Nasceram os primeiros cavalos geneticamente modificados do mundo
Cientistas argentinos apresentaram, em meados de dezembro, os primeiros cinco cavalos geneticamente editados do mundo. A tecnologia visa aumentar o desempenho esportivo dos animais e evitar doenças hereditárias.
A equipe de cientistas, liderada pela empresa de biotecnologia Kheiron, utilizou a técnica CRISPR-Cas9 para alterar o genoma equino. Esse método permite alterações específicas no DNA sem gerar combinações que possam ser classificadas como Organismos Geneticamente Modificados (OGMs). Assim, os cavalos podem ser considerados naturais na regulamentações internacionais.
O foco da pesquisa foi o gene MSTN, associado à regulação do crescimento muscular, utilizando fibroblastos fetais para gerar mutações específicas e controladas. De acordo com os especialistas, o processo incluiu a transferência nuclear de células somáticas, um método que permite selecionar células previamente editadas e garantir resultados precisos. Esse procedimento reduz erros em áreas indesejadas do genoma e assegura que as características modificadas sejam transmitidas à geração seguinte. Estudos anteriores destacaram a eficiência da técnica, com taxas de edição de até 96%.
O que é CRISPR-Cas9?
CRISPR/Cas9 é o nome de uma técnica de biologia molecular capaz de editar (remover, adicionar, trocar) sequências de DNA localizadas em qualquer região do genoma. Essa técnica é baseada em um sistema de memória imunológica presente nas bactérias, usado para protegê-las de invasões por vírus.
CRISPR é um acrônimo para Clustered Regularly Interspaced Short Palindromic Repeats, que são sequências de DNA encontradas em algumas bactérias. Essas sequências contêm fragmentos de DNA de vírus que já infectaram as bactérias.
A técnica foi desenvolvida por Dra. Jennifer Doudna e Dra. Emmanuelle Charpentier, vencedoras do prêmio Nobel de química de 2020.
Utilizando o sistema CRISPR/Cas9 é possível induzir o sistema de reparo do DNA. Dessa forma, o sistema é capaz de reparar, silenciar e reprimir genes, entre outras alterações genômicas.
No campo animal, essa tecnologia já foi usada para estudar doenças, melhorar a produção pecuária e conservar espécies ameaçadas. Em cavalos, a aplicação dessa técnica pode revolucionar a seleção de características desejáveis em uma única geração, acelerando o desenvolvimento de exemplares de alto desempenho e reduzindo o tempo necessário em relação aos métodos tradicionais.
Por Globo Rural