Álcool mata uma pessoa a cada 6 horas e meia no Paraná
Um dos principais problemas de saúde pública no Brasil, o alcoolismo é responsável pela morte de uma pessoa a cada 6 horas e trinta e cinco minutos no Paraná, em média.
Segundo o Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), do Ministério da Saúde, entre os anos de 2013 e 2017 (último ano com dados disponíveis) o Paraná registrou um total de 6.645 mortes relacionadas ao consumo do álcool. Nesse mesmo período, também foram registradas 37.815 internações hospitalares decorrentes do consumo abusivo de álcool, com a média de uma internação a cada 1 hora e 10 minutos.
Nesta segunda-feira, inclusive, celebra-se o Dia Nacional de Combate ao Alcoolismo, data que marca também o início da Semana contra a doença. Sim, o alcoolismo é uma doença, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), e afeta 15% da população brasileira, de acordo com o Instituto de Estudo em Saúde Coletiva (Inesco). Por extrapolação, teríamos que, somente no Paraná, são 1,7 milhão de pessoas convivem com a doença.
Uma dessas pessoas é Severino, de 66 anos, que desde a década de 1980 participa do Alcoólicos Anônimos (AA). Sóbrio desde 1989, ele conta que começou a beber em 1967, ainda na juventude. “Comecei na adolescência. Tomei uma e gostei desse troço, do efeito. Parecia ter me encontrado. Comecei bebendo nos finais de semana e quando vi já estava bebendo todo dia”, conta ele.
Diferente do que acontece com muitas pessoas, Severino ainda conseguiu se manter num bom emprego, mesmo enquanto enfrentava a doença. Foi internado pela primeira vez em 1970, mas foi só na década seguinte que se deu conta de que realmente estava doente. “Morava na Bahia, minha esposa estava grávida, e eu não conseguia parar de beber. Ali percebi que havia uma situação séria, comecei a ler sobre e cheguei a conclusão que tinha que lutar contra o alcoolismo pela minha vida. É um caminho difícil, árduo para sair.”
Entre 1980 e 1989, foram várias internações e participações em reuniões da AA. Ainda assim, Severino não conseguia ficar mais de três meses longe da bebida. Foi quando resolveu adotar uma medida extrema: separou-se da esposa, pediu demissão do banco em que trabalhava e foi para o norte do país morar com uma irmã.
“Tive uma separação amigável, deixei meus três filhos, que foi minha perda maior, a coisa que mais me marcou, e fui pro norte do país. Eu precisava me recuperar e aí que consegui parar. Era inconcebícel para mim, na época, perder para uma substância. Estava me destruindo e precisava resolver isso”, conta ele, que luta a cada dia para em 2020 comemorar os 30 anos de sobriedade. “Com o passar do tempo você se conscientiza que é um problema para toda a vida e, se Deus quiser, ano que vem comemoro meus 30 anos de sobriedade”, comenta Severino, que conseguiu reatar os laços com os filhos, todos bem sucedidos: um é médico, outro advogado e o terceiro, comerciante.
RMC e Litoral possuem 80 grupos do Alcoólicos
Presente em 180 países de todo o mundo, a Alcoólicos Anônimos conta com mais de 2,5 milhões de membros. Só no Brasil são 5 mil grupos de apoio, dos quais 80 ficam na área leste do Paraná (Curitiba, região metropolitana e litoral). Há grupos que abrem duas vezes por semana e outros que funcionam todos os dias e qualquer pessoa pode participar dos encontros, que não cobram nada dos participantes. Para mais informações, ligue para o telefone (41) 3222-2422 ou acesse a página www.aapr.org.br.
“Só registramos o primeiro nome e quem participa não tem obrigações, mas se junta a outros companheiros com o mesmo problema e aí ocorre a empatia: um entende o que o outro está falando”, explica Severino. “A AA é gratuito, só procurar o endereço, ligar para gente. Temos escritório de representação na Av. Vicente Machado, 738. Pode ir lá, mas se quiser entra no nosso site que lá já vai ter o endereço das reuniões”, complementa.
Números provam que álcool causa mais problemas que drogas ilegais
Não é a maconha, a cocaína, o crack ou algumas das drogas da nova geração as que mais oneram o sistema público de saúde com o número de internações ou mesmo elevando o índice de óbitos no país. O grande vilão é o álcool, uma droga legalizada, responsável por 55% das internações e 81,3% das mortes no Paraná por transtornos mentais e comportamentais devido ao uso de substâncias psicoativas.
Segundo o Centro de Informações sobre Saúde e Álcool, entre 50 e 60% dos pacientes com dependência tornam-se abstinentes ou têm melhora substancial após 1 ano de tratamento, que em sua maioria buscam como meta a abstinência, com poucas abordagens favorecendo o comportamento de beber controladamente. Isso acontece porque, menos de 10% dos pacientes com dependência alcoólica desenvolvem longos períodos de uso não problemático.
Paraná
Mortes relacionadas ao consumo de álcool
2017 1.188
2016 1.268
2015 1.333
2014 1.434
2013 1.422
TOTAL 6.645
Internações por transtornos mentais
e comportamentais devido ao uso de álcool
2017 6.211
2016 6.239
2015 6.538
2014 6.366
2013 7.036
TOTAL 32.390
(Com Bem Paraná)
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