A enxurrada de desinformação que passou a circular na pandemia de covid-19 com mais força deixou sequelas, impactou serviços de saúde e se comporta como uma epidemia, avaliaram pesquisadores na Jornada Nacional de Imunizações, realizada em Florianópolis, pela Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm).
A diretora da SBIm e integrante do grupo consultivo da Vaccine Safety Net da Organização Mundial da Saúde, Isabela Ballalai, compara a desinformação à uma doença de fácil transmissão.
"A desinformação pode causar doenças, pode matar, deve ser considerada uma doença e merece prevenção, vigilância, ações planejadas. A gente precisa acompanhar, diagnosticar. Contra um surto de sarampo, a gente não tem que planejar? É a mesma coisa".
Organizar essa resposta se torna ainda mais importante porque movimentos antivacinistas se tornaram mais estruturados na América Latina com a pandemia de covid-19, recebendo inclusive recursos transnacionais. No caso do Brasil, esses grupos chegaram a contar também com apoio do governo de Jair Bolsonaro, que deu voz a antivacinistas em uma audiência pública promovida pelo Ministério da Saúde sobre a vacinação pediátrica contra a covid-19.
Isabela Ballalai chama a atenção para o planejamento de uma comunicação que chegue até as pessoas, uma vez que pacotes de internet mais baratos muitas vezes dificultam o acesso a páginas oficiais e fontes confiáveis de informação, mas garantem a comunicação por redes sociais, local em que conteúdos virais de desinformação circulam fortemente.
"Os picos de desinformação e hesitação se dão quando há a divulgação de uma nova informação, uma nova política de saúde, ou relato de possível problema de saúde", afirma.
“Esses grupos são muito estruturados e têm dinheiro”, acrescenta.
Estresse vacinal
Um exemplo emblemático desse padrão foi a campanha de desinformação contra a vacina do HPV no Acre, entre 2014 e 2019. A vacina é indicada para adolescentes de 9 a 14 anos, e é de grande importância para prevenir casos de câncer, como o cérvico-uterino. Episódios de reações à vacina, chamados de estresse vacinal, entretanto, levaram a uma forte campanha de desinformação que atribuiu falsamente à vacina o risco de causar paralisias e epilepsia.
O psiquiatra Renato Marchetti, professor da Universidade de São Paulo, explica que reações de estresse pós-vacinação têm como gatilhos dor, medo e ansiedade e podem se proliferar quando uma pessoa vê imagens ou testemunha outra pessoa sofrendo dessa reação. Esses sintomas afetam principalmente adolescentes do sexo feminino, são involuntários e se parecem com sintomas neurológicos, mas suas causas são psicossociais.
"Uma parte importante para o desfecho do estresse vacinal depende do conhecimento das pessoas que sofreram o problema, dos familiares, dos médicos e de outras pessoas da sociedade sobre o assunto. É preciso saber que existe a reação de estresse vacinal, que aquilo não é uma doença desconhecida, e, sim, um problema que pode acontecer também devido a outros tipos de estresse. A divulgação científica das reações psicogênicas seria um ponto importante", avalia.
"A gente conviveu com muitos médicos que atenderam às meninas no Acre, e a maior parte deles não eram pessoas mal intencionadas. Eles [médicos] tinham dúvidas sobre o que estava acontecendo porque essa reação não é bem conhecida nem entre os médicos".
Situações como essa são registradas desde a década de 1990, com diferentes vacinas, e principalmente durante a imunização escolar. Com a divulgação de imagens e relatos pela imprensa ou grupos contrários à vacinação, esses casos se alastram.
Foi o que ocorreu no Acre, em que imagens de adolescentes desmaiadas causaram forte temor e levaram até mesmo profissionais de saúde a contraindicarem a vacinação. O desconhecimento dos profissionais da imprensa e da saúde sobre as reações de estresse vacinal agravaram a situação. O temor e o pico de informação antivacina, explica Marchetti, causa um fenômeno chamado hesitação vacinal reativa transmissível, um surto de hesitação vacinal. No caso do Acre, a cobertura da vacina HPV chegou a menos de 1%.
"Toda vez que ocorre um evento com repercussão, você tem uma infodemia, uma propagação aguda que responde às mesmas modelagens matemáticas de uma epidemia de causas biológicas", explica.
Até pediatras
A desinformação sobre as vacinas covid-19 pode ter aumentado a hesitação vacinal (relutância ou recusa) até mesmo entre pediatras, indica um estudo ainda em andamento com quase mil médicos brasileiros dessa especialidade.
Por meio de entrevistas em que os profissionais declaravam concordar ou discordar de afirmações, os pesquisadores detectaram uma forte correlação entre a crença de que as vacinas contra a covid-19 ainda são experimentais e a desconfiança de que as vacinas não são seguras de forma geral.
A pesquisa é resultado de uma parceria entre a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e o Instituto Questão de Ciência (IQC), e busca produzir material direcionado à conscientização desses profissionais, recuperando sua confiança nas imunizações. Foram ouvidos 982 pediatras - 90% fizeram residência médica, 60% declararam que atuam nas redes pública e privada e 41% estavam com o calendário vacinal em dia.
Coordenador do trabalho e diretor de educação científica do IQC, Luiz Gustavo de Almeida apresentou que os pediatras se posicionaram sobre as seguintes afirmações: "as vacinas covid-19 em pediatria ainda podem ser consideradas experimentais"; "a vacina covid-19 de RNAm pode acarretar algum risco de modificação do DNA da criança"; e "a vacinação de crianças é fundamental, pois está é uma doença importante na pediatria que pode levar a casos graves". As duas primeiras afirmações são falsas e frequentemente usadas em campanhas de desinformação. Já a terceira é verdadeira e comprovada por estudos científicos e autoridades sanitárias de diversos países.
Além das frases sobre as vacinas contra a covid-19, também foram apresentadas outras como "eu tenho total confiança de que as vacinas são seguras"; "a vacina tríplice viral causa autismo"; e a "a vacina HPV administrada na adolescência pode favorecer o início da vida sexual". As duas últimas frases são mentiras usadas pelo movimento antivacinista.
"A covid abalou a confiança em todas as outras vacinas. Essa é a mensagem final que a gente tem no artigo. Por conta das vacinas da covid, alguns pediatras acabaram perdendo a confiança nas outras vacinas, como a de HPV".
Almeida disse que a pesquisa constatou forte coesão entre todas as respostas contrárias à confiança nas vacinas, mostrando que a desconfiança propagada contra as vacinas covid-19 pode ter contaminado as crenças sobre outros imunizantes.
Residência médica
O estudo também pode indicar que profissionais que fizeram residência médica estão menos sujeitos a hesitar na recomendação de vacinas para seus pacientes. Os dados preliminares mostram que, entre o grupo minoritário que respondeu à entrevista demonstrando desconfiar das vacinas, a característica mais comum era a ausência de residência médica na formação.
Almeida explicou que os pesquisadores ainda estão debruçados sobre os dados para interpretá-los, mas as respostas já permitiram identificar dois perfis: um que concorda fortemente que as vacinas são confiáveis, e outro que se declara neutro em relação a isso ou discorda parcial ou integralmente. Esse segundo grupo somou cerca de 10% dos respondentes.
De acordo com Almeida, os pediatras estão entre o grupo médico que mais confia nas vacinas. Ele afirmou que a maioria dos que responderam o questionário é favorável à imunização. "Teve esses 10% que têm uma outra visão que não é a mais prevalente. E a ideia de formar esses perfis é munir [com informações] todos que têm dúvidas e não acreditam nas vacinas".
Entre os que concordam fortemente que as vacinas são seguras, o perfil foi de profissionais que fizeram residência médica, não têm mestrado nem doutorado e atuam nas redes pública e privada. Almeida afirma que uma hipótese dos pesquisadores é que a vivência dos serviços de saúde durante a residência médica reforça a confiança de que as vacinas são seguras e importantes para prevenir doenças.
"Isso é algo que ainda estamos discutindo. Quem passou direto da faculdade para o atendimento talvez não teve esse contato principalmente com o atendimento na rede pública", diz. "Quem não fez residência pode ter visto nos jornais, mas não viu crianças sofrendo em hospitais".
Por - Agência Brasil
Pela segunda vez na história, cirurgiões transplantaram o coração de um porco para um homem, anunciaram os médicos da Universidade de Medicina de Maryland, nos Estados Unidos, na sexta-feira (22), dois dias após o procedimento.
O paciente, Lawrence Faucette, é um veterano da Marinha de 58 anos e tinha outros problemas além de insuficiência cardíaca. Por isso, ele era inelegível para um transplante de coração tradicional.
“Ninguém sabe deste ponto em diante. Pelo menos agora tenho esperança e uma chance”, disse Faucette, em um vídeo gravado pelo hospital antes da operação. “Vou lutar com unhas e dentes por cada respiração que puder respirar.”
Embora as próximas semanas sejam críticas, os médicos ficaram entusiasmados com a resposta inicial do paciente ao órgão do porco, que foi geneticamente modificado.
“Temos esperança de que ele volte para casa em breve para aproveitar mais tempo com sua esposa e o resto de sua amorosa família", afirmou Bartley Griffith, que realizou o transplante, em comunicado.
Segunda tentativa
Em janeiro de 2022, a mesma equipe de médicos realizou o primeiro transplante do mundo de um coração de porco geneticamente modificado para um ser humano. O paciente, David Bennett, sobreviveu por dois meses.
Para fazer esta nova tentativa num paciente vivo, os pesquisadores de Maryland precisaram de uma permissão especial do Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos Estados Unidos (FDA). A equipe alegou que, embora o primeiro paciente tenha morrido por razões que não são totalmente compreendidas, os médicos aprenderam o suficiente desde então para tentar novamente.
Faucette, que se aposentou como técnico de laboratório nos Institutos Nacionais de Saúde, teve que concordar que entendia os riscos do procedimento.
“Não temos outras expectativas além de esperar mais tempo juntos. Isso poderia ser tão simples quanto sentar na varanda e tomar café juntos", disse Ann Faucette, esposa do paciente.
Método aperfeiçoado
As tentativas de transplantes de órgãos de animais para humanos falharam durante décadas, pois o sistema imunológico das pessoas destrói imediatamente o tecido estranho. Para tornar os órgãos mais semelhantes aos humanos, os cientistas modificam os porcos geneticamente.
No total, 10 alterações foram feitas:
Três genes – responsáveis por uma rápida rejeição de órgãos de porcos por humanos, mediada por anticorpos – foram “eliminados” no porco doador.
Seis genes humanos responsáveis pela aceitação imunológica do coração de porco foram inseridos no genoma.
Um gene do porco foi eliminado para evitar que o tecido cardíaco transplantado crescesse demais.
Além disso, depois do primeiro transplante, os médicos descobriram a existência de um vírus presente no coração do porco. Isso os permitiu aperfeiçoar os testes no órgão antes de transplantá-lo.
“É uma sensação incrível ver o coração deste porco funcionar em um ser humano”, disse o Dr. Muhammad Mohiuddin, especialista em xenotransplante da equipe de Maryland. Mas, advertiu ele, “não queremos prever nada. Tomaremos cada dia como uma vitória e seguiremos em frente.”
Por G1
Quatro tumbas romanas de 2.000 anos foram descobertas no norte da Faixa de Gaza, confirmou um arqueólogo à AFP neste sábado (23), possibilitando assim a reconstituição do primeiro cemitério romano completo neste território palestino.
"Com a descoberta destas quatro, o número total de tumbas neste cemitério romano - que data do período entre o século I a.C. e o século II d.C. - agora sobe para 134", afirmou Fadel Al-Otol.
De acordo com este arqueólogo palestino, trata-se da "primeira necrópole romana completa" descoberta em Gaza.
Também foram encontrados fragmentos de cerâmica e peças metálicas utilizadas em rituais funerários.
O cemitério abriga túmulos com a estrutura piramidal. No interior, a equipe de técnicos que trabalha com o arqueólogo realiza restaurações com ferramentas rudimentares.
"Dois caixões de chumbo, um decorado com cachos de uvas e outro com golfinhos nadando, foram descobertos recentemente no local", conta Fadel.
As escavações e restaurações são financiadas pelo Fundo de Proteção à Cultura do British Council.
A Faixa de Gaza faz fronteira com Israel e o Egito. Controlada pelo movimento islâmico palestino Hamas, está sujeita a um bloqueio israelense há mais de 15 anos.
Por G1
Pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) identificaram um veneno de aranha com potencial para tratar a disfunção erétil.
O estudo é desenvolvido há 20 anos e resultou em uma molécula que pode ser usada em gel para favorecer a ereção masculina.
Nesta reportagem você vai entender:
- Que aranha é essa?
- O que é disfunção erétil?
- Como a pesquisa surgiu?
- Quais os resultados do estudo?
- Quando o produto vai estar no mercado?
Veja abaixo os principais pontos da pesquisa.
🕷️ Que aranha é essa?
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Ao se levantar, armadeira mostra os ferrões para afastar a ameaça. — Foto: Marlon Oliveira/VC no TG
- A Phoneutria nigriventer, nome científico da aranha-armadeira, é encontrada em países da América do Sul, incluindo o Brasil. Em Minas Gerais, está presente em áreas urbanas e rurais.
- O animal recebeu esse nome por causa de sua posição de ataque, com as patas dianteiras levantadas (veja foto acima). Quando se sente ameaçada, pode saltar até 40 centímetros.
- A espécie é uma das mais venenosas do mundo. A toxina é capaz de causar, especialmente em homens jovens, uma ereção involuntária e dolorosa, conhecida como priapismo, que pode levar à necrose do pênis.
- Uma mordida dela pode ser fatal.
🤔 O que é disfunção erétil?
Disfunções sexuais afetam homens e mulheres.
- A disfunção erétil é a incapacidade persistente de produzir ou manter uma ereção suficiente para uma relação sexual satisfatória.
- Segundo especialistas, é o principal problema sexual vivido pelos homens.
- As causas variam e, muitas vezes, estão relacionadas com fatores psicológicos, como ansiedade e estresse.
- Também pode ser consequência de problemas físicos, que afetam a vascularização ou enervação do pênis.
🔍 Como a pesquisa surgiu?
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Professora Maria Elena de Lima, da UFMG. — Foto: Assessoria de Comunicação da Santa Casa de BH
- Os pesquisadores da UFMG buscaram compreender, do ponto de vista farmacológico, os mecanismos que geram o priapismo ocasionado pelo veneno da aranha-armadeira.
- O estudo começou há quase 20 anos, com base em uma tese de doutorado. Ele é liderado pela professora aposentada Maria Elena de Lima, do Departamento de Bioquímica e Imunologia do Instituto de Ciências Biológicas (ICB/UFMG).
- Em laboratório, a partir do veneno da aranha, os cientistas conseguiram extrair uma molécula sintética com propriedades promissoras para a criação de um gel contra a disfunção erétil.
🧪 Quais os resultados do estudo?
- Até o momento, a molécula, batizada de BZ371A, já gerou 22 patentes internacionais e nove aplicadas.
- De acordo com a professora Maria Elena de Lima, a pesquisa é "inspirada pela nossa biodiversidade, que começa com o estudo do veneno de uma aranha e está próxima de gerar um possível medicamento".
- O candidato a fármaco para disfunção erétil foi aprovado recentemente na fase 1 de testes pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que avalia os possíveis efeitos no organismo. A primeira etapa provou que o composto não é tóxico para humanos.
- Em teste-piloto, realizado em homens e mulheres, os pesquisadores observaram que a aplicação tópica (na pele) do BZ371A resulta na vasodilatação e no aumento do fluxo sanguíneo local, facilitando a ereção peniana. O mesmo ocorreu em experimentos anteriores com camundongos.
🙋♂️ Quando o produto vai estar no mercado?
- A Biozeus Biopharmaceutical, empresa que adquiriu a patente do fármaco, prepara o início dos ensaios clínicos da fase 2, quando o BZ371A será testado em homens que passaram por cirurgia de retirada da próstata (prostatectomizados). A intervenção geralmente leva à disfunção erétil.
- Nesta etapa, será testado o potencial do remédio, ao comparar o efeito em indivíduos saudáveis com o gerado nas pessoas prostatectomizadas.
- Se aprovado na segunda fase, os testes vão para a fase 3, quando serão ampliados e poderão ser feitos em hospitais. Apenas depois disso, o fármaco poderá ser validado como medicamento.
- Apesar de não ter uma previsão para chegar ao mercado, a pesquisa indica que o possível fármaco tem potencial para ajudar homens que, por diferentes motivos, não podem fazer uso dos medicamentos disponíveis atualmente nas farmácias, como o Viagra e Cialis.
- Segundo os pesquisadores, uma vantagem é que a aprovação de medicamentos tópicos, como o gel, costuma ser bem mais rápida, em razão da menor possibilidade de efeitos colaterais adversos.
Por - G1
O desaparecimento de Marco Aurélio Simon, escoteiro sumiu durante uma trilha no Pico dos Marins, em Piquete, cidade do interior de São Paulo que fica a 200 km da capital, já completou 38 anos.
Após quase quadro décadas sem uma resposta sobre o paradeiro do escoteiro, a Polícia Civil decidiu retomar o caso e realiza uma nova varredura com escavações no pico onde Marco foi visto pela última vez.
Desde 1985 que a polícia e a família buscam pelo escoteiro. Já foram feitos interrogatórios, escavações, o desaparecimento ganhou repercussão nacional, o caso foi arquivado, desarquivado, retratos de como o escoteiro estaria atualmente foram divulgados, novas buscas e escavações foram realizadas, mas nenhuma pista concreta sobre o que aconteceu com Marco foi encontrada ao longo desses anos.
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Polícia retoma buscas por Marco Aurélio, escoteiro que desapareceu há 38 anos em Piquete (SP) — Foto: Rauston Naves/TV Vanguarda
Mas, afinal, porque as buscas por Marco Aurélio foram retomadas quase 40 anos após o desaparecimento? Segundo a Polícia Civil, o motivo da retomada repentina do caso é que surgiram novas pistas de que o corpo de Marco Aurélio pode estar enterrado no Pico dos Marins.
Drones de tecnologia alemã, que têm capacidade de fazer detecção de materiais mesmo em uma grande profundidade, sobrevoaram o Pico dos Marins e identificaram ao menos cinco pontos do terreno onde ossos estariam enterrados.
A polícia acredita que esses locais podem ser covas e que o corpo de Marco pode estar no local. Diante dessa suspeita, a partir dessa segunda-feira (18), dezenas de peritos e policiais vão iniciaram uma nova escavação em Piquete para localizar os ossos e descobrir se pertencem a Marco.
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Local onde as buscas pelo escoteiro Marco Aurélio, desaparecida há 38 anos, se concentrarão — Foto: Rauston Naves/TV Vanguarda
A expectativa é que a missão de varredura no local dure até cinco dias. A metodologia usada na escavação vai contar também com peneiração da terra, já que, devido ao longo tempo que se passou, os ossos podem estar esmigalhados pelo processo de decomposição.
A retomada das buscas foi acordada em uma reunião realizada na Delegacia Seccional de Guaratinguetá nesta semana e vai contar com a participação de peritos da capital, policiais do Vale do Paraíba e outros agentes de segurança.
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Escoteiro Marco Aurélio Simon desapareceu aos 15 anos em 1985 no Pico dos Marins em Piquete (SP) — Foto: Arquivo pessoal
Caso desarquivado
O caso foi desarquivado em 2021, após novos indícios abrirem duas linhas de investigação da polícia. A primeira delas é a de que ele pode ter sido morto e enterrado em uma área próxima ao acampamento.
Em novembro do ano passado e em julho de 2021, escavações chegaram a serem feitas pela Polícia Civil em uma casa e terrenos na área rural de Piquete (SP), mas nos dois casos a ação terminou sem o encontro de novas evidências sobre o caso Marco Aurélio.
Cães farejadores participaram da última busca em 2022, mas apenas um material orgânico, sem relação com o escoteiro, foi localizado na época.
ENTENDA O CASO:
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Escoteiro Marco Aurélio Simon desapareceu aos 15 anos em 1985 no Pico dos Marins em Piquete (SP) — Foto: Arquivo pessoal
Segunda linha de investigação
A outra possibilidade que será investigada pela Polícia Civil é a de que Marco Aurélio possa estar vivo e hoje esteja em situação de rua. Há depoimentos de que ele foi visto em Taubaté em mendicância.
A família encomendou de peritos uma imagem envelhecida do escoteiro, com características de morador de rua e usa para tentar encontrá-lo (veja abaixo). Para esta linha de investigação, a polícia acionou as penitenciárias da cidade, equipes da Polícia Civil e Militar.
Esta linha é também o que acredita a delegada Sandra Vergal, responsável pela investigação do caso à época.
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Família fez imagem de como Marco Aurélio estaria hoje; hipótese é de que ele viva como andarilho — Foto: Arquivo Pessoal
Desaparecimento e histórico
Marco Aurélio Simon desapareceu na manhã do dia 8 de junho de 1985. Ele e outros três amigos, todos com 15 anos à época, faziam uma trilha como escoteiros ao cume do Pico dos Marins, o mais alto do estado de São Paulo, que fica na cidade de Piquete.
À época, polícia, bombeiros e equipes de inteligência fizeram buscas por 28 dias na área. Um inquérito foi aberto na Polícia Civil para investigar seu desaparecimento, mas terminou arquivado e sem resposta. Mais de 30 anos depois, com um novo depoimento, a polícia decidiu pela reabertura e investigação do caso.
A primeira linha já foi executada em parte, com uma escavação, que terminou sem o encontro de novos indícios. Ainda há uma área a ser escavada, mas é classificada como de preservação ambiental e, por isso, foi necessária uma série de autorizações.
A segunda aponta suspeita de que estaria em Taubaté, depois de terem visto um morador de rua com os mesmos traços dele. À época do desaparecimento, havia depoimento de um motorista de ônibus que disse ter visto Marco Aurélio e ter dado a ele carona para ele.
A polícia tem ouvido pessoas que estavam com o menino à época, pessoas que disseram ter visto Marco Aurélio e mapeado penitenciárias e espaços de acolhida de pessoas em situação de rua em busca de informações.
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Reportagem da época lembrava desaparecimento de Marco Aurélio no Pico dos Marins — Foto: Reprodução/ TV Vanguarda
Por - G1
Os ataques sofridos pelas universidades e pela produção científica nos últimos anos foram tema de debate do painel “Pacto da educação pela democracia”, durante o seminário Combate à Desinformação e Defesa da Democracia, realizado pelo Supremo Tribunal Federal (STF), nesta quinta-feira (14).
“A universidade é um espaço do combate à desinformação, pois ela produz conhecimento, saber, ciência, produz o que a gente traz de melhor em tecnologia e inovação e também no aspecto humano”, destacou o reitor da Universidade Estadual de Alagoas (Uneal), Odilon Máximo de Morais.
Entre os caminhos para o combate à desinformação, ele aponta a produção de um conhecimento crítico com respeito à diversidade e o fortalecimento das pesquisas científicas.
O reitor também destacou a importância da divulgação do conhecimento produzido pelas instituições de forma gratuita.
“Para que as pessoas possam ler informações verdadeiras, para que a gente não veja o que temos visto nos últimos anos como por exemplo, o desacreditar da vacinação”, aponta Morais, que também é presidente da Associação Brasileira dos Reitores das Universidades Estaduais e Municipais (Abruem).
O principal motivo de as universidades terem se tornado alvos de ataques nos últimos anos é o fato de elas serem um espaço de aprendizado e exercício da democracia. A avaliação é da reitora da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA), Lúcia Campos Pellanda. “As universidades são fundamentais para um projeto de país soberano. Elas dão um enorme retorno para a sociedade, tanto em benefícios tangíveis quanto em intangíveis”, diz.
Ela citou o caso das desinformações e tentativas de descrédito dos cientistas durante a pandemia de Covid-19. “Na área de saúde, pode-se observar o quanto as notícias fraudulentas podem causar danos e até a morte”.
A mediadora do debate, professora Fábia Lima, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), ressaltou a importância de fortalecer as estruturas de comunicação das universidades.
“Nesse ataque que sofremos, ficou evidente que, se tivéssemos uma estrutura mais robusta a gente conseguiria lidar de uma maneira melhor. Fomos muito guerreiros, enfrentamos relativamente bem, mas temos que nos manter atentos em relação a isso”, disse a diretora do Centro de Comunicação da Universidade Federal de Minas Gerais.
Outro tema abordado no painel foi a diferença entre gerações na compreensão de conceitos como regulação e liberdade. "Quando eu penso em combate à desinformação, eu fico pensando que essa tradução da informação é diferente entre as gerações. Essa compreensão distinta entre as gerações tem sido desafiadora, mas tem trazido algumas oportunidades de repensar o processo de educação”, destacou o professor do Programa de Pós-Graduação Acadêmico em Administração e do Departamento de Administração Pública da Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc) Daniel Pinheiro. Ele lembrou que é preciso trabalhar com linguagens distintas a partir de meios distintos.
Escolas
A formação para a cidadania nas escolas municipais brasileiras foi abordada pelo presidente da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime), Luiz Miguel Garcia. Segundo ele, o processo de geração de cidadania está ligado ao processo de desenvolvimento de uma educação integral. “Ou seja, a educação na sua integralidade de formação, para além do modelo que muitos de nós fomos educados, que é muito fragmentada”, diz Garcia, que também é secretário de Educação, Juventude, Esporte e Lazer do município de Sud Mennucci (SP).
“Nós nos vemos com desafios novos, em um tempo em que novos comportamentos têm comprometido muito o reconhecimento dos alunos enquanto cidadãos. Esse é um processo muito desafiador”, completou, destacando também a importância da formação dos professores.
Livro
O STF, em parceria com a Universidade de Brasília, lançou nesta quinta-feira (14) o livro Desinformação - O mal do século - Distorções, inverdades, fake news: a democracia ameaçada. A coletânea reúne 16 artigos de 31 autores.
A obra foi dividida em três partes. A primeira parte é composta pelos artigos que falam da informação como direito fundamental do ser humano e quesito essencial dos regimes democráticos, todos de autoria de representantes do STF. A segunda parte explora a desinformação sob o espectro da comunicação e do compromisso com a formação das novas gerações. Já a terceira parte trata da questão da desinformação na saúde, em especial durante a pandemia, quando várias informações erradas ou inverídicas foram disseminadas.
Por - Agência Brasil