Catanduvas - PCC usou criminosos 'em dívida' com a facção para matar psicóloga de presídio federal
O PCC (Primeiro Comando da Capital) usou pelo menos dois criminosos que estavam "em dívida" com a facção paulista na trama de assassinato da psicóloga do presídio federal de Catanduvas (PR), Melissa de Almeida de Araújo.
Essa é uma das conclusões do inquérito da PF (Polícia Federal), entregue no mês passado, que resultou no indiciamento de seis pessoas, apurou o UOL junto às fontes que participaram da investigação.
Os suspeitos foram indiciados pelos crimes de homicídio e organização criminosa. Um deles está foragido.
"Pelo menos dois dos investigados estavam 'suspensos' da facção porque não teriam cumprido suas obrigações, ou seja, possuíam uma espécie de dívida que deveria ser paga, caso contrário, eles sofreriam punições. Participar do assassinato da psicóloga foi a forma encontrada para ficarem quites com a chefia do PCC", afirmou, sob a condição de sigilo, um dos investigadores da PF que atuaram no caso. Ele não entrou em detalhes sobre as razões da "suspensão" dos membros do PCC.
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O inquérito sobre a morte da psicóloga foi enviado ao MPF (Ministério Público Federal), que decidirá se haverá denúncia contra os investigados. O processo criminal corre em uma das varas federais de Cascavel (PR), cidade onde Melissa foi assassinada com dois tiros no rosto, no último dia 25 de maio.
Melissa trabalhava no sistema penitenciário federal desde o ano de 2009. Ela era responsável por fazer o acompanhamento psicológico dos presos de Catanduvas e voltara da licença-maternidade havia poucos meses.
Antes do homicídio da psicóloga, dois servidores do sistema prisional foram mortos a tiros em ações do PCC, de acordo com a PF:
A maior facção criminosa do país cometeu os homicídios com o objetivo de "intimidar e desestabilizar" os servidores que trabalham nas quatro unidades federais do país: Catanduvas (PR), Campo Grande (MS), Mossoró (RN) e Porto Velho (RO).
De acordo com parecer do MPF, o regime aplicado nestas penitenciárias é considerado "opressor" pelo PCC, pois os agentes costumam barrar o acesso dos presos dessas unidades a "regalias ilícitas", como a posse de telefones celulares dentro das celas.
Assassinato planejado
O planejamento e execução do homicídio seguiram uma rígida divisão de tarefas. Três meses antes do assassinato, uma "equipe de levantamento de informações" chegou à região de Cascavel (PR).
Melissa morava com o marido, o policial civil Rogério Ferrarezzi, em um condomínio de classe média da cidade --distante 55 km de Catanduvas. (Com UOL)