Astrônomos encontram exoplaneta que pode ser todo formado por oceanos
Uma equipe internacional liderada por pesquisadores da Universidade de Montreal, no Canadá, anunciou a descoberta de TOI-1452 b, um exoplaneta que orbita uma das duas pequenas estrelas de um sistema localizado na constelação de Draco, a cerca de 100 anos-luz da Terra.
Publicado no The Astronomical Journal no dia 12 de agosto, o estudo que levou descreve o corpo celeste como um pouco maior que a Terra e com uma localização em relação à estrela que orbita ideal para existência de água líquida em sua superfície.
Os astrônomos acreditam que poderia ser um “planeta oceânico”, completamente coberto por uma espessa camada de água, semelhante a algumas das luas de Júpiter e Saturno.
O primeiro sinal da existência de TOI-1452 b foi captado pelo Satélite de Pesquisa de Exoplanetas em Trânsito (TESS), da Nasa, e depois confirmado pelo telescópio do Observatório de Mont-Mégantic (OMM), em Quebec, no Canadá.
“O OMM desempenhou um papel crucial na confirmação da natureza desse sinal e na estimativa do raio do planeta”, explica Charles Cadieux, da Universidade de Montreal, em comunicado. “Essa não foi uma verificação de rotina. Tivemos que garantir que o sinal detectado pelo TESS fosse realmente causado por um exoplaneta circulando TOI-1452, a maior das duas estrelas nesse sistema binário.”
A estrela hospedeira TOI-1452 é muito menor que o nosso Sol e é uma das duas estrelas de tamanho semelhante no sistema. Para determinar outras características do exoplaneta, os pesquisadores usaram o SPIRou, um instrumento instalado no Telescópio Canadá-França-Havaí, situado na ilha havaiana.
O SPIRou é um espectrógrafo infravermelho capaz de realizar medições de velocidade radial em estrelas de baixa massa com precisão suficiente para detectar planetas em suas zonas habitáveis. Foram necessárias mais de 50 horas de observação nele para estimar a massa do planeta, que se acredita ser quase cinco vezes a da Terra.
As estimativas de raio, massa e densidade do novo exoplaneta sugerem um mundo muito diferente do nosso. Embora a Terra seja referida como Planeta Azul, porque cerca de 70% de sua superfície é coberta por oceano, a água na verdade representa apenas uma fração pequena de sua massa — menos de 1%.
Já TOI-1452 b tem uma densidade que só pode ser explicada se uma grande fração de sua massa for composta de materiais mais leves do que aqueles que compõem a estrutura interna terrestre, como a água. Por isso os pesquisadores o chamaram de planeta oceânico.
“TOI-1452 b é um dos melhores candidatos a planeta oceânico que encontramos até hoje”, diz Cadieux. Isso e o fato de estar perto o suficiente da Terra para que os pesquisadores possam estudar sua atmosfera também o tornam perfeito para ser estudado pelo James Webb, o telescópio mais preciso da Nasa.
Por - Galileu