Trânsito do Paraná é o terceiro que mais mata no País, mostra estudo do CFM
A cada duas horas e 45 minutos, uma pessoa morre no Paraná vítima de acidente de trânsito. Entre 2008 e 2016, último ano com dados disponíveis no Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), foram registrados um total de 28.426 óbitos no estado, que aparece com o terceiro com mais mortes em acidentes de transporte no período analisado, atrás apenas de São Paulo (62.930 mortes) e Minas Gerais (36.284).
Os dados fazem parte de um levantamento elaborado pelo Conselho Federal de Medicina (CFM), que nesta semana realiza em Brasília (DF) um evento nacional para entender esse problema que atinge proporções epidêmicas e é também foco da campanha Maio Amarelo, cujo objetivo é diminiuir o número de acidentes no trânsito e preservar a vida – neste ano, inclusive, o tema é “Maio Amarelo – no trânsito, o sentido é a vida”.
Além de se “destacar” pelo alto número de mortes no trânsito, contudo, o Paraná também apresenta o quinto maior número de internações no SUS e de gastos públicos em saúde em decorrência de acidentes de trânsito. Quanto às internações, foram 89.464 entre 2009 e 2018, com a média de 24,5 internações por dia (ou uma internação em unidades públicas de saúde a cada hora). Já o valor despendido com essas internações alcançou a soma de R$ 169,86 milhões, com um gasto médio de R$ 16,98 milhões por ano, ou ainda R$ 1.898,59 com cada internação.
Para o coordenador da Câmara Técnica de Medicina de Tráfego do CFM, José Fernando Vinagre, os números mostram que os acidentes de trânsito constituem um grave problema de saúde pública que provoca sobrecarga nos serviços de assistência, em especial nos prontos-socorros e nas alas de internação dos hospitais. “É preciso reconhecer o importante aprimoramento da legislação ao longo dos anos e também o aumento na fiscalização, especialmente após a Lei Seca. No entanto, precisamos avançar nas estratégias para tornar o trânsito brasileiro mais seguro”, destacou.
Presidente do CFM, Carlos Vital comenta que a solução para se reduzir as tragédias no trânsito depende de uma série de fatores de prevenção, reforço na fiscalização e sinalização, além de questões de infraestrutura e aprimoramento dos itens de segurança dos veículos. “Neste contexto, os médicos desempenham papel fundamental nas discussões sobre direção veicular segura. O impacto desses acidentes nos serviços de saúde é alto. Leitos são ocupados, hospitais e médicos se dividem no atendimento entre os acidentados e os que procuram assistência médica para patologias que não poderiam prevenir, diferentemente dos acidentes de trânsito, que podem ser reduzidos e prevenidos”, destacou.
Por ano, custo com acidentes chega a R$ 50 bilhões no Brasil
Antonio Meira Júnior, diretor da Associação Brasileira de Medicina de Tráfego (Abramet) e membro da Câmara Técnica do CFM, destaca que os custos com os acidentes de trânsito vão além das hospitalizações. No Brasil, o custo médio é de aproximadamente R$ 290 milhões por ano. “Obviamente (esse dinheiro) foi investido para salvar vidas, o que é justificável. Se conseguíssemos diminuir o número de vítimas do trânsito, no entanto, teríamos um impacto muito grande também nas contas públicas. São recursos que poderiam ser direcionados para outras áreas prioritárias da assistência em saúde no País”, aponta.
Estimativas conservadoras, segundo ele, calculam em cerca de R$ 50 bilhões ao ano os gastos com os acidentes, incluindo atendimento médico-hospitalar, seguros de veículos, danos a infraestruturas, perda ou roubo de cargas, entre outras despesas. “É preciso lembrar que existem outros custos envolvidos neste contexto, como o do absenteísmo por doença (falta do trabalhador por atestado ou licença-saúde), com auxílios doença e tudo o mais que o País tenha investido no indivíduo que veio a óbito ou que ficou inválido em idade produtiva. Mais grave do que toda essa matemática, porém, são as sequelas físicas e emocionais – muitas vezes irreversíveis – que cada um destes acidentes deixa na vida das pessoas”. (Com Bem Paraná)
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