Lava Jato investiga contratos do Banco Paulista que somam R$ 280 milhões
A força-tarefa da Lava Jato afirmou nesta quarta dia 08, que, além dos R$ 48 milhões movimentados pelo Banco Paulista, oriundos de lavagem de dinheiro em favor de executivos da Odebrecht, outros R$ 280 milhões transferidos pelo banco a outras dez empresas também são investigados.
Os procuradores do MPF informaram que as operações realizadas para movimentar estes R$ 280 milhões são semelhantes aos repasses de R$ 48 milhões em contratos falsos com a Odebrecht (veja abaixo como funcionava o esquema).
Estas movimentações são investigadas na 61ª fase da Lava Jato, deflagrada na manhã desta terça-feira (8).
Segundo o MPF, as empresas emitiam notas fiscais pela operação de importação de moedas, mas o serviço não era prestado pelo Banco Paulista.
Parte dos 41 mandados de busca e apreensão cumpridos pela Polícia Federal nesta fase aconteceu nas sedes e nas casas dos sócios destas empresas. "Com o resultado destes mandados, nós vamos entender se estas empresas operavam neste esquema junto à Odebrecht ou não", afirmou o procurador da República, Júlio Motta Noronha.
Segundo o delegado da Polícia Federal Alessandro Netto Vieira, a maior parte das empresas funcionava de fachada para movimentar o dinheiro. "De dez empresas, seis simplesmente não existiam fisicamente. Outras duas apresentaram situação precária, incompatível com a quantia que movimentaram", afirmou.
De acordo com o delegado, uma das empresas é investigada pela importação de cerca de R$ 100 milhões em moedas estrangeiras, mas tinha como sede "um sobradinho no subúrbio carioca", por exemplo.
Os R$ 280 milhões investigados foram movimentados entre 2010 e 2017, de acordo com o MPF.
Esta é a primeira fase da Lava Jato que tem uma instituição bancária como alvo.
Em nota, o Banco Paulista informou que a área de câmbio da empresa foi surpreendida com a operação PF em sua sede, e que está colaborando com as autoridades e retomando suas operações regulares.
Três presos
Três executivos do Banco Paulista foram presos preventivamente na manhã desta terça-feira. Paulo Cesar Haenel Pereira Barreto, funcionário da mesa de câmbio do banco, Tarcísio Rodrigues Joaquim, diretor da área de câmbio, e Gerson Luiz Mendes de Brito, diretor-geral.
De acordo com o MPF, eles assinaram R$ 48 milhões em contratos de fachada com empresas ligadas a executivos do Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht, como era chamado o setor de propinas da empreiteira.
A força-tarefa ainda investiga se estes valores foram pagos como comissão aos funcionários da empreiteira pelas operações de propina ou se tinham outros agentes como destinatários.