Paraná

Menina de 11 anos com mais de 200 kg recebe alta do hospital após cirurgia bariátrica

Menina de 11 anos com mais de 200 kg

Recebeu alta nesta segunda dia 19, a menina de 11 anos que passou por uma cirurgia bariátrica em Campo Largo, na Região Metropolitana de Curitiba.

 

O procedimento foi realizado no último dia 8 de dezembro, no Hospital do Rocio, após uma decisão da Justiça. Veja abaixo os detalhes.

 

Com mais de 200 quilos, Milena Nos foi diagnosticada com uma mutação genética que impede o cérebro de entender saciedade após comer.

 

"Estou ansiosa pra ir à escola", contou na saída do hospital.

De acordo com o médico responsável pela cirurgia, Paulo Nassif, a criança respondeu melhor que o esperado ao tratamento.

 

Agora, Milena viaja de volta para casa em Irati, na região central do Paraná, mas deve retornar ao hospital a cada 10 dias para acompanhamento. No ano que vem, ela pretende retornar também à escola.

 

"A gente espera uma recuperação plena. Que daqui para frente teremos uma vida nova né, uma vida que nunca tivemos. A esperança é muito grande, como diz ela. De podermos sair, nos divertir sem que as pessoas fiquem olhando com outros olhos", exaltou a mãe.

 

Segundo o médico, o procedimento foi o último recurso após uma série de tratamentos que não surtiram efeitos na saúde da menina.

 

Conforme o profissional, além dos impactos no bem-estar de Milena, a condição passou a afetá-la emocionalmente.

 

Depois do procedimento, Milena falou pela primeira vez com exclusividade ao Fantástico.

 

"Imagino uma vida normal. Uma vida em que eu possa correr, brincar, pular. Quero brincar com minha amiga, aprender a andar de bicicleta. Uma vida normal e de criança", contou.

 

Carinho na despedida

Foram quase dois meses internada no hospital, considerando o período pré e pós-operatório. Milena e a mãe chegaram à instituição em 28 de outubro, ainda sem saber quando a bariátrica seria realizada.

 

Ao longo do período, a criança recebeu acompanhamento diário de uma equipe multidisciplinar envolvendo nutricionistas, médicos, psicólogos, enfermeiros e fisioterapeutas. Até o dia da operação, segundo o médico, ela perdeu 20 quilos.

 

Nesta segunda, assim como durante todos os dias de internamento, a despedida foi repleta de carinho. Milena saiu caminhando acompanhada dos pais e de profissionais que a acompanharam na trajetória.

 

Antes de ir embora, uma homenagem foi feita a ela em uma capela, no local.

 

 

Conquista na Justiça

A cirurgia bariátrica foi negada pelo Sistema Único de Saúde (SUS), com base na portaria do Ministério da Saúde que autoriza o procedimento apenas para adolescentes a partir dos 16 anos.

 

Junto ao Conselho Tutelar e Assistência Social de Irati, a família conseguiu ingressar com uma ação solicitando a realização da operação.

 

A decisão da Justiça que determinou a realização da cirurgia saiu em setembro deste ano.

 

Conforme um anexo do processo, assinado por uma endocrinologista, o procedimento era "urgente e necessário" diante das complicações em decorrência da mutação, que apresentavam evolução, como acentuação de doença no fígado por conta da gordura.

 

"Pelo risco de severas complicações, incluindo risco de morte segundo os laudos médicos apresentados, há indicação de realização da cirurgia sendo essa a melhor terapêutica a ser seguida nesse momento", cita trecho.

 

Além da ordem para realização da cirurgia, a Justiça determinou que o estado seja responsável pelos custos do prestador.

 

Em nota, a Secretaria de Estado de Saúde (Sesa) afirmou ter acatado a decisão e que irá cumprir com a ordem judicial que optou pela realização do procedimento.

 

Disse ainda que fará o pagamento dos custos do prestador do serviço "tão logo a unidade instrua um protocolo administrativo com a documentação necessária, incluindo os documentos que comprovem a realização do procedimento e os custos hospitalares".

 

Ainda na Justiça, a família briga para conseguir um medicamento à base de cannabis que pode ajudar no tratamento da menina. O remédio não está disponível no Brasil e precisa ser importado dos Estados Unidos.

 

 

 

 

Por Bárbara Hammes e Ana Zimmermann

 

 

 

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