A iniciativa do Ministério da Saúde visa contornar as baixas taxas de vacinação no país e será realizada até o dia 9 de setembro. Cerca de 40 mil postos de vacinação estarão abertos para aplicar as doses das 18 vacinas previstas pelo calendário nacional para esse público.
Como mostrou o g1, somente no ano passado, as principais vacinas previstas no calendário infantil tiveram índices abaixo de 73%, enquanto a faixa de cobertura recomendada gira em torno de 90% e 95%.
Poliomielite: crianças menores de 5 anos
A campanha nacional contra a pólio busca alcançar crianças menores de 5 anos que ainda não foram vacinadas com as primeiras doses do imunizante (que é aplicado as 2, 4 e 6 meses de idade, via injeção intramuscular) ou que ainda não tomaram as doses de reforço.
Esse reforço, previsto pelo Calendário Nacional de Vacinação, é aplicado aos 15 meses e aos 4 anos de idade. São essas vacinas que são aplicadas via oral. A meta do Ministério é alcançar 95% desse público.
A doença, também chamada de paralisia infantil, tem certificado de erradicação no país desde 1994, mas a baixa cobertura vacinal nos últimos anos preocupa especialistas.
Segundo os últimos dados do Sistema de Informação do Programa Nacional de Imunizações do Ministério da Saúde consultados pelo g1, a cobertura contra a poliomielite no Brasil não chegou ainda aos 50% do público-alvo neste ano.
No site do Ministério da Saúde, é possível consultar o calendário de vacinação de 2022 bem como a idade de aplicação recomendada para todas as vacinas previstas no Programa Nacional de Imunização (PNI).
A ausência da Caderneta de Vacinação não é um impeditivo para se vacinar. O Ministério orienta a quem perdeu o documento procurar o posto de saúde onde as vacinas foram aplicadas para resgatar o histórico de vacinação e fazer a segunda via.
Multivacinação de crianças e adolescentes
No caso da campanha de multivacinação, o Ministério da Saúde espera atualizar o esquema previsto pelo PNI para crianças e adolescentes menores de 15 anos.
As vacinas que estarão disponíveis nos postos de vacinação são contra a hepatite, pneumonia, rotavírus, febre amarela, sarampo, caxumba, rubéola, varicela, HPV, difteria, meningite, entre outras.
O Ministério da Saúde explica que, para crianças com mais de três anos de idade, esses imunizantes poderão ser administrados de maneira simultânea com a vacina contra a Covid-19 ou durante qualquer intervalo de aplicação.
A pasta ressalta ainda que todos os imunizantes são seguros e estão registrados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Por - G1
Dificuldade de lembrar datas, fazer cálculos ou realizar tarefas básicas do dia a dia.
As habilidades cognitivas geralmente diminuem à medida que a idade avança. Mas pesquisa feita por cientistas da Universidade de São Paulo (USP) mostra que a perda chega a ser 28% maior entre pessoas que consomem mais alimentos ultraprocessados.
São alimentos que passaram por processo industrial tão intenso que a composição deles já nem parece a de comida de verdade. Encaixam-se nesta categoria pães de forma, salgadinhos, refrigerantes.
O declínio cognitivo foi maior entre as pessoas que consumiam mais de 20% das calorias diárias de ultraprocessados. E não é difícil chegar a essa média: 20% equivale a três fatias de pães de forma por dia.
Os resultados foram apresentados na Conferência Internacional de Alzheimer, realizada na semana passada na cidade de San Diego, nos Estados Unidos.
A pesquisa analisou o desempenho das pessoas que participaram do mais longo e maior estudo de performance cognitiva realizado no Brasil: o Elsa-Brasil. São cerca de 15 mil pessoas, entre 35 e 74 anos, que começaram a ser acompanhadas em 2008 para investigar fatores de risco para doenças crônicas como hipertensão, arterioesclerose e acidente vascular cerebral. O estudo analisou os dados conforme o tipo de alimento consumido: alimentos não processados, como vegetais e frutas, os ingredientes culinários, como sal e óleos, os alimentos processados, com modificações leves como adição de sal ou açúcar, e os ultraprocessados.
Dados do Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde da USP mostram que o consumo médio de alimentos ultraprocessados no Brasil é justamente de 20% no Brasil. Como é uma média, algumas pessoas consomem muito mais. Mas ainda assim, é um patamar três vezes menor que a de países ricos, onde a média chega a 60%.
Mas é justamente essa diferença que torna um país como o Brasil um mercado cobiçado pela indústria de alimentos, explicou a nutricionista e integrante do Núcleo de Pesquisas em Nutrição e Saúde da USP, Renata Levy. "Nos países já desenvolvidos, como Estados Unidos, Reino Unido, Canadá, onde o consumo desses alimentos ultrapassa 60% das calorias ou chega bem perto disto, eles não têm mais espaço para crescimento, então, onde eles optam de agir agora é nos países em desenvolvimento", disse.
Em outubro, entram em vigor as novas regras de rotulagem de alimentos aprovadas pela Anvisa. Agora, a embalagem de produtos ricos em gordura, açúcar ou sódio vão trazer a informação em destaque no rótulo do produto. Renata acha que é um avanço, mas é preciso fazer mais para inibir o consumo de ultraprocessados.
Outra proposta defendida pelos pesquisadores é proibir a venda de ultraprocessados nas cantinas das escolas, já que no Brasil, os adolescentes são os principais consumidores desse tipo de produto. "Uma das políticas que têm sido adotadas em países como Chile e México é a taxação de alimentos ultraprocessados. No México, por exemplo, já se obteve bons resultados com a taxação de refrigerantes, teve diminuição importante no consumo desses itens alimentícios. O Brasil ainda é muito tímido nesse contexto. É muito difícil você conseguir passar uma taxação ainda nesse país", acrescentou Renata Levy.
Por - Agência Brasil
O presidente da Sociedade Brasileira de Diabetes - Regional RJ (SBD-RJ), Daniel Kendler, lembra, no Dia Nacional de Prevenção e Controle do Colesterol, comemorado hoje (8), que o excesso dessa gordura no organismo é um dos principais fatores de risco para doenças cardiovasculares, como infarto e acidente vascular cerebral (AVC) ou derrame. Cerca de 40% da população brasileira têm colesterol elevado, de acordo com a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC).
Em entrevista à Agência Brasil, Kendler, endocrinologista e professor do Instituto de Educação Médica (Idomed) da Universidade Estácio de Sá, explicou que o colesterol é um tipo de gordura produzida tanto pelo próprio organismo quanto pela ingestão de alimentos.
“Essa gordura é importante para a fabricação de hormônios, para a constituição de membranas celulares. Ela tem várias funções que são super importantes”. Já o excesso de colesterol, entretanto, principalmente do chamado colesterol LDL, ou colesterol ruim, é um dos principais fatores de risco para as doenças cardiovasculares, como infarto e acidente vascular cerebral (AVC) ou derrame. O “colesterol bom” é conhecido como HDL.
Segundo o endocrinologista, o excesso de colesterol pode se depositar nas paredes das artérias, fazendo com que elas fiquem obstruídas e o sangue pare de chegar ao coração; no caso das artérias cerebrais, pode ocorrer o AVC ou derrame cerebral.
Combate
Para combater o excesso de colesterol, Daniel Kendler destacou a necessidade de melhorar a saúde do indivíduo como um todo. “Quando queremos melhorar o colesterol alto, logo pensamos nas medidas que evitam as doenças cardiovasculares: manter o peso adequado, fazer atividade física regular, não fumar, não ingerir bebida alcoólica em demasia. Tudo isso é importante para o indivíduo que tem colesterol alto. Porque a doença cardiovascular tem vários fatores de risco e temos que atacar todos eles”.
Outro orientação útil para a redução do colesterol alto é evitar o consumo de gorduras saturadas, principalmente gorduras de origem animal. “É o indicado para redução do colesterol”, afirmou o médico. Ele admitiu que, em alguns momentos, dependendo dos níveis de gordura, há necessidade do uso de medicamentos. “Mas vida saudável todo mundo pode e deve ter, independentemente de ir ao médico”.
A realização de exame de sangue anual para medir o colesterol é importante, lembrou o presidente da SBD-RJ. Isso se explica porque o colesterol alto não apresenta sintoma nenhum. A orientação é que, a partir de 40 anos de idade, ou antes, se a pessoa tiver outros fatores de risco, como obesidade, diabetes, história familiar, pressão alta, deve fazer, além da consulta, exame laboratorial para avaliar os níveis de colesterol.
Recomendação
Kendler ressaltou que não existe receita mágica, porque cada indivíduo é diferente. Mas a recomendação geral para evitar o colesterol alto é “não fume, beba com moderação, faça atividade física regular e tenha uma alimentação balanceada em relação à proteína animal, com pouca gordura saturada, muita fibra, vegetais, frutas”. Acrescentou que a proteína animal, com muita gordura, tende a aumentar o colesterol.
O especialista destacou que anualmente, no Brasil, as doenças cardiovasculares são as principais causas de óbitos registrados. Observou ainda que a hereditariedade também pode determinar o colesterol alto, mesmo em indivíduos que tenham hábitos saudáveis. É a chamada hipercolesterolemia familiar, comentou.
Por - Agência Brasil
O vírus monkeypox, causador da doença conhecida popularmente como varíola dos macacos, é estudado há décadas e já foi detectado em pelo menos onze países africanos desde os anos 1970. Mas por que ele começou a se espalhar por outras partes do mundo justamente agora?
Até o momento, não existem respostas certeiras para essa pergunta. Mas os cientistas listam ao menos cinco hipóteses que ajudariam a entender por que a doença virou uma emergência de saúde pública internacional.
Entre os fatores levantados por especialistas ouvidos pela BBC News Brasil estão o descaso com doenças negligenciadas, o aumento da mobilidade de pessoas com o fim das restrições relacionadas à Covid, a falta de imunidade da população contra os vírus dessa família, um padrão de transmissão e uma mistura de todos esses fatores.
'Sinais eram claros'
A virologista Clarissa Damaso, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), dedicou os últimos 35 anos de carreira a estudar os orthopoxvirus, uma família de agentes infecciosos da qual fazem parte o monkeypox e o causador da varíola humana, entre outros.
Ela também é assessora da Organização Mundial da Saúde (OMS) e integra comitês sobre a pesquisa e as políticas públicas relacionadas a esses agentes infecciosos.
De acordo com a avaliação da cientista, era questão de tempo para que o espalhamento do monkeypox acontecesse.
"Uma hora ou outra uma situação dessas ia estourar. A questão é que não damos atenção aos indícios que vêm dos países menos desenvolvidos", analisa.
"E os sinais eram claros: o número de casos vinha aumentando pouco a pouco. Primeiro, por meio do contato do ser humano com animais infectados em áreas silvestres. Depois, nas regiões próximas das cidades maiores."
"Para completar, cada vez mais pessoas vão trabalhar ou passear nas áreas onde esse vírus é endêmico", completa.
"Vale lembrar que essa doença nunca desapareceu do radar, e já tivemos outros surtos menores, de poucos casos, registrados fora da África em anos recentes", concorda a infectologista Mirian Dal Ben, do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo.
Todo esse processo significa que o contato das pessoas com o monkeypox foi se tornando cada vez mais comum — até os casos começarem a ser "exportados" para outros continentes com mais frequência e gerarem as cadeias de transmissão observadas nos últimos três meses.
Hora errada
Damaso acrescenta um segundo fator que ajuda a entender a crise sanitária atual: ela se desenrola num momento em que a maioria das restrições relacionadas à pandemia de Covid-19 foram completamente abandonadas pelos países.
"O surto de monkeypox acontece na hora errada, num período logo após a crise da Covid, em que as pessoas se sentiram mais livres, foram se divertir e se aglomeraram", contextualiza a virologista.
Pelo que foi divulgado por autoridades no final de maio, a primeira leva de casos de monkeypox parece estar relacionada a festas que ocorreram na Espanha e na Bélgica.
Possivelmente, uma ou várias pessoas que participaram desses eventos estavam infectadas, tiveram contato com muita gente e passaram o vírus adiante.
Isso, por sua vez, criou cadeias de transmissão do patógeno na comunidade que, num cenário de aumento de viagens internacionais e encontros presenciais pós-Covid, rapidamente se disseminou por cidades, países e continentes.
Mas isso ainda não responde completamente porque essa doença se espalhou justamente agora — e não em outros momentos do passado, quando deslocamentos, aglomerações e festas também aconteciam.
"Por que o monkeypox demorou tanto para afetar outros lugares? Isso ainda é um mistério para nós", admite o médico Alexandre Naime Barbosa, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia.
Um vírus modificado?
Uma das primeiras hipóteses que ajudariam a explicar o surto atual seria alguma nova mutação do monkeypox, que o tornaria mais transmissível entre as pessoas, por exemplo.
O cenário, porém, é considerado muito improvável pelos especialistas. Este patógeno possui DNA como código genético, o que significa que ele é muito mais estável e carrega mecanismos internos para reparar erros genômicos — ao contrário do que acontece com o coronavírus, que é constituído de RNA e apresenta mutações numa frequência bem maior.
O sequenciamento genético de amostras colhidas de pacientes nas últimas semanas também ajuda a descartar essa teoria: o vírus em circulação agora não parece apresentar alterações significativas no genoma quando comparado a versões do patógeno analisadas em anos anteriores.
Damaso explica que o subtipo do monkeypox que está atuando em vários países tem uma menor letalidade e, apesar de não ter sofrido grandes mutações no código genético, pode ter adquirido uma espécie de "padrão de passagem".
Vale lembrar aqui que a principal forma de transmissão acontece por meio do contato direto e prolongado com as feridas características dessa doença — outras possibilidades de infecção são as gotículas de saliva (que podem carregar o vírus) e o compartilhamento de objetos de uso pessoal (como toalhas, roupas de cama, pratos, copos e talheres).
"O contato com essas feridas costuma ser mais intenso durante a relação sexual. A partir daí, o vírus é transmitido para um outro indivíduo, que também tende a manifestar os sintomas na região genital", complementa.
Ou seja: o padrão de passagem acontece por conta do contato próximo com as lesões, que no surto atual surgem com mais frequência na região genital. Assim, a pessoa infectada também desenvolve lesões nessa parte do corpo — e pode perpetuar o ciclo ao ter um contato mais íntimo com outros indivíduos.
Mas isso, claro, não descarta a relevância das outras formas de transmissão desse agente infeccioso que vão além da relação sexual, como o compartilhamento de objetos e as gotículas de saliva. Prova disso são os casos recentemente confirmados em crianças.
Proteção desatualizada?
A segunda hipótese que justificaria o espalhamento do monkeypox agora tem a ver com o despreparo das nossas células de defesa para lidar com essa família de vírus.
Isso porque os orthopoxvirus têm uma característica peculiar: se você já teve contato com um deles, fica relativamente bem protegido de ser infectado pelos outros. Trata-se de uma espécie de "imunidade cruzada".
E é justamente aí que entra a vacinação contra a varíola, uma doença causada pelo smallpox (também um orthopoxvirus) que foi completamente erradicada do planeta.
A aplicação das doses foi suspensa no mundo inteiro a partir do final dos anos 1970 — afinal, esse vírus deixou de circular entre nós e não representava mais uma ameaça.
Varíola dos macacos: veja o que se sabe sobre a vacinação
Alguns estudos revelam que as pessoas que foram vacinadas contra a varíola lá atrás, há mais de 40 anos, possuem alguma proteção contra o monkeypox.
O mesmo não acontece com a faixa etária mais jovem, que não recebeu esse imunizante na infância.
Não à toa, a grande maioria dos casos registrados nas últimas semanas acometeu justamente indivíduos que ainda não alcançaram a quarta década de vida.
Num artigo publicado no periódico Nature, a epidemiologista Raina MacIntyre, da Universidade New South Wales, na Austrália, explica que "a cada ano desde a erradicação do smallpox, a população com pouca ou nenhuma imunidade contra esse grupo de vírus [os orthopoxvirus] só aumentou".
Pode ser, portanto, que o número de indivíduos vulneráveis a esses agentes infecciosos se tornou suficientemente alto para que um surto de proporções internacionais se tornasse possível.
Ação em cascata
Por fim, não é exagero pensar que todos esses fatores, juntos com uma boa dose de acaso, possam ter contribuído para que o monkeypox se tornasse um problema global.
Ou seja: embora ainda não exista um consenso sobre as causas da emergência de saúde pública, a baixa na imunidade, a volta das aglomerações, o padrão de transmissão e a negligência com o vírus ajudam a entender e montar esse quebra-cabeças complexo.
"Mas ainda precisamos entender melhor tudo o que está acontecendo", resume Dal Ben.
Se o cenário é considerado nebuloso, existe uma clareza maior sobre o que pode ser feito para diminuir a probabilidade de infecção com esse vírus.
O primeiro passo é evitar as situações de maior risco, ficar atento aos sintomas e buscar a avaliação médica se eles aparecerem.
"Qualquer lesão que comece com um edema ou uma pequena vermelhidão e evolua para uma placa, tenha líquido, forme ferida e crostas, pode ser monkeypox", descreve Barbosa, que também é professor da Universidade Estadual Paulista (Unesp).
Essas manifestações podem aparecer no ânus, nos genitais, no rosto e nas mãos.
"A lesão também pode ser acne, herpes, herpes-zóster ou uma série de outras coisas. Mas, na dúvida, é importante procurar atendimento médico e fazer um teste", complementa.
Caso o exame confirme a presença desse agente infeccioso, os profissionais de saúde recomendam fazer isolamento e evitar o contato próximo com outras pessoas até que as feridas estejam completamente cicatrizadas (mesmo a casquinha delas ainda carrega vírus).
Ao limitar a interação e o compartilhamento de objetos de uso pessoal, o paciente diminui o risco de transmitir o monkeypox adiante e evita a criação de novas cadeias de contágio na comunidade.
Embora o perfil de infectados até agora tenha se concentrado em gays, bissexuais e homens que fazem sexo com outros homens, a tendência é que a doença afete cada vez mais pessoas de outros grupos — isso aliás, é a evolução natural e esperada para esse surto, de acordo com especialistas ouvidos pela BBC News Brasil.
Ainda falando em prevenção, alguns países como Reino Unido, Espanha e Estados Unidos já iniciaram campanhas de vacinação contra o monkeypox, mas ainda não há previsão de quando as primeiras doses devem chegar ao Brasil.
Por ora, não está claro se a camisinha ajuda a proteger contra esse vírus — embora o uso de preservativos continue a ser primordial para impedir a transmissão de várias infecções sexualmente transmissíveis (ISTs), como HIV, sífilis, gonorreia e algumas hepatites.
Na maioria dos casos de monkeypox, o quadro evolui bem e o paciente está completamente recuperado em duas a quatro semanas.
As mortes por essa doença são consideradas raras pelas autoridades em saúde.
Segundo o portal Our World In Data, o mundo já registrou 23,2 mil casos de monkeypox. Desses, 1,3 mil foram diagnosticados no Brasil.
Por - G1
A Câmara dos Deputados aprovou nesta segunda-feira (1º) o projeto de lei que cria a campanha nacional para incentivar a doação de cabelo a pessoas carentes em tratamento de câncer ou vítimas de escalpelamento. A proposta segue para o Senado.
De acordo com o autor da proposta, deputado Vinicius Carvalho (Republicanos -SP), a campanha tem o objetivo de conscientizar a população sobre a importância da doação de cabelos para a recuperação da autoestima dos pacientes em tratamento de câncer, bem como divulgar os procedimentos e os locais onde podem ser feitas doações.
“A autoestima para um paciente de câncer tratado com quimioterapia é extremamente importante na sua recuperação, o uso de perucas é um instrumento muito utilizado por hospitais para auxiliar em sua recuperação. Muitos hospitais possuem bancos de cabelos para a confecção das perucas que serão utilizadas em seus pacientes, mas é necessário que tenham doações suficientes de cabelos para esse fim. Lembramos que muitas perucas não podem ser adquiridas por aqueles mais carentes”, justificou o autor da proposta.
O texto aprovado prevê que a campanha seja coordenada pelo Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, com a participação de organizações da sociedade civil. A campanha deve ser realizada anualmente durante a semana do Dia Nacional de Combate ao Câncer, em 27 de novembro.
Por - Agência Brasil
Reconhecido há anos como uma referência mundial em termos de estímulos ao aleitamento materno, o Brasil busca avançar para garantir que as mães, principalmente aquelas que trabalham fora de casa, tenham condições para amamentar seus filhos pelo máximo de tempo possível.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que os bebês sejam alimentados exclusivamente com leite materno até os 6 meses de idade. E que, mesmo após a introdução dos primeiros alimentos sólidos, sigam sendo amamentados até, pelo menos, os 2 anos de idade.
Segundo o Ministério da Saúde, o aleitamento materno é a forma de proteção mais econômica e eficaz contra a mortalidade infantil, protegendo as crianças de diarreias, infecções respiratórias e alergias, entre outras doenças.
De acordo com o ministério, em 1986, o percentual de crianças brasileiras com menos de 6 meses alimentadas exclusivamente com leite materno não passava de 3%. Em 2008, já tinha atingido os 41%. Atualmente, a amamentação exclusiva chega aos 46%. Percentual próximo aos 50% que a OMS estipulou como meta a ser atingida pelos países até 2025. Além disso, seis em cada dez (60%) crianças são amamentadas até completar 2 anos de idade.
“Para nós, o Brasil é uma referência. Pensamos que o país tem a melhor legislação do mundo, o que faz toda a diferença. E há um investimento por parte de várias organizações e do Ministério da Saúde para que essa legislação seja realmente implementada”, disse a representante da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas) no Brasil, Socorro Gross, ao participar, hoje (1º), em Brasília, do lançamento da Campanha Nacional de Aleitamento Materno.
Coordenada pelo Ministério da Saúde, a iniciativa visa a esclarecer e conscientizar a população sobre a importância da amamentação, e se insere na Semana Mundial do Aleitamento Materno, promovida pela Aliança Global pela Amamentação (Waba). Este ano, a campanha nacional, que tem como lema Fortalecer a Amamentação: Educando e Apoiando, foca não só nos pais, mas também nos trabalhadores da saúde.
“Mães e pais sabem a importância de um profissional bem orientado abordar as dúvidas recorrentes no momento inicial da amamentação. Seja para mães de primeira viagem, seja para aquelas que já têm mais de um filho, [a orientação é importante] pois amamentar é sempre diferente. A cada [novo] filho, algo é diferente”, disse a coordenadora de Saúde da Criança e Aleitamento Materno do Ministério da Saúde, Janini Selva Ginani.
Engajamento
Janini destacou a importância do engajamento dos profissionais de saúde para melhorar o índice de recém-nascidos amamentados durante a primeira hora de vida.
“No Brasil, nossa prevalência de aleitamento materno na primeira hora de vida é de 62%. É um dado muito superior às médias mundiais, mas que ainda precisamos melhorar, pois é importante esse estímulo, esse primeiro aleitamento durante o que chamamos de A Hora de Ouro”, ressaltou Janini.
A presidente do Departamento Científico de Aleitamento Materno da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), Rossiclei Pinheiro, também destacou a importância da capacitação dos profissionais da saúde e de outros agentes para promover a amamentação na primeira hora de vida.
“As dificuldades [e as dúvidas que surgem] nas primeiras horas, nos primeiros dias [após o nascimento], quando há maior risco de desmame, precisam ser acompanhadas por profissionais de saúde bem preparados”, defendeu Rossiclei. “Precisamos estimular cada vez mais a amamentação na primeira hora de vida, independentemente do parto ser normal ou cesárea, pois a ciência já demonstrou que os bebês que mamam na primeira hora conseguem ter mais sucesso [em seguir] na amamentação exclusiva até 6 meses.”
Em nota, o Conselho Federal de Enfermagem (Cofen) manifestou apoio às iniciativas. “Enfermeiros, parteiras, técnicos e auxiliares de enfermagem já são atores-chave no manejo da amamentação e dos bancos de leito humano. Nosso esforço é garantir que tenham informação e formação humana necessárias para realizar esse papel crucial”, disse a presidente da entidade, Betânia Santos.
“Além de orientar a mãe e atuar no manejo da amamentação, é importante também envolver os familiares no apoio à amamentação. O cuidado com o bebê passa pelo cuidado com a recém-mãe”, acrescentou a conselheira federal Ivone Amazonas, na mesma nota.
Licença maternidade
Eu suas falas durante o evento, as representantes do Ministério da Saúde, Janini Selva Ginani, e da SBP, Rossiclei Pinheiro, também destacaram a necessidade de garantias legais que protejam e estimulem as trabalhadoras a amamentar seus filhos, como a concessão de licença trabalhista que permita que elas se dediquem às crianças pelo máximo de tempo possível.
“Licenças maternidade inferiores a 6 semanas aumentam em 400% a probabilidade da mulher não amamentar o seu filho ou [recorrer ao] desmame precoce”, alertou Janini, pontuando que, no Brasil, já há exemplos de boas práticas, tais como as empresas cidadãs, estimuladas a conceder 180 dias de licença às funcionárias gestantes – 60 dias além dos 120 previstos em lei. “A questão das trabalhadoras informais, contudo, é [um aspecto] no qual precisamos avançar para protegê-las.”
O secretário nacional de Atenção Primária à Saúde, Raphael Câmara, fez um alerta. “Na condição de ginecologista, peço especial atenção e carinho a aquelas mulheres que não conseguem amamentar, a fim de evitarmos discriminações. Portanto, não dá para ficar falando que toda mulher consegue amamentar, pois, por diferentes motivos, há as que não conseguem e é importante não colocá-las numa posição de que serão menos mães por causa disso.”
A jornalista Maria Clara Fagundes proporcionou a amamentação prolongada às duas filhas, mas pôde vivenciar as vantagens de passar mais tempo afastada do trabalho após dar à luz a sua segunda menina.
“Minha filha mais velha que, hoje, está com 8 anos, mamou até os 4. Ela foi reduzindo a demanda gradualmente, mas antes nós tivemos problemas devido a uma interrupção. Tive que sair de licença antes do parto e, por isso, voltei a trabalhar antes dela completar 4 meses. Embora eu a tenha deixado em uma boa creche, acho que ela ficava sem mamar por um intervalo de tempo muito longo. A partir daí, ela adoeceu, perdeu peso, teve uma bronquiolite severa. Foi traumático para nós duas. E ela só se recuperou quando eu mudei de trabalho, passei a deixá-la em casa, com uma babá, e a ir amamentá-la com mais regularidade. Já com a mais nova, não houve essa interrupção. Ela está com 3 anos e até hoje continua mamando ao acordar e na hora de dormir. Acredito que poder amamentá-la por livre demanda até os 2 anos foi muito positivo, pois ela não sofreu com nada grave, não teve as coisas que a minha mais velha teve após a precoce redução da amamentação”, disse a jornalista à Agência Brasil, destacando a necessidade da gestante contar com o apoio de uma ampla rede de apoio. “Amamentar é difícil. Exige muita energia e é um trabalho em tempo integral.”
Por - Agência Brasil