A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) vai publicar resoluções para revogar o recolhimento, a interdição e a proibição da comercialização de lotes de medicamentos contendo o princípio ativo losartana, anti-hipertensivo e um dos remédios para insuficiência cardíaca mais utilizados no Brasil.
A decisão ocorre após o recebimento de novos dados científicos referentes à impureza detectada no princípio ativo da substância. Lotes da losartana haviam sido recolhidos entre setembro e outubro do ano passado, depois de encontrada presença de um tipo de impureza do tipo azido no produto. Em junho desse ano, outra determinação da Anvisa voltou a recolher o medicamento das prateleiras
"As evidências demonstraram, a partir de novos testes realizados, que a impureza azido não possui a toxicidade inicialmente identificada. Assim, com os novos dados apresentados, os limites de segurança foram recalculados, indicando que os lotes do medicamento que foram recolhidos ou interditados não ultrapassam os limites de segurança", informou a agência.
Ainda de acordo com a Anvisa, a impureza azido pode surgir durante o processo de fabricação do insumo farmacêutico ativo losartana. Inicialmente, essa impureza foi considerada como de potencial mutagênico, ou seja, como possível causadora de alterações capazes de provocar danos às células humanas. Diante de estudos adicionais realizados, a impureza foi reclassificada para "não mutagênica".
Os documentos contendo os novos dados científicos foram solicitados pela Anvisa de forma proativa e recebidos no âmbito do acordo de confidencialidade firmado com a European Medicines Agency (EMA), após divulgação pelo Coordination Group for Mutual Recognition and DecentralisedProcedures – Human (CMDh), órgão vinculado à EMA, de novas informações sobre a impureza azido no losartana.
Por - Agência Brasil
Na busca por uma vida mais saudável, a alimentação ocupa um papel central.
Mas, enquanto muito se fala sobre o que comer, existe uma outra pergunta que vem crescendo: existe hora certa? Sim e o questionamento impulsionou o interesse sobre a chamada crononutrição, um conceito que parte da premissa de que a hora escolhida para cada refeição impacta o corpo de formas diferentes. E essas estratégias, que buscam adequar a alimentação com base no horário do dia, podem não apenas melhorar a qualidade de vida, como prevenir problemas de saúde e ajudar no tratamento de doenças, explicam os especialistas.
— A questão maior é que o nosso corpo não é uma linha reta ao longo das 24 horas do dia, ele altera o comportamento, e dentro dessas variáveis estão aquelas relacionadas à alimentação. Ele recebe o alimento de forma diferente, a capacidade digestória, a quantidade de enzimas que a gente secreta, tudo isso muda. Então se baseia muito na ideia de que nós temos melhores e piores horários para comer — explica a nutricionista Cibelle Crispim, professora e coordenadora do Grupos de Estudos em Cronobiologia Nutricional da Universidade Federal de Uberlândia (UFU).
É uma área nova, afirmam os especialistas, mas que ganha cada vez mais relevância na comunidade científica. Ela é derivada de um campo ainda maior, chamado de cronobiologia, que investiga os ritmos biológicos e os impactos no corpo de modo mais amplo. Já a crononutrição é parecida, mas observa essas variações do ritmo pelo ângulo da refeição e da metabolização dos alimentos.
— É realmente um tema emergente, que passou a ocupar um espaço mais forte a partir de 2014 e recentemente ganhou esse nome. O desenvolvimento do campo começou com estudos de trabalhadores em turnos diferentes, que mostraram que eles tinham variações negativas nos padrões de consumo alimentar e tinham uma propensão maior a desenvolver algumas alterações metabólicas e obesidade por conta disso — afirma o médico endocrinologista e nutrólogo Durval Ribas Filho, presidente da Associação Brasileira de Nutrologia (ABRAN).
Como funciona o ciclo circadiano
A nutricionista Priscilla Primi, colunista do GLOBO e mestre pela Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP) explica que esse ciclo, e as suas variações, é comandado pela secreção de hormônios durante o dia. Por isso, entender quais deles estão mais ativos em quais horários, e como eles impactam na alimentação, é parte crucial da crononutrição.
— Nós temos uma secreção de hormônios diferente na parte da manhã e da noite, o que impacta diretamente no funcionamento do metabolismo, na resposta glicêmica, na absorção dos nutrientes. As pesquisas dizem que temos uma melhor resposta na absorção dos nutrientes durante o dia, até meados da tarde. Isso porque o cortisol, que é o nosso hormônio de vigília, de alerta, e a insulina, que regula a glicose, têm o pico pela manhã. Enquanto isso, a melatonina, hormônio do sono, que reduz essa atividade, tem o pico na madrugada — afirma Priscilla.
Em resumo, isso quer dizer que o corpo tem um comportamento natural que prepara o organismo para receber e metabolizar alimentos pela manhã e pela tarde, enquanto não tem a mesma eficiência para absorver as refeições à noite.
— Quando você acaba invertendo esse ciclo, fazendo jejum de manhã, que é quando o corpo metaboliza melhor os carboidratos, ou fazendo refeições maiores à noite, isso é prejudicial. Porque à noite esses hormônios não são bem secretados, e aí na hora que você deveria fazer essa digestão e gastar essas calorias, você está dormindo — complementa a nutricionista.
Especialistas destacam o papel importante do sono na regulação desse ciclo, uma vez que é ele um dos responsáveis por estabelecer um padrão. Isso porque é por influência da exposição à luz e da hora de dormir que o corpo determina a liberação dos hormônios.
— É difícil desatrelar a crononutrição do sono. Porque nosso corpo tem um relógio, que nos dá o sinal de que é dia ou noite. São células no cérebro que recebem um sinal que é escuro, por exemplo, e transmite para os órgãos que é hora de dormir. Aí o próprio cérebro começa a secretar os hormônios ligados à noite. Da mesma forma, o claro da manhã é um sinal para estimular essas mesmas células para avisar ao corpo que é dia, e secretar os hormônios da manhã — explica Cibelle.
Além disso, a falta de um sono adequado influencia comportamentos que levam a um excesso de alimentos durante a noite – momento em que o corpo não está preparado para absorvê-los. Um estudo da Universidade Northumbria, na Inglaterra, publicado na revista científica Advances in Nutrition, constatou que pessoas que dormem mais tarde têm mais tendência a dietas não saudáveis, consumir mais álcool, açúcar, bebidas cafeinadas e ricas em gordura.
Porém, a proposta da crononutrição não são mudanças radicais que levem a um jejum completo ao anoitecer, por exemplo, e sim um cuidado maior com refeições mais pesadas no período da noite.
— A questão não é deixar de comer, mas comer menos, de forma mais saudável e leve, e olhar para o ritmo do funcionamento do corpo de forma geral, então priorizar os horários pela manhã — orienta Cibelle.
Prevenção e controle de doenças
Embora muitos acreditem que os riscos do desalinhamento na hora de comer estão relacionados apenas a um maior ganho de peso, os especialistas esclarecem que os principais objetivos da crononutrição são na verdade oferecer uma melhora na qualidade de vida e, principalmente, ajudar na prevenção de doenças ligadas a uma má metabolização dos alimentos.
Uma análise de diversos estudos da área, conduzida por pesquisadores da King's College de Londres, no Reino Unido, e publicado na revista científica Proceedings of the Nutrition Society, encontrou uma ligação entre comer de forma irregular com o relógio interno e um risco elevado para hipertensão arterial, diabetes tipo 2 e obesidade.
— Além disso, existe um corpo de evidências que mostra que o hábito de tomar café da manhã é considerado como um marcador de saúde. Então nós vemos que aqueles que sistematicamente tomam café da manhã são mais protegidos da obesidade. Isso, muito provavelmente, é porque o alimento pela manhã sacia mais, preenche melhor a necessidade calórica, torna as atividades físicas durante o dia mais fáceis de serem realizadas — explica Cibelle.
Dessa forma, os pesquisadores explicam que a crononutrição pode ser utilizada não apenas para reduzir o risco para essas doenças, como para melhorar a vida daqueles que já convivem com ela. Um estudo publicado na revista científica Nutrition & Diabetes, de pesquisadores de Cingapura, constatou que uma alimentação alinhada com base na crononutrição pode ajudar a manter os níveis de glicose dentro do adequado para pessoas com diabetes tipo 2.
Isso porque, entre outros fatores, consumir alimentos com baixo índice glicêmico pela manhã melhora a resposta à glicose com um efeito maior do que quando consumidos à noite, afirmam os cientistas.
— Quem tem doenças metabólicas, síndrome de ovário policístico, resistência à insulina, doenças cardiovasculares, são todas doenças que podem ser muito beneficiadas quando você usa a crononutrição como uma estratégia de intervenção para uma melhora na qualidade de vida — afirma Priscilla.
Cronotipos
Além das variações dos ciclos circadianos impostas por hábitos do dia a dia, como precisar trabalhar até mais tarde ou acordar mais cedo que o normal para estudar, há predisposições naturais relacionadas a classificações chamadas de cronotipos.
— Existem pessoas que acordam 6h da manhã felizes, outras acordam com mais dificuldade. Da mesma maneira, tem pessoas que viram a noite com facilidade, outras sentem sono mais cedo. Esses cronotipos variam de pessoa para pessoa, mas não tiram a natureza do ser humano de ser um animal diurno — explica Cibelle.
Os cronotipos são divididos em três. O matutino é atribuído àquelas pessoas que preferem começar e terminar o dia mais cedo. De acordo com a professora da UFU, essas pessoas têm uma tendência a se alimentarem melhor, a não deixarem de lado o café da manhã e, por estarem mais alinhadas ao ciclo circadiano, estão mais protegidas contra as doenças metabólicas.
Já o cronotipo vespertino é o contrário. São aqueles que, se puderem, escolhem dormir e acordar mais tarde. Cibelle explica que esse cronotipo oferece mais riscos, uma vez que leva a comportamentos mais nocivos como comer mais à noite e ter um sono reduzido.
— A boa notícia é que, na população, temos por volta de 10% a 15% em cada um desses extremos, mas uma parcela maior de pessoas são do cronotipo que chamamos de intermediário ou indiferente. É aquela pessoa que transita bem nos dois lados. Ela não vai até muito tarde, mas também não acorda tão cedo, costuma seguir aquele padrão de acordar 7h e dormir 22h30. É um cronotipo mais perto do matutino, que tende a padrões de comportamento melhores — complementa a especialista.
Para ela, é importante entender o cronotipo da pessoa pois isso influencia nas estratégias que podem ser adotadas para uma melhora na qualidade de vida com base na crononutrição. Isso porque não é efetivo, por exemplo, falar sobre um café da manhã reforçado com alguém do cronotipo vespertino. A orientação, segundo a nutricionista, precisa ser direcionada a evitar os excessos, especialmente da alimentação noturna.
Por - O Globo
Autor de mais de 20 livros sobre a mente, o neurocientista Richard Restak, neurologista e professor clínico no Hospital de Medicina e Saúde da Universidade George Washington, tem décadas de experiência na orientação de pacientes com memória.
“O Guia Completo da Memória: A Ciência do Fortalecimento da Mente”, o último livro do neurocientista, formado em inclui ferramentas como exercícios mentais, hábitos de sono e dieta que podem ajudar a melhorar a memória.
No entanto, Restak se aventura além desse território familiar, considerando todas as facetas da memória – como a memória está conectada ao pensamento criativo, o impacto da tecnologia na memória, como a memória molda a identidade.
— O objetivo do livro é superar os problemas cotidianos de memória — explica.
Especialmente a memória de trabalho, que fica entre a memória imediata e a memória de longo prazo, e está ligada à inteligência, concentração e realização. Segundo o pesquisador, esse é o tipo mais crítico de memória, e exercícios para fortalecê-lo devem ser praticados diariamente. Mas reforçar todas as habilidades de memória, acrescentou, é a chave para evitar problemas de memória posteriores.
O declínio da memória não é inevitável com o envelhecimento, argumenta o neurocientista no livro. Em vez disso, ele aponta para 10 “pecados” ou “pedras de tropeço que podem levar a memórias perdidas ou distorcidas”. Sete foram descritos pela primeira vez pelo psicólogo e especialista em memória Daniel Lawrence Schacter – “pecados de omissão”, como distração, e “pecados de comissão”, como memórias distorcidas. A essas, Restak acrescentou três de sua autoria: distorção tecnológica, distração tecnológica e depressão.
— Nós somos o que podemos lembrar — afirma.
Aqui estão algumas dicas do neurocientista para desenvolver e manter uma memória saudável:
Preste mais atenção
Alguns lapsos de memória são, na verdade, problemas de atenção, não de memória. Por exemplo, se você esqueceu o nome de alguém que conheceu em um coquetel, pode ser porque estava conversando com várias pessoas no momento e não prestou atenção quando ouviu.
— A desatenção é a maior causa de dificuldades de memória. Significa que você não codificou corretamente a memória — explica o especialista.
Uma maneira de prestar atenção ao aprender novas informações, como um nome, é visualizar a palavra. Ter uma imagem associada à palavra, pode melhorar a lembrança, de acordo com Restak. Por exemplo, ele recentemente teve que memorizar o nome de um médico, Dr. King, (um exemplo fácil, ele reconheceu). Assim, ele imaginou um médico “de jaleco branco com uma coroa na cabeça e um cetro em vez de um estetoscópio na mão”.
Encontre desafios de memória diários regulares
Existem muitos exercícios de memória que você pode integrar na vida cotidiana. O neurologista sugere compor uma lista de compras e memorizá-la. Quando você chegar à loja, não retire automaticamente sua lista (ou seu telefone), em vez disso, pegue tudo de acordo com sua memória.
— Tente ver os itens em sua mente e só consulte a lista no final, se necessário. Se você não for à loja, tente memorizar uma receita — sugere.
Ele acrescenta que cozinhar com frequência é realmente uma ótima maneira de melhorar a memória de trabalho.
De vez em quando, entre no carro sem ligar o GPS e tente navegar pelas ruas de memória. Um pequeno estudo de 2020 sugeriu que as pessoas que usaram o GPS com mais frequência ao longo do tempo mostraram um declínio cognitivo mais acentuado na memória espacial três anos depois.
Jogue jogos
Jogos como bridge e xadrez são ótimos para a memória, mas um jogo mais simples também, aconselha Restak. Por exemplo, o “jogo de memória de trabalho favorito” do neurologista é composto por 20 perguntas – em que um grupo (ou uma única pessoa) pensa em uma pessoa, lugar ou objeto, e a outra pessoa, o questionador, faz 20 perguntas com um sim ou-sem resposta. Porque o questionador deve manter todas as respostas anteriores na memória, para adivinhar a resposta correta.
Outro dos exercícios de memória testados e comprovados pelo neurologista requer apenas uma caneta e papel ou um gravador de áudio. Primeiro, lembre-se de todos os presidentes dos Estados Unidos, começando com o presidente Biden e voltando, digamos, a Franklin D. Roosevelt, escrevendo-os ou gravando-os. Então, faça o mesmo, de FDR a Biden. Em seguida, cite apenas os presidentes democratas e apenas os republicanos. Por último, nomeie-os em ordem alfabética.
Se preferir, experimente com jogadores do seu time favorito ou com seus autores favoritos. O objetivo é envolver sua memória de trabalho, “mantendo informações e movendo-as em sua mente”, escreveu Restak.
Leia mais romances
Um indicador precoce de problemas de memória é desistir da ficção.
— As pessoas, quando começam a ter dificuldades de memória, tendem a mudar para a leitura de não-ficção — afirma.
Ao longo de suas décadas de tratamento de pacientes, o pesquisador notou que a ficção requer um envolvimento ativo com o texto, começando do início e indo até o fim.
— Você precisa se lembrar do que o personagem fez na página 3 quando chegar na página 11 — disse ele.
Cuidado com a tecnologia
Entre os três novos pecados da memória de Restak, dois estão associados à tecnologia. O primeiro é o que ele chama de “distorção tecnológica”. Armazenar tudo em seu telefone significa que "você não sabe", o que pode corroer nossas próprias habilidades mentais.
— Por que se preocupar em focar, concentrar e aplicar esforço para visualizar algo quando uma câmera de celular pode fazer todo o trabalho para você? — questiona.
A segunda maneira pela qual nosso relacionamento com a tecnologia é prejudicial para a memória é porque muitas vezes tira nosso foco da tarefa em mãos.
— Em nossos dias, o maior impedimento da memória é a distração — aponta o neurologista.
Como muitas dessas ferramentas foram projetadas com o objetivo de viciar a pessoa que as usa, e, como resultado, muitas vezes nos distraímos com elas. Hoje em dia, as pessoas podem verificar seus e-mails enquanto assistem à Netflix, conversam com um amigo ou caminham pela rua. Tudo isso impede nossa capacidade de focar no momento presente, que é fundamental para a codificação de memórias.
Trabalhe com um profissional de saúde mental, se necessário
Seu humor desempenha um grande papel no que você faz ou não lembra. A depressão, por exemplo, pode diminuir muito a memória.
— Entre as pessoas que são encaminhadas a neurologistas por problemas de memória, uma das maiores causas é a depressão — elucida Restak.
Seu estado emocional afeta o tipo de memórias que você lembra. O hipocampo (ou “centro de entrada de memória”, de acordo com o pesquisador) e a amígdala (a parte do cérebro que gerencia as emoções e o comportamento emocional) estão ligados.
— Então quando você está de mau humor ou deprimido, você tendem a se lembrar de coisas tristes — aponta.
O tratamento da depressão – quimicamente ou por meio de psicoterapia – também costuma restaurar a memória.
Entenda se há motivo para preocupação
Ao longo de sua carreira, dezenas de pacientes questionaram a Restak como eles podem melhorar sua memória. Mas nem todos os lapsos de memória são problemáticos. Por exemplo, não lembrar onde você estacionou seu carro em um estacionamento lotado é bastante normal. Esquecer como você chegou ao estacionamento em primeiro lugar, no entanto, indica possíveis problemas de memória.
— Não há uma solução simples para saber o que deve ser motivo de preocupação — muito disso depende do contexto – explica.
Por exemplo, é normal o esquecer o número do quarto do seu hotel, mas não o endereço do seu apartamento. Se você estiver preocupado, é melhor consultar um especialista médico.
Por - O Globo
A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) aprovou o fim da limitação ao número de consultas e sessões com psicólogos, fonoaudiólogos, fisioterapeutas e terapeutas ocupacionais.
Agora, os planos de saúde terão que oferecer cobertura ilimitada para pacientes com qualquer doença ou condição de saúde listada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), segundo informações da ANS.
A decisão, tomada ontem (11) em reunião extraordinária da diretoria colegiada da agência, foi divulgada pela assessoria de imprensa da ANS. A nova resolução deve começar a valer a partir de 1º de agosto deste ano.
Médico do paciente
Com isso, serão excluídas as diretrizes de utilização para consultas e sessões com esses tipos de profissionais. O atendimento passará a considerar a prescrição do médico do paciente.
A ideia foi “promover a igualdade de direitos aos usuários da saúde suplementar e padronizar o formato dos procedimentos atualmente assegurados, relativos a essas categorias profissionais”.
No dia 1º de julho, a ANS já havia tornado obrigatória, para pacientes com transtornos globais do desenvolvimento, a cobertura de qualquer método ou técnica indicada pelo médico.
Por - Agência Brasil
A endometriose, doença que acomete 6,5 milhões de mulheres no Brasil, ganhou repercussão nos últimos dias depois que a cantora Anitta revelou ter recebido um diagnóstico e que passará por cirurgia.
O dado sobre a ocorrência entre brasileiras faz parte de um levantamento feito em 2020 pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj). No mundo, são 176 milhões de casos.
Ao se manifestar em uma rede social, a artista disse querer que mais pessoas falem sobre o tema e que mulheres recebam o apoio necessário. “[Que] Mulheres que precisam da saúde pública possam ter mais recursos e melhorias de vida. E também para que as mulheres que trabalham tenham direitos no sentido de não serem obrigadas a trabalhar em condições de tremenda dor simplesmente pelo fato de que a doença não é entendida”, escreveu.
O ginecologista e obstetra Mario Martinez, conselheiro do Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp), descreve a endometriose como o fenômeno em que o tecido interno do útero, chamado endométrio, fica fora da cavidade uterina. O crescimento desse tecido pode atingir regiões como o “ligamento uterossacro, septo reto-vaginal, pode caminhar em direção ao intestino e, às vezes, também pegar a parte anterior do útero, atingindo a bexiga".
Dores fortes em cólica no período menstrual (dismenorreia), até mesmo com dores incapacitantes, são alguns dos sintomas mais comuns. Também são comuns dores nas relações sexuais (dispareunia). “Pode levar ainda a quadros de infertilidade feminina. A mulher não consegue engravidar porque, quando ela tem endometriose profunda no compartimento posterior do útero, leva a fatores peritoneais que provocam uma falha de implantação do embrião no endométrio”, acrescenta Martinez.
O médico defende que a doença seja sempre investigada quando relatos como este chegarem aos consultórios. “Se não for, você vai tratar como cólica menstrual, mas se ela relata cólica, na minha opinião, já merece uma investigação. Se você não pensar em endometriose, você não faz diagnóstico, uma vez que o ultrassom comum não pega”, explica. Segundo Martinez, isso ocorre porque a endometriose é uma lesão plana. Os exames para o diagnóstico são ultrassom transvaginal com preparo intestinal ou ressonância magnética.
Uma parte do tratamento envolve o bloqueio hormonal dos ovários, fazendo com que a mulher pare de menstruar. “Quando você tira o fator de produção de hormônio da mulher, que seria estrogênio, com medicações anti-estrogênicas, você acaba fazendo com que a endometriose diminua e, às vezes, até suma, em algumas situações”, aponta.
Se a doença estiver muito avançada, o tratamento é inicialmente cirúrgico e depois hormonal. “Você faz a cirurgia de retirada dos tecidos endometrióticos e depois promove um bloqueio para que não retorne. A doença pode se tornar crônica, então se você não bloqueia ela pode voltar.”
“Pesquisem, galera. A endometriose é muito comum entre as mulheres. Tem vários efeitos colaterais, em cada corpo de um jeito. Podem se estender até a bexiga e causar dores terríveis ao urinar. Existem vários tratamentos. O meu terá que ser cirurgia”, aconselhou Anitta no Twitter.
Por - Agência Brasil
Nos últimos 10 anos, as pesquisas e o uso legal de cannabis medicinal aumentaram muito no Brasil.
Segundo o neurocientista Sidarta Ribeiro, que é professor da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), o avanço acompanha a tendência mundial de regulamentação de medicamentos feitos à base da planta, popularmente conhecida como maconha.
“Isso acontece muito pela ação de familiares de pacientes, de pacientes organizados em associações, isso está crescendo muito. São dezenas de milhares de pessoas que fazem tratamento medicinal com cannabis, isso não existia há 10 anos atrás. Tem um monte de gente que tem autorização para importar, que consegue comprar na farmácia, embora seja caríssimo.”
Ele participou do seminário internacional Cannabis amanhã: um olhar para o futuro, que ocorreu ontem (9) e hoje (10) no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM), promovido pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e pela Associação de Apoio à Pesquisa e Pacientes de Cannabis Medicinal (Apepi).
Tradição e proibição
Para o professor, a proibição da cannabis no Brasil não cumpriu o que prometeu - diminuir o uso recreativo da substância e a violência envolvida no mercado ilegal da planta - e isso está sendo percebido pela população.
“As pessoas estão se conscientizando de que foram enganadas, de que muita injustiça foi cometida em nome dessa guerra contra a maconha e que, na verdade, se elas precisam, ou se algum familiar, algum amigo precisa dessa substância para lidar com situações de vida ou morte, elas são capazes de romper as amarras desse difamação que a maconha sofreu por muitas décadas.”
Também palestrante no evento, o líder indigenista e ambientalista Ailton Krenak lembra que a cannabis foi introduzida no Brasil pelos povos africanos e, depois incorporada aos rituais de alguns povos indígenas há 300 anos.
“A gente não pode naturalizar a ideia de que a cannabis integra o repertório de conhecimento dos povos originários daqui da América do Sul. Ela não é nativa daqui, ela veio para cá com os povos que vieram da África, né? Tem gente que acha que ela entrou pelo Caribe, pela América Central, tem outros historiadores que dizem que os povos que vieram do Benim, da África, levaram ela para o Maranhão e daí ela entrou na Amazônia.”
Krenak destaca a importância das plantas medicinais no saber tradicional dos povos originários, muitas cantadas em rituais tradicionais e outras integrantes de mitos fundadores desses povos.
“O uso medicinal e o uso ritualístico, ele foi integrado a outras práticas, assim como a jurema. A jurema é daqui, é nativa, os povos indígenas do Nordeste têm os rituais da jurema e assimilaram essa planta que veio da África como uma planta que é parente da jurema”.
Associação
A advogada Margarete Brito, fundadora e diretora da Apepi, explica que a associação foi criada em 2014 para ajudar familiares e pacientes que viram na cannabis medicinal uma grande melhora na qualidade de vida de pessoas com doenças rara e neurológicas, como epilepsia. A família dela foi a primeira a conseguir autorização judicial para plantar a maconha e extrair o óleo medicinal em casa e, depois disso, criou a Apepi para ajudar outros pacientes. Atualmente, a associação fornece o óleo para quase 4 mil pacientes.
Este é o terceiro evento que a associação promove em parceria com a Fiocruz, sendo o primeiro em 2018. De acordo com Brito, os palestrantes apresentaram muitos avanços nas pesquisas, esclarecimento médico e no uso da cannabis medicinal no país.
“Até por relato de participantes, médicos, pesquisadores que estão nessa edição, dizendo o quanto o debate avançou. As associações já estão conseguindo plantar e abrir espaço para pesquisa. Hoje, a Apepi tem parceria com a Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro e com a Unicamp, que faz a dosagem de todos os óleos. No último seminário, em 2019, isso nem existia.”
Ela destaca a importância de se amadurecer o debate em torno da maconha medicinal, até para baratear o acesso aos medicamentos, ainda muito caros. Para a advogada, o preço pode baixar com a aprovação do Projeto de Lei (PL) 399/15, que regulamenta o plantio de Cannabis sativa para fins medicinais e a comercialização de medicamentos que contenham extratos, substratos ou partes da planta. O PL foi aprovado na comissão especial da Câmara dos Deputados no mês passado, mas que teve o trâmite novamente interrompido.
“Ainda é muito caro. Além de melhorar o acesso, você gera riqueza para o país, né? Porque hoje existem inúmeras pessoas que ainda usam o produto que vem lá de fora, pagando em dólar. Como o Sidarta diz, é igual você importar mandioca para fazer farinha.”
Pesquisa
O médico sanitarista e assessor de relações institucionais da Fiocruz, Valcler Rangel, explica que a Fiocruz pretende implantar ações para induzir a pesquisa na área, com o objetivo de possibilitar o uso da cannabis medicinal como um recurso para a saúde pública.
"A gente está formulando uma proposta de indução de pesquisas e estudos amplos nessa área, estudos interdisciplinares, pegando no campo biológico, dos estudos clínicos e também das ciências sociais. A ideia é induzir estudos voltados para essa questão do uso medicinal da cannabis, com a constituição de plataformas de análise e a criação de um grupo de trabalho permanente com o pessoal das universidades e da sociedade civil, que trabalhe uma agenda combinada das instituições para esse enfrentamento das dificuldades do uso da cannabis”.
Um estudo da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) mostrou que canabinoides são eficazes no tratamento de doenças neurológicas.
Estudos indicam parkinson, glaucoma, depressão, autismo e epilepsia. Além disso, há evidências da eficácia dos canabinoides contra dores crônicas, em efeitos antitumorais e também contra enjoos causados pela quimioterapia, além da aplicação no tratamento da espasticidade causada pela esclerose múltipla.
Os canabinoides também demonstraram evidências de que são efetivos para o tratamento da fibromialgia, distúrbios do sono, aumento do apetite e diminuição da perda de peso em pacientes com HIV; melhora nos sintomas de síndrome de Tourette, ansiedade e para a melhora nos sintomas de transtornos pós-traumáticos.
Por - Agência Brasil