Por que os Ovos de Páscoa Estão Mais Caros em 2025?
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A Páscoa representa um período crucial para a indústria de chocolates, sendo responsável por uma parte significativa do faturamento anual em um intervalo de pouco mais de um mês. O planejamento para essa produção começa com bastante antecedência, mas os preços elevados do cacau, que começaram a subir no final de 2023, trouxeram um novo desafio em 2025: como manter a qualidade e o padrão dos produtos sem onerar o consumidor?
A escassez de cacau no mercado global complicou a situação. Os principais países produtores, que respondem por cerca de 70% da oferta mundial, enfrentaram quedas na produção devido a condições climáticas adversas. Isso resultou em um déficit na oferta e fez com que o preço da commodity, que costumava girar em torno de US$ 3 mil por tonelada, atingisse um recorde histórico de US$ 12,5 mil em dezembro passado.
No Brasil, a situação não foi diferente. A seca e pragas como a vassoura-de-bruxa impactaram negativamente as lavouras, levando a uma queda de 18,5% na produção nacional em 2024. A dependência de importações se tornou evidente, e a alta nos preços foi um reflexo direto dessa retração em um momento de oferta escassa.
Esse cenário ajuda a explicar o aumento de quase 10% nos preços dos ovos de Páscoa neste ano. A indústria, que lidou com custos elevados por meses, chegou a um ponto em que repassar parte desses custos ao consumidor se tornou inevitável. No entanto, estratégias foram implementadas para mitigar o impacto. Algumas empresas diversificaram seus catálogos, oferecendo produtos em diferentes formatos e faixas de preço, com opções acessíveis para incentivar as compras.
O planejamento para a Páscoa de 2025 começou cedo, com pesquisas de mercado para definir sabores e texturas. A incerteza em relação aos preços do cacau levou algumas empresas a revisar seus processos de produção. A necessidade de manter a qualidade sem repassar todos os custos ao consumidor resultou em uma diminuição das margens de lucro e uma reavaliação de toda a cadeia produtiva, desde a embalagem até o transporte.
Embora a composição mínima de 25% de sólidos de cacau para ser considerado chocolate no Brasil não tenha mudado, as empresas se viram desafiadas a criar receitas com ingredientes alternativos, como frutas e castanhas, que diminuem o teor de cacau. Novos produtos, como chocolates com caramelo e opções recheadas com biscoitos e frutas, foram introduzidos para atender à demanda.
Para as pequenas empresas, a situação é ainda mais desafiadora. O aumento nos preços dos insumos impactou diretamente a competitividade, dificultando a manutenção de preços acessíveis. A necessidade de educar o consumidor sobre as características e diferenciais dos produtos artesanais se tornou uma tarefa crucial em meio a esse cenário de alta nos custos.