Vizinhos imploraram no 190 para que PM atendesse briga de casal que acabou em morte
O Ministério Público do Paraná (MPPR) anexou as gravações telefônicas feitas por vizinhos à Polícia Militar (PM) denunciando uma grave briga de casal que culminou na morte de Daniela Eduarda Alves, 24 anos, em janeiro, em Fazenda Rio Grande, na região metropolitana de Curitiba. A polícia foi acionada à 1 hora da madrugada e chegou ao local às 2h20. De acordo com a perícia, a jovem tinha sido morta há pouco mais de meia hora. O ex-marido, Emerson Bezerra da Silva, 25 anos, confessou o crime e está preso.
São, ao todo, dez gravações que a Banda B teve acesso e estão anexadas ao inquérito. Os vizinhos iniciaram as ligações perto da 1 hora da madrugada. Eles imploravam que a polícia fosse até a casa porque as agressões estavam bastante violentas. Em uma das ligações, os vizinhos relatavam os gritos da criança, filha do casal, de 4 anos.
Os policiais disseram que era necessário aguardar, que o caso já tinha sido repassado ao Batalhão de Polícia Militar (BPM). Quando uma viatura chegou ao local, Daniela já estava morta.
Desespero
Vizinho: “Oi, moço. Tem uma mulher gritando muito aqui na rua atrás da minha casa, na rua São Simeão. (…). Ela está gritando muito
Policial: “Vou pedir averiguação lá, tá bom”
Vizinho: “Boa noite, estou ouvindo uns gritos, uma mulher pedindo socorro. (…) Tem um homem também gritando”.
Policial: “Tá ok, senhora, está gerada a ocorrência, assim que tiver viatura, ela se desloca até lá, tudo bem?”.
Vizinho : “Emergência,mesmo. Já pedimos umas três vezes a polícia aqui, o cara tá matando a mulher aqui e até agora ninguém veio até aqui”.
Policial: “Essa ocorrência tá gerada aqui, tá na tela do Batalhão da área, eles vão encaminhar o atendimento agora, tem que aguardar”.
Vizinho: “Até agora nada. Estamos preocupados com a neném que está chorando, o cara está massacrando a mulher, ali”.
Policial: “A ocorrência está na tela, eles têm que encaminhar viatura. Tem que estar aguardando, aí. Já foi pedido urgência”.
Vizinho: “Capaz de irmos dormir e a polícia nada”.
Policial: Tem que aguardar, a ocorrência já está aberta”.
Vizinho: “O vizinho aqui do lado está espancando a mulher dele e tem uma criança junto, acredito que ele esteja espancando a criança, também”.
Policial: “Já tem um pedido pro local aí. Vou colocar em averiguação, tá bom?”
Defesa
O advogado Ygor Salmem, que representa a família de Daniela, disse que analisa os áudios com tristeza. “É uma leitura extremamente pessimista, tendo em vista que ficou mais do que evidenciado a demora e a inércia estatal no atendimento de uma ocorrência policial. Temos inúmeras ligações realizadas clamando por socorro e ajuda a uma mulher que estava sendo agredida de forma brutal pelo marido. Por que essa ocorrência não foi atendida? Há uma justificativa plausível para isso, diante de tantas ligações naquela noite”, disse à Banda B.
Padrasto
Logo após o crime, Emerson foi para a casa da mãe, junto com a filha. Lá, o padrasto Mauri Pedro ligou para a Polícia Militar (PM) e relatou o crime.
PM
A Banda B entrou em contato com a Polícia Militar (PM) e recebeu a seguinte nota oficial:
A Polícia Militar recebeu chamados e no momento das ligações as viaturas que atuam na região estavam em atendimento a outras ocorrências. No entanto, assim que uma foi liberada, a PM encaminhou a equipe policial ao local.
A Corporação não mede esforços para atender a população, tanto que continuou diligências até encontrar o suspeito. Logo após o crime, as equipes policiais militares do 13º Batalhão de Polícia Militar receberam denúncias e localizaram o homem na casa da família dele no bairro Sítio Cercado, em Curitiba. Ele foi preso e encaminhado à Delegacia de Polícia Civil de Fazenda Rio Grande.
Por reconhecer a complexidade dos fatos, a Polícia Militar já iniciou uma apuração sobre o caso. (Com Banda B)
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