O resultado oficial do PIB é apresentado trimestralmente pelo IBGE. A divulgação referente ao primeiro trimestre deste ano será em 30 de maio.

 

 

 

 

 

Por - Agência Brasil

 Caixa começa a pagar Bolsa Família de maio

A Caixa Econômica Federal começa a pagar a parcela de maio do Bolsa Família. Recebem nesta segunda-feira (19) os beneficiários com Número de Inscrição Social (NIS) de final 1. Ao todo cerca de 20,4 milhões de famílias receberão o benefício neste mês.

Os beneficiários de alguns municípios de sete estados recebem o pagamento nesta segunda, independentemente do NIS. O pagamento ocorre em cidades em situação de emergência ou em calamidade pública nos seguintes estados: Amazonas, Piauí, Paraná, Rio de Janeiro, Roraima, Sergipe e São Paulo.

O valor mínimo corresponde a R$ 600. Além do benefício mínimo, há o pagamento de três adicionais. O Benefício Variável Familiar Nutriz paga seis parcelas de R$ 50 a mães de bebês de até seis meses de idade, para garantir a alimentação da criança. O Bolsa Família também paga um acréscimo de R$ 50 a famílias com gestantes e filhos de 7 a 18 anos e outro, de R$ 150, a famílias com crianças de até 6 anos.

No modelo tradicional do Bolsa Família, o pagamento ocorre nos últimos dez dias úteis de cada mês. O beneficiário poderá consultar informações sobre as datas de pagamento, o valor do benefício e a composição das parcelas no aplicativo Caixa Tem, usado para acompanhar as contas poupança digitais do banco.

Além do benefício integral, cerca de 3 milhões de famílias estão na regra de proteção em maio. Em vigor desde junho de 2023, essa regra permite que famílias cujos membros consigam emprego e melhorem a renda recebam 50% do benefício a que teriam direito por até dois anos, desde que cada integrante receba o equivalente a até meio salário mínimo.

A partir de junho, o tempo de permanência na regra de proteção será reduzido de dois para um ano. No entanto, a mudança só abrangerá as novas famílias que entrarem na fase de transição. Quem se enquadrou na regra até maio continuará a receber metade do benefício por dois anos.

Desde o ano passado, os beneficiários do Bolsa Família não têm mais o desconto do Seguro Defeso. A mudança foi estabelecida pela Lei 14.601/2023, que resgatou o Programa Bolsa Família (PBF). O Seguro Defeso é pago a pessoas que sobrevivem exclusivamente da pesca artesanal e que não podem exercer a atividade durante o período da piracema (reprodução dos peixes).

Auxílio Gás

Neste mês não haverá o pagamento do Auxílio Gás, que beneficia famílias cadastradas no CadÚnico. Como o benefício só é pago a cada dois meses, o pagamento voltará em maio.

Só pode receber o Auxílio Gás quem está incluído no CadÚnico e tenha pelo menos um membro da família que receba o Benefício de Prestação Continuada (BPC). A lei que criou o programa definiu que a mulher responsável pela família terá preferência, assim como mulheres vítimas de violência doméstica.

Calendário Bolsa Família 2025
Arte EBC
 
 
 
 
 
 
Por - Agência Brasil
 Ativistas debatem resistência digital diante de IA e plataformização

Um dos maiores encontros sobre privacidade e segurança do mundo, a CryptoRave ocupou neste final de semana os saguões e auditórios da Biblioteca Mário de Andrade, em São Paulo. Os debates mostraram o potencial de articulação de comunidades quilombolas e indígenas.

Sophie Toupin, professora assistente do Departamento de Informação e Comunicação da Universidade Laval, no Quebec, Canadá, esteve à frente de um workshop que abordou práticas de resistência digital. Ela enumerou alguns aspectos que caracterizam esse tipo de posicionamento, esclarecendo que podem ser reprovações ao tecnofascismo, à plataformização e comercialização da internet.

A resistência digital, conforme explicou a canadense, pode também ser uma forma de se erguer contra as condições em que trabalham profissionais dessas plataformas e os que manejam inteligência artificial (IA) e contra mega data centers, o uso de recursos para fins militares e coloniais. Outra utilização rechaçada por quem adere a esse tipo de resistência diz respeito ao vigilantismo digital.

"Pessoas de todo o mundo enviaram cartões aos palestinos, para que pudessem usar a internet em Gaza e contatar parentes, independentemente de onde estivessem. É uma iniciativa incrível, que começou fora de Gaza. Nós, ativistas, precisamos continuar pensando em formas originais de oferecer apoio", disse Sophie, em entrevista à Agência Brasil.

A pesquisadora adiciona que uma situação recorrente entre jornalistas que cobrem o morticínio de palestinos é o que se chama deshadow banning, que é quando uma plataforma online restringe ou mesmo oculta o conteúdo de um usuário sem notificá-lo. Isso tem acontecido quando os jornalistas fazem live streamings, ou seja, transmissões ao vivo dos acontecimentos.

"Sem esses jornalistas, acho que o mundo não saberia que esse genocídio está ocorrendo", reconhece ela, acrescentando que sustentar as veiculações é uma vitória, mas que, inclusive, manter-se vivo nesse contexto, que implica diversos riscos, é algo grandioso e uma forma de resistência também.

Comunidades

No maior território quilombola do Brasil, o Kalunga, que já tem mais de 200 anos e fica na Chapada dos Veadeiros, Goiás, a resistência digital já se consolidou. TC Silva (foto), músico, fundador da Casa de Cultura Tainã, de Campinas (SP), e militante do Movimento Negro Unificado, contou que, com muitas obstinação, a comunidade conquistou um data center local e acesso à internet.

O sistema exigiu uma bateria de 60 quilos, placas solares e a instalação de uma antena de 13 metros, em um pico de 1,3 mil metros de altura, que se comunica com uma outra, situada a 32 quilômetros. "Pode estar acessando a rede mundial, a internet, ou só circulando dentro dessa infraestrutura do território", explicou Silva, que divulgou, da Rede Mocambos.

Uma barreira que TC Silva e outros ativistas têm tido que vencer é, diz ele, a tradição de editais. Para ele, essa forma que se convencionou para obter recursos financeiros para projetos como os que ele desenvolve com outras pessoas é excludente e não garante o direito de todos. "Edital não desenvolve consciência", afirma. 

"Só apoiam as coisas que nascem nos gabinetes", complementa o mobilizador social, que não vê abertura para projetos concebidos pelas comunidades.

São Paulo (SP), 18/05/2025 - Ativistas debatem resistência digital diante de IA e plataformizaçãoCryptorave em SP destacou iniciativas e desafios comunitáriosFoto: Cadu Pinotti/Agência Brasil
Ativistas debatem resistência digital diante de IA e plataformização Cryptorave em SP destacou iniciativas e desafios comunitários Foto: Cadu Pinotti/Agência Brasil

Dividindo a mesa de abertura com TC Silva, a indígena p'urhépecha Yunuen Torres Ascencio sublinhou que sua comunidade, em Cherán, no México, é marcada pelo protagonismo feminino e rejeitou esquemas tradicionais, com partidos, políticos e governos: "Deve-se pensar a tecnologia a partir do que pensa a comunidade."

Inteligência artificial

Uma das responsáveis pela organização da CryptoRave, a cientista social e educadora Maraiza Adami levantou um componente que pode explicar parte da descrença em determinados prognósticos, sobretudo, quando o tema é inteligência artificial. 

"Há sentenças, nos últimos anos, de que as IAs vão dominar tudo, vai haver declínio de emprego, o ser humano está perdendo sua capacidade de interpretar coisas e que a IA vai fazer para a gente. Que a gente não vai ter mais produção artística, porque a IA vai fazer melhor", afirma ela, que é bacharela em Sistemas de Informação pela Universidade de São Paulo (USP) e mestranda em Ciências humana na Universidade Federal do ABC (UFABC), com foco, em suas pesquisas, nas implicações sociotécnicas das tecnologias.

"Algo que é muito da imprensa, mas também de uma área da tecnologia, do Vale do Silício, que está prometendo muito com a IA, quase a construção de uma nova inteligência em detrimento dos humanos. E a gente acha que isso não vai acontecer."

 

 

 

 

 

 

 

Por - Agência Brasil

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