Para 44% dos brasileiros, a quantidade de moradores de rua cresceu. São Paulo lidera o ranking
Índice de desigualdade social, a população em situação de rua cresce nas principais cidades.
Você diria que o número de pessoas que dormem na rua cresceu nos últimos anos? Pesquisas feitas indicam que essa percepção é compartilhada por quase metade da população brasileira.
Infelizmente, não é apenas uma impressão: a Secretaria da Assistência Social realizou um censo com o intuito de identificar a quantidade, os perfis e as condições dos indivíduos em situação de rua ou acolhidos.
O resultado é chocante: a população de rua passou de, aproximadamente, 16 mil pessoas — o que, claro, já um número imenso —, em meados de 2015, para mais de 24 mil, no final de 2019.
É o maior número desde o que o levantamento foi feito. Como comenta uma matéria publicada pelo portal de notícias G1, há duas décadas, tínhamos cerca de 9 mil pessoas em situação de rua. É um salto alarmante.
Atualmente, a região com maior número de acolhimentos é a Mooca: a Subprefeitura em questão tem cerca de 20% da população desabrigada da cidade, além de ser recordista no número de acolhimentos.
Pessoas que dormem na rua: qual é a razão do problema?
Como a grande cidade de São Paulo, com seus prédios, escritórios e similares, tem um aumento tão brutal no número de moradores de rua?
Não é possível citar apenas uma razão: em momentos de crise, a diminuição dos salários e o “enxugamento” das equipes são duas das primeiras atitudes.
O trabalho que outrora era feito por três pessoas passa, por exemplo, a ser feito por apenas uma. Apesar da sobrecarga evidente, é preferível manter apenas um funcionário, que pode ter um reajuste de salário e nada mais.
O que acontece com quem é mandado embora? Pode usufruir de um seguro desemprego, mas apenas se a sua carteira tiver sido assinada no emprego anterior.
Se esse não for o caso, situação que se tornou cada vez mais corriqueira devido ao aumento dos empregos informais e a valorização do microempreendedor individual e dos freelancers, a tendência é o acúmulo de dívidas.
Outras situações conhecidas incluem:
Problemas com a família
Não é incomum que pessoas que se portam de maneira indesejada pela família ou que vêm de um lar problemático — pai ou mãe ausentes ou usuários de drogas, violência doméstica, entre outros motivos — tenham que abandonar a casa ou o espaço onde foram criados.
No caso do falecimento de pais ou responsáveis, especialmente quando o indivíduo já é maior de idade, pode haver dificuldade para manter o aluguel e as contas.
Migração
São Paulo ainda é conhecida como a terra das oportunidades. Quando conversamos com os moradores, é habitual encontrar pessoas que vieram para estudar ou trabalhar e decidiram ficar.
Muitos vêm com alguma perspectiva de crescimento: um emprego modesto em uma fábrica, um trabalho que paga um curso de inglês. Outros, por conta das condições precárias em que viviam em outro estado ou cidade, vêm com o que tem.
Ainda que tenhamos um ou outro caso de sorte, não se pode negar que a maior parte das situações não termina de forma favorável: quando o dinheiro acaba e não há quem possa ajudar a voltar para o lugar de origem, o indivíduo pode ser obrigado a viver em situação de rua.
Ficha criminal
Pessoas que passaram pelo sistema carcerário têm muita dificuldade para conseguir emprego. Algumas instituições e prestadores de serviços tendem a ser mais abertos à questão, mas isso não é uma regra.
Os crimes, em geral, são cometidos por pessoas em situação de vulnerabilidade social. Quando elas saem da cadeia, nada garante que terão lugar para onde voltar ou melhores condições de vida.
A reinserção na sociedade, como proposta pelo sistema carcerário, muitas vezes não acontece. O resultado é o retorno ao crime ou, em alguns casos, a ida para as ruas.
Baixa escolaridade
Analfabetos e analfabetos funcionais podem conseguir emprego, mas possivelmente o salário será baixo.
Dessa forma, pode não ser possível manter as contas em dia: com o tempo e o acúmulo de dívidas, pode haver a impossibilidade de permanecer em um lugar próprio ou alugado.