Estado reajusta em 25% valor das bolsas para pesquisadores, professores, alunos e indígenas
O Governo do Estado vai reajustar em 25% todas as bolsas concedidas pela Superintendência Geral de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Seti) e Fundação Araucária para pesquisadores, professores, estudantes e profissionais recém-formados que atuam em instituições de ensino superior e de pesquisa científica e tecnológica.
A medida alcança também estudantes indígenas. O anúncio foi feito pelo governador Carlos Massa Ratinho Junior nesta quarta-feira (09) durante um evento no Palácio Iguaçu.
Os novos valores começam a vigorar em abril e representam um acréscimo de R$ 2,73 milhões, um investimento total de R$ 13,6 milhões apenas em 2022. Os recursos são oriundos do Fundo Paraná – dotação constituída por lei para promoção e fomento da Ciência, Tecnologia e Inovação.
“Nossas universidades são um patrimônio espetacular, que nos orgulham muito”, disse o governador. “O que queremos com isso é dar oportunidades aos nossos estudantes, facilitar o acesso ao ensino superior. Precisamos manter e ampliar o patrimônio acadêmico e intelectual do Paraná, algo fantástico que temos aqui no Estado”.
O incremento, destacou o governador, põe fim a uma espera de quase 10 anos – o último reajuste nos valores das bolsas de pesquisas ocorreu em 2013. Além disso, reforçou ele, vai contribuir para a formação de pessoas na área da ciência e tecnologia, com impacto no avanço da produção e difusão do conhecimento científico em todo o território estadual. “A universidade e a pesquisa são fundamentais para o desenvolvimento de uma cidade e de uma região. E são peças-chave na melhoria da qualidade de vida das pessoas”, disse.
Com a nova tabela, os valores das bolsas passam de R$ 2.200 para R$ 2.750 (alunos de doutorado); de R$ 1.500 para R$ 1.875 (alunos de mestrado); e de R$ 400 para R$ 500 (alunos de iniciação científica). De acordo com a Seti, em fevereiro deste ano foram pagas 751 bolsas-auxílio para profissionais e estudantes de diferentes iniciativas institucionais, como os programas de Restec, Universidade Sem fronteiras (USF), entre outros.
“É um momento muito especial, em que podemos proporcionar um dos maiores índices de correção do País nos valores das bolsas. Isso garante ao Paraná acabar com o que chamamos de ‘evasão de cérebros”, ressaltou o superintendente de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Aldo Bona.
Ele destacou ainda que as bolsas são essenciais para assegurar o padrão de excelência da produção científica paranaense, com impacto no desenvolvimento econômico, social e sustentável. “Com o aumento no custo de vida, entre outros fatores econômicos, é fundamental manter a produtividade dos pesquisadores, atraindo novos talentos para a carreira acadêmica”, acrescentou.
Aldo Bona ressaltou que o reajuste não implicará em redução do número de bolsas concedidas, permanecendo a quantidade anual na média dos últimos exercícios. Além disso, a atualização refere-se unicamente aos valores das bolsas e não envolve recursos para o custeio dos projetos de pesquisa.
O presidente da Fundação Araucária, Ramiro Wahrhaftig, reforçou a importância dos pesquisadores para o desenvolvimento do Paraná. “Esse reajuste era extremamente necessário, pois estamos num período em que a contribuição dos pesquisadores é fundamental para o desenvolvimento sócio científico, econômico e tecnológico, desde a iniciação científica até os doutorados”, disse ele, ressaltando que essa revisão de custeio atende demanda da própria classe profissional.
INDÍGENAS – O Paraná é o único Estado do País que dispõe de vestibular indígena como política pública estadual. O Programa Universidade para os Índios tem 265 alunos matriculados em cursos de graduação e de pós-graduação. São ofertadas bolsas-auxílio em duas modalidades: estudante indígena sem filhos e estudante indígena com filhos. Com o reajuste de 25%, os valores dessas bolsas passarão de R$ 900 para R$ 1.125 e de R$ 1.350 para R$ 1.687,50, respectivamente. As bolsas não eram corrigidas desde 2016.
Entre os anos de 2019 e 2021, o Governo do Estado destinou R$ 8,5 milhões para custear esses auxílios para os alunos indígenas. “Essa bolsa ajuda na alimentação, no pagamento do aluguel desses estudantes. E o valor estava defasado. Contamos com a sensibilidade do governador Ratinho Junior, que mesmo em um momento delicado do caixa em razão da pandemia garantiu esse aumento”, disse o superintendente-geral de Diálogo e Interação Social do Governo do Estado, Mauro Rockenbach.
A indígena Evelyn Paola Guimarães da Silva Lourenço, de Santa Amélia, na Região Norte, é uma das estudantes beneficiadas com a bolsa. Ela estuda Odontologia na Universidade Estadual do Norte do Paraná (UENP), em Jacarezinho. “Fiz o vestibular no ano passado e consegui ingressar na universidade, uma grande dificuldade para o povo indígena. Estou muito feliz e grata por esse aumento no valor da bolsa. Como estudo em período integral, não posso trabalhar, então a bolsa vai ajudar a me manter”, afirmou.
RESIDÊNCIA TÉCNICA – O Governo do Estado disponibiliza centenas de oportunidades de capacitação e formação de profissionais recém-formados para atuar no setor público, além de vagas para qualificação de servidores e empregados públicos.
São mais de 800 residentes técnicos ativos, em diferentes programas: Gestão Pública; Engenharia e Gestão e Ambiental; Engenharia e Obras Públicas; Economia Rural; Gestão em Turismo; e Gestão Cultural. Nos próximos meses, devem iniciar as atividades duas novas turmas: Inovação, Transformação Digital e E-Gov (Integre) e Gestão de Ambientes Promotores de Inovação (Gapi), com 92 e 20 vagas, respectivamente, para Curitiba e municípios do Interior.
FUNDAÇÃO ARAUCÁRIA – No ano passado, a Fundação Araucária concedeu um total de 4.380 bolsas, somando R$ 37,9 milhões. Desse montante, R$ 18,6 milhões, equivalente a 49,27%, foram destinados ao fomento da produção científica e tecnológica.
Outros R$ 18,6 milhões foram direcionados para formação e qualificação de pesquisadores, contemplando bolsas de iniciação científica e desenvolvimento tecnológico, extensão universitária e inclusão social.
Mais R$ 568 mil (1,5%) apoiaram a organização e participação de pesquisadores em eventos científicos e divulgação de trabalhos acadêmicos.
SISTEMA ESTADUAL – O Paraná conta com sete universidades estaduais e quatro universidades federais, além de institutos de pesquisa e várias instituições de ensino superior privadas. Aproximadamente 20 mil doutores, 22 mil mestres e um número expressivo de pesquisadores com outros níveis de qualificação, colocando o Estado em condição comparável com vários países europeus.
PRESENÇAS – Participaram do evento o vice-governador Darci Piana; o superintendente da Funai, Adir Veloso; a vice-presidente do Conselho de Pró-reitores, Tatiana Silva; a pró-reitora da Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Cláudia Regina Xavier; o pró-reitor do Instituto Federal do Paraná, Marcelo Estavam; os reitores das universidades estaduais Fátima Padoan (UENP), Salete Sirino (Unespar), Alexandre Webber (Unioeste) e Fábio Hernandes (Unicentro); o vice-reitor da UEM, Ricardo Dias Silva; e o vice-reitor da UEL, Décio Barbosa; além de pró-reitores de pesquisa e graduação e de extensão das universidades estaduais; e os caciques Angelo Rufino (Aldeamento Rio das Cobras) e Everton Lourenço (Aldeamento Laranjinha).
Por - AEN