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Preferência musical do brasileiro mudou na última década, mostra Ecad

Preferência musical do brasileiro mudou na última década, mostra Ecad

O gosto musical do brasileiro mudou nos últimos dez anos, período importante para a indústria da música, que também passou por muitas transformações como os investimentos em tecnologia e a forma de consumo.

Nessa década houve a ascensão do sertanejo, gênero musical, que em 2011 começava a ocupar espaço e se expandiria com os estilos universitário e forronejo, uma junção do forró com o sertanejo. Naquele ano, entre as sete preferências nacionais, o novo sertanejo já ocupava um lugar de destaque no ranking. Os dados estão na terceira edição do relatório O que o Brasil ouve, produzido pelo Escritório Central de Arrecadação e Distribuição (Ecad) e divulgado hoje (8).

Rankings realizados com as músicas mais tocadas nos segmentos de Rádio e Show em 2011 e 2020 mostram que, das 20 músicas mais tocadas em rádios em 2011, 13 eram internacionais. Já em 2020, no ranking deste segmento, a maioria das 14 canções brasileiras era do gênero sertanejo.

De acordo com o estudo, as músicas mais tocadas em shows em 2011, eram os lançamentos e canções do momento, principalmente de ritmos bem brasileiros como axé, pagode, samba e arrocha. Em 2019, as músicas mais executadas em shows e eventos reforçaram a preferência pelas músicas brasileiras.

Das 20 primeiras posições, todas são nacionais. O ranking do final da década mostrou que os clássicos populares também tiveram o seu lugar de destaque, além dos sucessos do momento. O relatório se referiu ao ano de 2019, porque no ano seguinte o segmento sofreu forte impacto da pandemia.

O Ecad destacou que o estudo mostra ainda que ocorreram conquistas importantes e históricas para a classe artística nos últimos dez anos. A gestão coletiva da música no Brasil, que é composta por sete associações, além do Ecad, “participa ativamente de todos os rumos que essa indústria vem tomando ao longo dos anos”. Para o escritório, “os avanços foram muitos no país”.

Em 2020, a gestão coletiva distribuiu R$ 947,9 milhões para 263 mil compositores, artistas e demais titulares, além das associações. Já na última década, os valores distribuídos em direitos autorais registraram crescimento de mais de 130%.

Conforme os dados do Ecad, no período, foram distribuídos mais de R$ 8,2 bilhões para 470 mil compositores, artistas e demais titulares de música. “O aumento da quantidade total de titulares contemplados em 2020 foi expressivo, representando um crescimento de 183,9% na última década”, completou.

Também estão no relatório informações sobre a consolidação das novas formas de utilização musical, com o avanço do digital, e um balanço da atuação das associações de música e do Ecad.

A pesquisa apontou ainda que depois de anos com crescimento e resultados expressivos, a indústria da música se deparou com um momento de dificuldade no fechamento da década. “Diante de um cenário desafiador e de uma crise global sem precedentes, em 2020 foi necessária uma reestruturação com planos de contingência, muitos estudos e empatia com a classe artística para que os números se mantivessem relevantes. A pandemia atingiu em cheio os profissionais da música, uma das categorias mais prejudicadas e uma das últimas que retomarão completamente suas atividades”, indicou.

Na visão do Ecad, a atuação da gestão coletiva foi fundamental para reduzir os danos que atingiram milhares de autores, intérpretes e músicos, que viram seus rendimentos reduzirem após o cancelamento de shows e eventos e fechamento de estabelecimentos comerciais. Segundo a entidade, uma das primeiras ações foi um plano emergencial de apoio financeiro, que ofereceu um adiantamento extra de R$ 14 milhões, distribuídos entre abril e junho de 2020.

O benefício alcançou quase 22 mil compositores, intérpretes e músicos. Além disso, houve o aporte de R$ 170 milhões na distribuição de 2020. “O aporte foi possível graças a um esforço conjunto das associações de música para liberação de créditos retidos, impactando positivamente o repasse total de 2020, que veio a ser somente 4% menor que o do ano anterior”, afirmou.

Para a superintendente executiva do Ecad, Isabel Amorim, o relatório identificou a trajetória da música no Brasil e os caminhos percorridos pela gestão coletiva da música para fortalecer esse mercado na última década, o que comprovou a importância do trabalho que vem sendo realizado.

“Todos esses dados apontam que devemos seguir firmes na direção da luta pela valorização dos direitos autorais da classe artística. Já tivemos muitas conquistas ao longo dos anos, principalmente pelo apoio dos compositores e artistas, e seguiremos nesse propósito nas próximas décadas”, afirmou.

Segundo o Ecad, a primeira edição do relatório O que o Brasil ouve, foi lançada em março deste ano, com informações sobre a participação das mulheres na música em todo o Brasil. O relatório foi divulgado em setembro com dados sobre o impacto da pandemia no mercado de shows e eventos.

 

 

 

Por - Agência Brasil

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