Paraná

Em cinco anos, casos de violência de filhos contra pais crescem 110% no Paraná

Em cinco anos, casos de violência de filhos contra pais crescem 110% no Paraná

Todos os dias há, em média, dois pais ou mães agredidos pelo próprio filho. E isso apenas no Paraná. É o que revelam dados do Ministério da Saúde, compilados a partir do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan Net).

 

Apenas em 2016, foram 799 casos desse tipo no Estado. Já no Brasil como um todo, o número de ocorrências foi de 9.077 apenas no último ano com dados disponíveis, o que dá uma média de 25 casos por dia.

 

O número assusta. E aponta para uma crescente do problema ou, na melhor das hipóteses, uma maior evidenciação da questão. Prova disso é que em 2012 o Paraná havia registrado 379 casos de violência de filhos contra pais. Portanto, o número de 2016 é 110,8% maior do que o verificado cinco anos antes. A situação se repete no cenário nacional: foram 4.327 casos em 2012, ou seja, 2016 teve 109,8% mais ocorrências.

 

Para especialistas, a realidade apresentada pelos números pode ser apenas a ponta do iceberg. “Estes são os casos de violência daquelas pessoas que já tiveram que ir ao posto de saúde. Ninguém vai ao posto de saúde por causa de uma ameaça”, aponta Julio Jacobo Waiselfisz, coordenador da Área de Estudos da Violência da Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (FLACSO).

 

Suzanne Jacob, coordenadora da ONG SafeLives, localizada no Reino Unido, corrobora com o sociólogo. Segundo ela, o problema é muito maior do que as estatísticas demonstran e por razões compreensíveis. “Quando o agressor é alguém próximo, apenas uma em cada cinco vítimas chama a polícia. É evidente porquê alguém seria menos suscetível a chamar a polícia para denunciar o seu filho, dadas as possíveis consequências para a própria pessoa e a criança.”

 

Num artigo intitulado “Violência dos filhos contra os pais”, o psicólogo espanhol Javier Urra Portillo aponta como causas para o problema uma sociedade permissiva que ensina aos filhos os seus direitos, mas não os seus deveres; e que interpretou de forma equivocada o lema ‘não pôr limites’ e ‘deixar fazer’, abortando um correto amadurecimento. “O corpo social perdeu força moral”, avalia.

 

Pesquisas feitas fora do Brasil (por aqui o asssunto ainda é incipiente), principalmente na Inglaterra, trazem ainda outros dados importantes. A violência de crianças e adolescentes contra os pais (CPV e APV, na sigla em inglês) são mais prevalentes em alguns grupos particulares: jovens com problemas mentais ou necessidades especiais; crianças adotadas; famílias que vivenciaram ou vivenciam casos de violência doméstica; e jovens que abusam de substâncias como álcool e outras drogas.

 

Esses mesmos estudos apontam, ainda, que jovens que fazem parte desses grupos de risco podem sofrer de uma “sobreposição de problemas diversos”. Traumas precoces, como negligência e o convívio com a violência doméstica, pode afetar a forma como essas pessoas lidam com o estresse. No caso de abuso de substâncias, o ataque podem acontecer durante o período de intoxicação ou por conta da fissura, com os filhos exigindo dinheiro para drogas. Já aqueles com problemas mentais podem apresentar altos níveis de ansiedade e não é preciso muito para fazê-los lutar, fugir ou travar.

 

Mundo


Estudos e levantamentos diversos feitos em países como Colômbia, Estados Unidos e Espanha apontam que cerca de 10% das famílias sofrem com agressões por parte dos filhos. E não há diferenciação com relação ao nível socioeconômico ou mesmo ao modelo familiar. (Com Bem Paraná)

 

 

 

Hashtag:
SICREDI 02