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Entra em vigor o decreto que proíbe bebidas alcoólicas em eventos da igreja católica

Entra em vigor o decreto que proíbe bebidas alcoólicas em eventos da igreja católica

Um tabu, mas aos pouco ganha corpo no debate entre as instituições. A bebida alcoólica que no Brasil seu comércio é livre, exceto aos menores de 18 anos, tem consumido lares, separando famílias e tornando pessoas dependentes.

 

Na busca de combater o que muitos intitulam de droga lícita, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), propôs a cada diocese restringir, ou até proibir sua comercialização e consumo nos ambientes católicos.

 

O debate ganhou força em 2014. Na diocese de Palmas e Francisco Beltrão, o assunto foi proposto pelo então bispo da época, Dom José Antônio Peruzzo (2005 a 2015), que redigiu um texto enaltecendo os motivos de colocar em prática tal ação.

 

Entre 2015 a 2017, as comunidades, paróquias e padres tiveram o tempo para conscientizar e ampliar o debate. O decreto entrou em vigor na diocese, no dia 01 de janeiro de 2018.

 

Segundo o atual Bispo diocesano, Dom Edgar Xavier Ertl, “o objetivo principal era sobre os malefícios que as bebidas alcoólicas causam nas pessoas, principalmente nas famílias. Dom Peruzzo na sua sabedoria, juntamente com o clero deixaram o decreto. Ele ficou na vacância, a sombra das preocupações da diocese. Mas quando assumi a diocese, no ano passado, damos uma importância e foi decidido que em 2017 fosse ainda conhecido e refletido pela comunidade”.

 

A medida propõe uma ruptura na realização de festas. Com o decreto em vigor, a bebida alcoólica deixa de fazer parte dos eventos. Toda mudança divide opiniões, em algumas comunidades, a contrariedade pode persistir, mas Dom Edgar acredita que o passar do tempo, o pensamento mude. “É uma questão de conscientização e tempo. Daqui dois anos a população, em especial os católicos estarão nos agradecendo pela iniciativa e coragem. As nossas festas serão alegres no mesmo modo. Com essa diferença, vamos sentar à mesa, nos encontrar sem consumir bebidas alcoólicas”.

 

A igreja possui vários pavilhões, os quais são muito utilizados por empresas, entidades ou pessoas para realização de eventos diversificados. Para o Coordenador da Ação Evangelizadora na diocese, Padre Emerson Detoni, “nos eventos que não são promovidos pela igreja católica, mas são cedidos para casamentos, batizados, datas comemorativas, pedimos que na medida do possível, não haja o consumo. Mas em casos que o evento deveria ter bebidas alcoólicas, é permitido desde maneira moderada e através de um contrato de moderação do uso de bebidas alcoólicas”.

 

No caso de empresas e instituições que utilizam os espaços da igreja para eventos, Detoni destaca, “outras entidades que usam os centros para formaturas, assembleias, associações esportivas, ou clube de idosos não podem comercializar bebidas alcoólicas nesses espaços”.

 

Aproximadamente 1.200 comunidades estão ligadas ao catolicismo na região sudoeste. O trabalho de fiscalização, orientação cabe a cada paróquia. “Vai depender muito do padre que estará à frente de cada paróquia para acompanhar, formar os leigos. Uma comunidade existe em comunhão coma igreja como um todo. A partir do momento que a comunidade quebra a comunhão com a igreja, ela deixa de existir”.

 

 

Consumo de bebidas alcoólicas aumenta no Brasil

 

Segundo dados da Organização Mundial da Saúde, divulgados em maio de 2017. O Brasil está na 49ª posição no ranking de 193 países avaliados. No ano de 2016, cada brasileiro consumiu em média 8,9 litros de álcool puro.

 

Se comparado com 2006, onde a média era 6,2 litros, nos últimos dez anos, o aumento foi de 43,5%. Superando a média mundial que é de 6,4 litros por ano.

 

Álcool e jovens

 

Outra preocupação é a injeção de bebidas alcoólicas entre os jovens. Consta no Guia Prático de Orientação sobre o impacto das bebidas alcoólicas para a saúde da criança e do adolescente, lançado pela Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), que a ingestão precoce de álcool é a principal causa de morte de jovens de 15 a 24 anos de idade em todas as regiões do mundo.

 

Outro dado aponta que 40% dos adolescentes do Brasil, experimentaram bebida alcoólica pela primeira vez, entre 12 e 13 anos. Influência de amigos, familiares ou conhecidos.

 

Segundo a pesquisa na região sul do país, a bebida preferida entre os jovens são os destilados, como rum, tequila e vodca. Essas bebidas normalmente são misturadas com sucos, energéticos ou refrigerantes. (Com RBJ)

 

 

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