Uma em cada quatro crianças está acima do peso no Estado
Até pouco tempo, as políticas sociais voltadas à infância no Brasil preocupavam-se com o combate à fome e à desnutrição. Hoje, porém, a chave já começa a mudar e o problema é exatamente o oposto daquele que o país enfrentava há algumas décadas: o aumento do excesso de peso. Hoje, inclusive, celebra-se o Dia da Conscientização Contra a Obesidade Mórbida Infantil.
Segundo informações da plataforma digital Crianças e Adolescentes em Dados Estatísticos (CADÊ Paraná), atualmente 27,32% dos jovens paranaenses (0 a 17 anos) estão acima do peso, o que significa que, em média, um em cada quatro crianças ou adolescentes estão tendo de lidar com o sobrepeso no estado. Os dados do CADÊ, obtidos apartir do Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (Sisvan), do Ministério da Saúde, revelam ainda que o problema se agrava na medida em que os jovens vão envelhecendo.
Entre as crianças de 0 a 4 anos,por exemplo, 7,8% estão com peso considerado elevado para a idade. Já na faixa de 5 a 10 anos, 32,7% estão acima do peso, sendo que 9,5% já estão obesos e outros 5,8%, com obesidade grave. Por fim, entre os adolescentes (11 a 17 anos), 34,3% estão acima do peso,com o porcentual de obesos em 10,8% e os casos de obesidade grave alcançando 2,7% dessa população.
Segundo a endocrinologista Rosana Bento Radominski, da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM-PR),a obesidade pode ser desencadeada por fatores ambientais, biológicos, hereditários e psicológicos. A especialista, contudo, destaca que os hábitos são os principais causadores do problema. “Menos de 5% dos casos são decorrentes de doenças endocrinológicas e a hereditariedade só se manifestará se o ambiente permitir”, explica.
Ainda de acordo com a especialista, os índices de sedentarismo e a alimentação inadequada no ambiente familiar são os principais colaboradores para o crescimento exponencial no número de crianças e adolescentes obesos. “As crianças estão passando muito tempo em frente ao computador e celular e fazendo pouca atividade física”, reforça a médica. “Além disso, é preciso uma mudança de hábitos na alimentação de toda a família para que a criança seja motivada a se alimentar melhor”. A médica ressalta ainda que há poucas opções de medicamentos para auxiliar no emagrecimento infantil. O tratamento é baseado em atividade física e reeducação alimentar.
Aspectos psicológicos devem ser considerados pela família
A família também deve considerar os aspectos psicológicos da obesidade infantil. Segundo os especialistas, conforme o avanço na idade, maior a probabilidade de sofrer preconceito e bullying devido ao excesso de peso. Isso afeta a interação da criança com os grupos, a socialização e pode levar, até mesmo, a um quadro de depressão. “É um círculo vicioso: a criança sofre com a diferença, se isola e tende a praticar menos atividades físicas e compensar a tristeza na alimentação”, revela a endocrinologista.
Outro fator importante a ser observado é se o quadro de obesidade não é decorrente de fatores psicológicos. Muitas vezes, desequilíbrios emocionais e até mesmo casos de abuso sexual desencadeiam a doença. Nesses casos, o acompanhamento de psicólogos e uma equipe multidisciplinar é essencial.
Plataforma do Cadê traz panorama da juventude no Paraná
Na última semana, o Centro Marista de Defesa da Infância relançou oficialmente a plataforma digital Crianças e Adolescentes em Dados Estatísticos (CADÊ Paraná). Criado em 2016, o sistema passou por uma reformulação completa e agora traz dossiês com panoramas de indicadores sobre a infância para cada um dos 399 municípios paranaenses e um mapa sobre os equipamentos públicos que prestam atendimento à infância.
Na última semana, foi divulgado um informe temático sobre trabalho infantil. Já no ano passado, o tema abordado por pesquisadores convidados foi justamente a obesidade infantil. “A obesidade é atualmente um dos agravos mais frequentes da infância. Um dos riscos decorrentes é o desenvolvimento de doenças que podem afetar as condições metabólicas, cardiovasculares, ortopédicas, neurológicas, hepáticas, pulmonares e renais; e ainda as condições crônicas como diabetes e hipertensão, seja em idade adulta ou em idade mais jovem”, diz o documento, disponível no site do CADÊ Paraná (http://www.cadeparana.org.br/).na seção Biblioteca - Publicações. (Com Bem Paraná)
Veja Também: