Com regras próprias, cidades de MG e PR retomam atividades em meio à crise do coronavírus
Seguindo protocolos próprios, cidades do interior de Minas Gerais e do Paraná começaram a retomada de atividades econômicas nas últimas semanas depois de um período de medidas rígidas para contenção dos casos do novo coronavírus.
O comércio de Extrema (MG) voltou a funcionar com restrições no dia 13, depois de um processo de abertura gradual. O município de 36.000 habitantes, no sul de Minas, tem 21 casos e 4 mortes em decorrência do Sars-CoV-2.
No início do isolamento, a cidade fechou a divisa com o estado de São Paulo, e deixou aberto apenas o lado que dá acesso a Minas Gerais, com uma barreira sanitária medindo temperatura e distribuindo álcool em gel em determinados horários.
O município adotou ainda uso obrigatório de máscaras, ações em ruas com bancos, onde há filas em dias de saque e pagamento e toque de recolher entre às 18h e às 6h, desde o último fim de semana até o dia 3 de maio.
“Extrema tem um parque industrial formado por grandes empresas, mas, no comércio, a base são pequenos negócios, a maioria familiares. São empreendedores que não têm fôlego para permanecer fechados por longo período. Seria uma quebradeira geral”, diz o prefeito João Batista (PSDB).
O afrouxamento nas regras para o comércio durante o período de isolamento social foi possível após entendimento do Supremo Tribunal Federal, que deu às prefeituras a palavra final sobre abertura das atividades econômicas.
Segundo o governador de Minas, Romeu Zema (Novo), a estimativa é que 55% dos 853 municípios do estado tenham retomado atividades por conta.
Seguindo a tendência, o governo mineiro lançou um programa com protocolos para a retomada gradual do comércio, serviços e outros setores, que divide áreas da economia em quatro ondas, ativadas de forma gradual conforme evolução dos casos no município.
“Não é uma obrigação implantar os protocolos, mas sabemos que muitas cidades já estão de portas abertas. Caberá ao prefeito analisar, diariamente, o cenário epidemiológico e tomar a decisão correta”, afirmou Zema.
Em Uberlândia, a flexibilização começou nesta semana, depois que o crescimento diário de casos suspeitos caiu de 15% para 3%. Agora, lojas de móveis, eletrodomésticos, tecidos, bancas de revista e jornais, entre outros não essenciais, poderão abrir em escala alternada.
“A maior preocupação é proteger a vida do povo. Isso ao mesmo tempo em que analisamos as ações possíveis para assegurar que as pessoas, sobretudo as de baixa renda, e o setor produtivo possam suportar as dificuldades deste período”, afirma o prefeito Odelmo Leão (PP).
Betim, na região metropolitana de BH, tornou obrigatório o uso de máscaras, mas, ao mesmo tempo, liberou parte do comércio. O município segue com a proibição abertura de boates, cinemas e campos de futebol. Quem não cumprir exigências pode ter o alvará cassado ou suspenso.
Paraná
No Paraná ocorrem medidas semelhantes. Cidades do interior começaram a afrouxar as restrições do comércio ainda na semana passada, mas também endureceram regras de circulação de pessoas. O estado já havia deixado com os municípios a decisão sobre o funcionamento da economia e apenas restringiu a abertura de academias e shoppings.
Algumas prefeituras estão obrigando moradores a usarem máscaras. A medida pode se estender para todo o estado com uma lei que deve ser aprovada em segundo turno nesta segunda-feira (27).
Os prefeitos se adiantaram. Em Cascavel, no oeste, o descumprimento da medida configura crime de “propagação de doença contagiosa”, com pena de até um ano de prisão. Os comerciantes que não respeitarem a regra terão o alvará suspenso.
Parte das atividades continuam suspensas no município. É o caso de shoppings, cinemas, teatros e academias. Salões de beleza e outros setores, como lojas de produtos pecuários e até estúdios de pilates, podem funcionar com atendimento reduzido.
Em Guarapuava, centro-sul do estado, a prefeitura cobriu com máscaras de proteção boca e nariz de figuras históricas representadas em monumentos da cidade. A ação serve para conscientizar moradores para o uso do equipamento, que é obrigatório.
No município, o comércio está funcionando de forma escalonada. Mesmo após a primeira morte pela Covid-19 nesta semana, o afrouxamento das medidas foi ampliado.
Na sexta-feira (24), a prefeitura criou um programa para ampliar o horário de funcionamento do comércio, e reabriu igrejas e academias, com restrições.
O escalonamento de atividades também foi adotado em Ponta Grossa, a cerca de 100 km de Curitiba. Na última semana, porém, a prefeitura ampliou a abertura e, atualmente, apenas igrejas, academias, condomínios e galerias permanecem fechados. Até shoppings foram autorizados a funcionar, mesmo com decreto estadual orientando o contrário.
O Ministério Público ajuizou uma ação contra o município para suspender os decretos. A prefeitura informou que vai fornecer informações sobre os critérios que embasaram as normas. A administração tornou obrigatório o uso de máscaras, mas não haverá punição para quem estiver sem a proteção.
A obrigatoriedade das máscaras também foi decretada pelo prefeito de Londrina, norte do Paraná. Em contrapartida, ele autorizou a retomada do comércio. O horário de funcionamento das lojas foi reduzido e há controle de acesso nos espaços.
Em Maringá, também no norte do estado, o comércio em geral foi reaberto. A cidade seguia regras rígidas de fechamento e foi uma das primeiras do estado a restringir atividades. Agora, até salões de beleza e barbearias foram liberados.
Ainda não podem funcionar áreas de lazer, casas noturnas, e locais fechados de aglomeração, como cinemas. Em contrapartida, está obrigatório o uso de máscaras. (Com FolhaPress)