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Mais da metade dos casos de homicídio ficam sem solução no Paraná

Mais da metade dos casos de homicídio ficam sem solução no Paraná

“Queremos Justiça”. Eis o clamor repetido incessantemente por aqueles que tiveram de lidar com a perda de um ente querido nalgum caso de assassinato. Não é pouca gente, não são poucas vozes. Todos os anos, uma média de 2,6 mil pessoas são vítimas de homicídio no Paraná. E pelo menos metade dos crimes ficam sem solução.


Ontem foi o dia de a sociedade recordar de um dos casos mais marcantes da história paranaense. Foi no dia 5 de novembro de 2008 que Rachel Maria Lobo Genofre, então com nove anos de idade, foi encontrada morta na rodoviária de Curitiba, dois dias após desaparecer ao sair da escola em que estudava, no Centro. Seu corpo estava enrolado em lençóis dentro de uma mala e apresentava sinais de violência sexual e estrangulamento. Até hoje o caso não foi solucionado.


Dois atos, organizados por familiares e amigos da menina e por movimentos sociais, foram realizados ontem em Curitiba, pedindo justiça pela morte de Rachel. Às 6h30, flores foram colocadas nas grades do Instituto Estadual de Educação do Paraná, onde a menina estudava e foi vista pela última vez com vida. Às 17 horas, uma manifestação na rodoferroviária, onde seu corpo foi encontrado, na qual os participantes também pediram a mudança do nome do local, para que tenha o nome da menina.


No Brasil, não existe um banco de dados centralizado que possa fornecer com precisão o número de crimes não solucionados. Entretanto, dados oficiais da Estratégia Nacional de Justiça e Segurança Pública (Enasp) indicam que somente 6% dos homicídios dolosos (com intenção de matar) são resolvidos no país. O sociólogo Júlio Jacobo Waiselfisz, responsável pelo Mapa da Violência, apresenta um cenário ainda mais desanimador, apontando uma média entre 4 e 5%.


No Paraná, a situação é um pouco melhor. O Inqueritômetro, mantido pelo Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), aponta que entre 17 e 30% dos inquéritos sobre homicídios ensejam alguma denúncia. Apesar da estatística ser melhor do que a apresentada pelo Enasp, isso ainda significa que, de cada 10 homicídios no estado, oito ou sete ficam sem resolução. Num estudo mais recente, o Monitor da Violência, do portal G1, registrou todos os casos de homicídio, latrocínio, feminicídio, morte por intervenção policial e suicídio ocorridos no país entre 21 e 27 de agosto último.


No Paraná, foram 67 casos identificados e acompanhados. Em menos da metade das ocorrências (31 ou 46,3% do total) o autor (ou os autores) do crime foram identificados.

 

Núcleo do MPPR investiga casos antigos


Em março deste ano, o Ministério Público do Paraná (MP-PR) criou o Núcleo de Análise de Inquéritos Policiais (Naip), cuja missão é concluir 15 mil inquéritos policiais antigos, que estavam acumulados nos distritos policiais e em algumas delegacias especializadas de Curitiba. São 9.954 inquéritos de crimes “comuns” (como furto, agressão, latrocínio e estelionato, entre outros) e 4.300 relacionados a violência doméstica. Isso dá um total de 14.254 investigações, que datam desde 2004 até o final de 2015.


Para dar conta de tamanha demanda, a força-tarefa é coordenada por quatro promotoras de Justiça, cada uma contando com o suporte de uma equipe com quatro auxiliares. Além delas, há ainda uma unidade própria da Polícia Civil, que inclui delegada, dois escrivães e três investigadores. Até aqui, mais de 4 mil dos processos que estavam etancados já tiveram uma resposta. (Com Bem Paraná)

 

 

 

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