Horas antes de morrer, grávida conta como foi esfaqueada pelo ex: 'Saiu e me largou lá'
A mulher grávida que foi esfaqueada pelo ex-companheiro em Marialva, no norte do Paraná, no início deste mês, contou em um depoimento, gravado pela polícia quatro horas antes dela morrer, como tudo aconteceu. Emili da Silva Martins, de 18 anos, estava grávida de quatro meses e morreu durante uma cirurgia em um hospital de Maringá.
No vídeo, obtido com exclusividade pela RPC, Emili dá detalhes do momento que encontrou o ex até ser socorrida pelos irmãos dele em uma plantação de soja. Segundo a vítima, os dois ficaram juntos por quatro anos e estavam separados há um mês. Eles tinham uma filha de dois anos e mais o bebê que estava na barriga dela.
“A gente foi até a praça, porque ele disse que queria conversar comigo. Fui até lá para dar um basta mesmo. Se não fosse pra ele falar sobre as minhas crianças, eu não queria conversar mais com ele, apenas falaria a respeito das minhas crianças”, disse.
“Aí a gente estava na praça, ele até pegou um lanche. A gente estava conversando, comecei a falar pra ele sobre isso, nisso ele falou que ia me levar embora. O carro dele acabou a gasolina, fui com ele, buscamos a gasolina. Ele não me levou embora, foi sentido a Santa Fé. Chegando na fazenda Guaíra, do lado, ele entrou em uma estradinha de terra que dá na cooperativa. Saindo da cooperativa, um pouco pra baixo da entrada, ele parou e queria fazer relação (sexual) comigo. Eu não quis. Ele ficou insistindo, insistindo, aí eu desci do carro e ele também. Ficou tentando me agarrar e eu tentando sair. Nisso ele me deitou no chão, lá na soja, se deitou por cima de mim, tentou tirar a minha roupa e comecei a chutar ele pra sair de cima. Foi quando eu consegui sair e corri dele”, detalhou Emili.
Os golpes de faca foram desferidos quando a jovem tentava fugir do ex-companheiro.
“Ele foi até o carro, pegou uma faca e desferiu os dois golpes em mim. Um atingiu um pouco pra baixo do ombro e o outro no peito. Depois disso, saiu com o carro e me largou lá. Não fiquei desacordada. Era umas três horas da madrugada e eu fiquei até de manhã. Aí eu não sei se ele contou para os irmãos dele, porque foram dois irmãos e uma irmã dele lá. Eles me ajudaram e pediram socorro”, contou a vítima à polícia.
O suspeito foi preso por volta na manhã de 4 de fevereiro, depois de se apresentar à Polícia Civil. Davi Henrique Caldeira Brandt será indiciado por feminicídio e tentativa de estupro.
O advogado do suspeito diz que o depoimento da vítima pode ajudar na defesa do cliente.
“Há muitas contradições no depoimento da vítima, aos crimes que lhe foi imputado. O vídeo pode ser fundamental para a análise do processo como um todo. Davi está arrependido do que fez, diz que foi um momento de loucura”, afirmou Allan Brandt. (Com G1)
Veja Também: