Lodo de esgoto da Sanepar vira adubo e traz importantes resultados para agricultores

Uma planta bem viçosa, bem verde e que segura bastante água.
É assim que Edson Schiavoni descreve o capiaçu da sua propriedade, que recebe o lodo de esgoto da Sanepar. O pequeno agricultor de Nova Esperança, Noroeste do Estado, comemora os resultados atingidos com o insumo: redução das despesas, gado muito bem nutrido e produção de leite que não para de aumentar.
Desde a adesão ao programa do Uso Agrícola do Lodo de Esgoto da Sanepar, há dois anos, Schiavoni descartou o uso de qualquer outro adubo e reduziu pela metade o volume do produto que complementa a alimentação do gado. A economia, segundo ele, é superior a R$ 1 mil por mês.
Ele se diz feliz com os resultados. Conta que o rebanho cresceu em 33 bezerras, sem precisar comprar mais alimentos. “A área de capineiro é a mesma e vem suprindo todo este gado”, observa. Ele ainda faz questão de dizer que “o leite aumentou acima de 50%, com certeza”, e que prevê ganhos muito superiores quando as bezerras começarem a produzir.
A Sanepar distribuiu mais de 32 mil toneladas de lodo de esgoto em 2024. O programa beneficiou 132 agricultores de 59 municípios paranaenses, totalizando 3.350 hectares de área aplicada.
Outro relato positivo com capineiro vem de Carlos Henrique de Paula, de Paranavaí. “Melhorei a qualidade da planta e dobrei a quantidade de massa”, diz. O médico aposentado e pequeno produtor de gado de corte calcula economia de pelo menos R$ 10 mil por ano, graças à Sanepar. “Se não aplicasse o lodo eu teria que gastar com outros produtos que fornecessem, principalmente, matéria orgânica para o nosso solo”.
Carlos Henrique é um grande divulgador do programa do uso agrícola do lodo. “Hoje, produzir está difícil, está caro, e em todas as culturas. Nós temos que priorizar o pequeno produtor. E que a Sanepar continue com este programa, que a gente enaltece o quanto pode, e que, principalmente, chegue para nós a custo zero nas propriedades”, afirma.
OUTRAS CULTURAS – A região Noroeste do Paraná se destaca cada vez mais pela exportação de suco de laranja. O produtor Edvaldo Correia de Oliveira foi o primeiro a receber lodo da Sanepar na região há cerca de 10 anos. Ele afirma que o suco produzido pela cooperativa que ajudou a formar vai todo para o Exterior: 70% para a Alemanha, 20% para o Japão e 10% para a Suíça.
Dono de 18 alqueires no município de Flórida, Edvaldo afirma que o lodo de esgoto é um importante revitalizador de solo. “Ele vai liberar micro-organismos para o solo e a planta. O solo vai ficar mais poroso, absorver mais água. Vai melhorar o sistema para a planta”, resume. O lodo é rico em cálcio, um dos minerais que a laranja mais exige. “Só de calcário você economiza, em média, três toneladas no ano por alqueire”, afirma.
Já Altair Jorge, com propriedades em Flórida e Santa Fé, recebeu seu primeiro lote de lodo em 2024, após indicações de outros produtores, clientes da sua loja de produtos agropecuários. Ele também já tinha ouvido a recomendação do agrônomo do Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR) que atende a região.
Altair conta com o filho de 20 anos para ajudar a tocar os negócios. “Ele já tá acompanhando, fazendo agronomia. Já fizemos análise de solo e vamos repetir para a gente ver a diferença da última análise para esta, agora, depois da aplicação do lodo”. Os ganhos e a diferença com o uso do lodo ele diz que vê de longe, comparando a planta dele com a do vizinho, que já aplica o produto há três anos. “A coloração, o tamanho das plantas”.
O Noroeste do Estado destina 100% do lodo residual das estações de tratamento de esgoto para a agricultura. Somente esta região distribuiu cerca de 11 mil toneladas de lodo e beneficiou 45 agricultores no ano passado. O material foi produzido em 14 lotes nas oito unidades de tratamento localizadas em Maringá, Umuarama, Campo Mourão e Paranavaí.
BENEFÍCIOS – O lodo de esgoto da Sanepar é um material rico em matéria orgânica, nutrientes como nitrogênio, fósforo, cálcio, magnésio e enxofre, além de micronutrientes, como zinco.
O biossólido pode ser aplicado em culturas frutíferas, de cobertura, como aveia, café, cana-de-açúcar, capineira, folhagem, milho, soja e trigo. É proibido o uso em pastagens, áreas de integração lavoura-pecuária-floresta, hortas, tubérculos, raízes, culturas inundadas e cuja parte comestível entre em contato com o solo.
A Sanepar mantém 40 Unidades de Gerenciamento de Lodo (UGLs) espalhadas pelo Estado. No local, o material é devidamente higienizado para atender a legislação. Até a aplicação no solo, todo o processo é acompanhado e monitorado para o uso seguro.
O responsável técnico pelo Programa do Uso Agrícola do Lodo de Esgoto da Sanepar no Noroeste, o agrônomo Marco Aurélio Knopik, diz que é possível conhecer mais sobre a iniciativa pelo site da Sanepar. “Na aba Sustentabilidade existem questionários com perguntas e respostas, o processo completo, folder de divulgação, além do pré-cadastro, para quem deseja saber mais e participar do Programa”.
Ele lembra que a Sanepar fornece o lodo de forma gratuita para agricultores cadastrados, com áreas agrícolas aptas e culturas permitidas. Isto, conforme a disponibilidade do lodo em cada região do Paraná. “O agricultor não paga nada pelo material, nem pelo transporte, e ainda recebe acompanhamento técnico para a aplicação”, ressalta.
Por - AEN