Lula quis transformar o Brasil em galinheiro e agora colhe os ovos, diz Bolsonaro
O deputado Jair Bolsonaro (PSL) atravessou sem por os pés no chão os 70 passos que separam a porta do saguão de desembarque do aeroporto Afonso Pena, em São José dos Pinhais (PR), até a rua onde estava estacionado o caminhão de som dos seus simpatizantes.
Os cerca de 200 apoiadores do presidenciável o carregaram nos ombros aos gritos de "mito" e "presidente".
Bolsonaro não falou com a imprensa, fez apenas um breve discurso em cima do veículo, onde atacou o ex-presidente Lula, reivindicou o direito do cidadão de andar armado e pediu voto impresso na eleição de outubro. Vestiu uma faixa presidencial.
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Bolsonaro fez menção aos ataques sofridos pela caravana do presidente Lula, atingida por ovos em discursos no Sul. "Lula quis transformar o Brasil num galinheiro. Agora está colhendo os ovos", disse. Ele não falou diretamente sobre os tiros disparados contra dois ônibus da caravana petista, nesta terça dia 27.
Mas o direito de atirar, porém, não ficou de fora do discurso. Ele defendeu que "a Polícia Militar, em defesa do povo, atire para matar". "Nós faremos voltar a valer a força."
Usou uma metáfora para dizer que derrotará os opositores de esquerda. "Agora vão ver a direita. Vão levar um cruzado de direita."
Ao pisar em solo paranaense, Bolsonaro foi recepcionado pelo deputado federal Fernando Francischini, que é do estado e tentará uma vaga no Senado pegando carona na popularidade de Bolsonaro e no prestígio da Operação Lava Jato.
Francischini também discursou e chamou de bandidos os integrantes da caravana de Lula. Ele foi delegado da Polícia Federal e secretário de Segurança do estado do Paraná.
O deputado, porém, também esteve na boca de condenados na operação. Em uma conversa entre o ex-deputado Luiz Argolo e o doleiro Alberto Yousseff, o parlamentar diz que está fechando um acordo "que acho que vai dar certo" e menciona o colega paranaense. "Francischini fica na liderança fazendo o papel combinado com a gente e eu farei como primeiro vice-líder o encaminhamento em prol do governo e do Palácio. Já falou comigo."
O papel de Francischini, segundo Argolo, seria defender interesses da OAS. Argolo foi preso e condenado por receber propina da empreiteira. Francischini não foi indiciado pelos colegas da Polícia Federal.
O senador Delcídio do Amaral também citou Francischini. Ele afirmou em delação premiada que teve a informação de que o deputado e ex-secretário de Segurança do Paraná fazia parte de um grupo de parlamentares que pedia dinheiro para barrar requerimentos de convocação de empresário na CPI da Petrobras. O deputado negou as acusações.
Do lado de fora ambulantes vendiam camisetas com o rosto do pré-candidato estampado. A unidade custava R$ 39, mas uma promoção anunciava três por R$ 100.
Lula era o alvo principal dos militantes. Um homem de chapéu e botas brancas levava consigo uma caixa com uma dúzia de ovos onde estava impressa a imagem do ex-presidente.
Em um ponto, pelo menos, os ativistas pró-Bolsonaro e os lulistas estão do mesmo lado. Assim como nos protestos do PT, a imprensa foi alvo. O canto preferido é "o povo não é bobo, abaixo a Rede Globo", usado por petistas em outras campanhas.
Bolsonaro seguirá ainda nesta quarta de carro até Ponta Grossa, no interior paranaense, onde é esperado em evento. (Com Folhapress)