Como irmãos podem aprender a cuidar dos pais sem brigas
Barry Jacobs, psicólogo e terapeuta familiar há décadas, é autor de “O guia da sobrevivência emocional para os cuidadores” (“The emotional survival guide for caregivers: looking after yourself and you family while helping an aging parent”) e está acostumado a lidar com pessoas que enfrentam o desafio de cuidar de parentes idosos, muitos com demência.
Pela sua experiência, uma das questões mais delicadas é a relação entre irmãos que se veem diante da fragilidade dos pais. Há muitas variáveis em jogo: a dor de assistir ao declínio de entes queridos, a angústia de ter que lidar com a inversão de papéis (quem cuidava agora tem que ser cuidado), o medo de encarar o próprio envelhecimento e, por fim, a dinâmica construída na infância que pode resultar em conflitos que só dificultarão que o objetivo principal, garantir o bem-estar de pai, mãe ou ambos, seja alcançado. Num artigo escrito para a AARP, a associação dos aposentados dos EUA, ele listou cinco pontos para guiar quem está vivendo essa experiência:
- Focar na qualidade do cuidado que seus pais merecem: não perder de vista que, quando os irmãos conseguem se unir em torno desse objetivo, os principais beneficiados serão eles. Além disso, se há conflitos, aumentam as chances de os idosos notarem o clima de animosidade, o que será pior para seu bem-estar.
- Deixar as picuinhas de infância para trás: ao serem obrigados a dividir tarefas e tomar decisões juntos, é comum que antigas rivalidades venham à tona. Os irmãos podem começar a competir e é importante lembrar que padrões de comportamento que marcaram suas infâncias têm que ser deixados de lado. Todos devem se tratar com respeito – como fariam com um outro adulto – e, em vez de perder tempo brigando uns com os outros, é fundamental reservar energia para cuidar dos pais.
- Livrar-se de estereótipos sexistas: as responsabilidades com o cuidado não têm que obedecer a uma lógica de gênero, totalmente ultrapassada, que joga nos ombros das mulheres tal encargo. Irmãos não devem esperar que caberá às irmãs o peso dessa atribuição, a ser dividida entre todos.
- Fazer escolhas sensatas: embora o ideal seja dividir o trabalho igualitariamente, nem sempre isso será possível, devido a compromissos profissionais e familiares. Será preciso avaliar todas as questões envolvidas: quem mora mais perto certamente desempenhará um papel mais ativo no dia a dia, quem ganha mais deverá arcar com um volume maior de despesas. Nesse caso, a “desigualdade” é apenas aparente, porque o cuidado estará estruturado para garantir o bem-estar dos idosos. Reuniões a intervalos regulares servirão para aparar arestas e ajustar expectativas: é importante que todos tenham consciência das contribuições de cada um, demonstrando apreço pelo esforço coletivo.
- Cultivar a gentileza e o carinho entre irmãos: ser um cuidador é trabalho duro, desgastante, que testa a paciência e os limites de todos. Com frequência, nos casos de demência, o idoso poderá ter um comportamento rude, pouco grato, o que torna ainda mais necessária a união da família, para contrabalançar a situação de tristeza e frustração.
Por - G1