Hidrelétricas continuarão como base do sistema brasileiro, afirma diretor do ONS
A indústria da eletricidade deve passar por mudanças profundas nos próximos anos, com a expansão de fontes renováveis, como eólicas e solares, e do uso dos veículos elétricos, da produção de energia pelos próprios consumidores e da dificuldade de regularização dos reservatórios.
Ainda assim, por muito tempo, as hidrelétricas continuarão sendo a base do sistema elétrico brasileiro, o que manterá o País como um exemplo mundial do aproveitamento de fontes renováveis, segundo o diretor-geral do ONS (Operador Nacional do Sistema), Luiz Eduardo Barata.
A afirmação foi feita na noite de domingo (19), durante a abertura do 18º Eriac (Encontro Regional Ibero-americano) do Comitê Nacional Brasileiro de Produção e Transmissão de Energia Elétrica, em Foz do Iguaçu. O evento é organizado pela Itaipu Binacional e a abertura teve a participação do diretor-geral brasileiro, Joaquim Silva e Luna, e do diretor técnico José Maria Sánchez Tilleria, que representou a Diretoria-Geral paraguaia.
O seminário, o mais importante da região ibero-americana do Cigré, prossegue até quinta-feira (23). Nos cinco dias, são esperados 600 participantes e painelistas de 10 países - Brasil, Paraguai, Argentina, Chile, Colômbia, Espanha, Itália, México, Portugal e República Dominicana.
Ao todo, serão apresentados cerca de 300 trabalhos técnicos em 16 Comitês de Estudo do Cigré, discutidos simultaneamente em oito salas diferentes. A ideia é promover a troca de experiências capazes de ajudar o setor a enfrentar os desafios do presente e do futuro.
"Trata-se de uma área sofisticada e cada vez mais conectada e interdependente. Estamos criando sistemas para integrar tudo e este tipo de aprendizado se dá em momentos como esse, trocando conhecimento, experiência, criando união e, sobretudo, confiança", disse o diretor-geral brasileiro, general Joaquim Silva e Luna.
MATRIZ LIMPA
Embora haja previsão de aumento de quase 5 mil Megawatts na capacidade instalada das hidrelétricas no País, até 2023, a participação destes empreendimentos no sistema elétrico brasileiro deve diminuir porcentualmente com a expansão de novas fontes, como eólica e solar, passando de 67,5% para 64%. "Apesar disso, a participação hidrelétrica será majoritária, o que dá a nossa matriz uma característica excepcional de energia limpa. A longo prazo, as hidrelétricas continuarão sendo a base do sistema", afirmou Barata.
No território brasileiro, a perspectiva do ONS é a de que o sistema elétrico se torne cada vez mais complexo, com o intercâmbio de energia entre as regiões em corrente contínua e alternada, do uso múltiplo dos recursos hídricos e da perda de capacidade de regularização dos reservatórios. Mas Itaipu está fora do radar de preocupações.
Para o presidente honorário do 18º Eriac, Jorge Nizovoy, Itaipu representou um marco mundial da engenharia de potência, que tem um "antes e depois" da criação da binacional, que completou 45 anos no último dia 17. "A água pode separar ou unir. Aqui, o que vimos foi justamente a união", disse, em analogia à bem-sucedida binacionalidade da Itaipu.
O ERIAC
O encontro, de caráter internacional, é realizado a cada dois anos na tríplice fronteira. Sua organização conta com a presença de representantes da Argentina, Brasil e Paraguai.
A programação conta com uma visita técnica à Itaipu, na quinta-feira (23), das 8h às 12h. A cerimônia de encerramento e entrega de prêmios será no mesmo dia, às 18h15. Antes, na quarta-feira (22), o Eriac terá o Fórum das Nações, evento paralelo com palestras de especialistas do setor elétrico da Ásia, América Central e do Brasil.
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