Paraná

Operação da Adapar visa baixar incidência e reforçar prevenção e controle de doença dos citros

 Operação da Adapar visa baixar incidência e reforçar prevenção e controle de doença dos citros

Como atividade de conscientização, fiscalização e reforço nas medidas de prevenção e controle do HLB (Huanglongbing), também conhecido como greening, uma das principais pragas que afetam os citros no mundo, a Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar) iniciará uma operação integrada nas regiões de Cornélio Procópio e Londrina, no Norte do Paraná.

A força-tarefa, que visa Baixar a Incidência do Greening (Operação BIG Citros), será concentrada entre os dias 12 e 16 de maio, mas terá continuidade posteriormente com novas ações. A Adapar já tem um mapa identificando alguns focos da doença nessa região e fará trabalho de conscientização. As plantas hospedeiras que apresentem sintomas do HLB e que tenham idade de até 8 anos terão que ser obrigatoriamente cortadas. 

Para as demais plantas em um raio de 4 quilômetros do local do foco, a erradicação é facultativa, mas o produtor terá que fazer o manejo efetivo do vetor. O trabalho será realizado tanto em pomares comerciais quanto em propriedades rurais e urbanas com frutas para consumo familiar.

“O Norte do Paraná mostrou há muito tempo vocação também para a atividade de fruticultura, e a produção de citros está crescendo e tem espaço para se desenvolver ainda mais. O governo do Estado participa desse desejo e está aqui para ajudar na união de forças no combate ao greening”, disse o secretário estadual da Agricultura e do Abastecimento, Marcio Nunes. “Temos de fazer isso da forma correta porque senão todos perderemos”.

Segundo a coordenadora do programa de Citricultura da Adapar, Caroline Garbuio, o greening é uma doença com potencial para inviabilizar a citricultura do Paraná e do Brasil, com forte impacto nas economias regionais.

“Nosso foco está em conscientização, fiscalização e reforço do trabalho no campo, visto que a atuação precisa ser coletiva, pois o inseto pode transitar por várias propriedades”, disse Caroline. Ela reforçou que não há cura depois que essa doença é detectada em uma árvore. Por isso o controle precisa ser preventivo, iniciando com a compra de mudas de fornecedores autorizados e nunca de vendedores ambulantes, que atuam de forma ilegal.

“Os citricultores precisam se conscientizar da necessidade da eliminação das plantas cítricas com HLB, do controle efetivo do inseto vetor e da eliminação sistemática de plantas doentes”, afirmou. “Isso é fundamental para reverter a atual tendência de aumento da incidência da praga”.

REDUÇÃO - O HLB ou greening dos citros é uma praga importante devido à severidade, rápida disseminação e dificuldades de controle. No Brasil, a bactéria Candidatus Liberibacter spp é o agente causal do HLB. A doença afeta plantas de praticamente todas as espécies cítricas (além de outras, como a murta (Murraya paniculata), Fortunella spp. e Poncirus spp)  e é transmitida pelo psilídeo asiático dos citros Diaphorina citri Kuwayama.

As plantas afetadas apresentam queda prematura dos frutos, que resulta em redução da produção. Além disso, os frutos ficam menores, deformados, podendo apresentar sementes abortadas, açúcares reduzidos e acidez elevada, o que deprecia o seu sabor, diminui a qualidade e o valor comercial, tanto para consumo in natura como para processamento industrial.

A doença causa a senescência de todas as partes da planta cítrica, podendo levar à morte precoce, reduzindo a vida útil dos pomares. Praticamente todas as espécies e cultivares comerciais de citros são sensíveis ao greening, independentemente do porta-enxerto utilizado.

As plantas infectadas apresentam inicialmente folhas com manchas amarelas (ou amareladas inteiramente, se forem novas) em apenas um ou poucos ramos, quadro que pode evoluir para toda a copa da planta.

Como auxílio no controle, o Paraná está sob decreto de situação de emergência fitossanitária para a doença desde dezembro de 2023. O decreto que tem sido renovado a cada 180 dias possibilita maior mobilidade e ação mais rápida e efetiva.

BIOLÓGICO - Uma alternativa biológica de controle do greening tem sido utilizada diante de alguns casos de resistência a inseticidas ou mesmo áreas de pomares abandonadas: a Tamarixia radiata, uma vespinha inimiga natural do psilídeo. Ela foi desenvolvida, entre outros laboratórios, pelo pertencente ao Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná – Iapar-Emater (IDR-Paraná)

No campo, as Tamarixia buscam os ninhos do psilídeo para se reproduzir. Depositam seus ovos embaixo das ninfas (forma jovem), que servirão de alimento para as larvas. Cada vespinha pode eliminar até 500 psilídeos. Com isso promovem a redução no número dos vetores e da incidência da doença.

BIG CITROS – A Adapar em parceria com produtores, industriais e prefeituras, já realizou ações semelhantes em Paranavaí, Maringá e Umuarama, na região Noroeste do Paraná, onde se concentra a maior produção de laranjas do Estado.

O trabalho nessas regiões foi retomado com mais força em 2021, quando o governo federal estabeleceu o Programa Nacional de Prevenção e Controle ao HLB. Estima-se que a ação conjunta resultou na erradicação de aproximadamente 1,5 milhão de plantas hospedeiras do Diaphorina cini.

VALOR BRUTO DA PRODUÇÃO - - A citricultura é o ramo mais representativo na fruticultura paranaense. Dados do Valor Bruto de Produção (VBP) de 2023, levantados pelo Deral, apontam que os principais citros – laranjas, tangerinas e limões – foram cultivados em 29,3 mil hectares no Estado.

A laranja é o destaque, com 20,8 mil hectares, seguida da tangerina (7,1 mil hectares) e limão (1,3 mil hectares). Os citros tiveram produção de 860,9 mil toneladas – 731,6 mil de laranjas, 94,4 mil de tangerinas e 34,7 mil toneladas de limões. Em rendimento monetário, a laranja foi responsável por R$ 751,9 milhões, as tangerinas tiveram VBP de R$ 177,4 milhões, enquanto os limões foram valorados em R$ 55,9 milhões.

No Núcleo de Cornélio Procópio foram colhidas 76.620 toneladas de citros em 2550 hectares, que renderam R$ 81,8 milhões em VBP. No Núcleo de Londrina foram colhidas 14.240 toneladas de citros em 423 hectares, que renderam R$ 15 milhões em VBP.

 

 

 

 

 

Por - Agência Brasil

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