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Como uma cidade turística de MG não tem nenhum caso da covid-19

Como uma cidade turística de MG não tem nenhum caso da covid-19

Com apenas 4.345 habitantes, a pequena cidade de Gonçalves, no interior de Minas Gerais, se movimenta principalmente pela atração dos turistas que querem conhecer o lado mineiro da Serra da Mantiqueira. Cachoeiras exuberantes, cachaças e queijos diversos fazem do município um dos queridinhos dos viajantes.

 

Mas assim que a pandemia do novo coronavírus começou a se espalhar pelo Brasil, em meados de março, a cidade foi totalmente fechada. Quatro meses se passaram e, até o balanço desta terça-feira, 4, nenhum morador de Gonçalves havia testado positivo para a covid-19.


O segredo? Segundo a prefeitura, foi ter garantido o isolamento da população, que poderia facilmente ter se contaminado por visitantes. A colaboração dos moradores e a organização da cidade também foi fundamental para este processo.

 

Em 17 de março, o prefeito Luiz Rosa da Silva (DEM) decretou a suspensão da entrada de qualquer pessoa que não morasse no município oficialmente. A medida valia para viajantes, pessoas a negócios ou visitas rápidas. Também para quem tem casa na cidade, mas não mora oficialmente. Hotéis, pousadas e passeios foram suspensos.

 

Para impedir a entrada de turistas, o município montou barreiras sanitárias, com apoio da Polícia Militar, em todas as entradas para orientar os motoristas a dar meia-volta. Os moradores tinham a temperatura aferida para prosseguir caminho.

 

Todos os comércios não essenciais também foram fechados. Os que continuaram funcionando tiveram horário e capacidade reduzidas. Além disso, as aulas presenciais foram suspensas e um programa de educação à distância foi implementado. Igrejas e eventos sociais com potencial de gerar aglomeração também foram proibidos.

 

 

De acordo com o prefeito, as diversas medidas adotadas, assim como a conscientização da população foi fundamental para que até hoje a cidade se mantivesse sem casos do novo coronavírus.

 

“Todas as nossas decisões foram pensadas em prol da saúde dos gonçalvenses. Tivemos que adotar um protocolo de medidas sanitárias próprio, já que por ser um município turístico, a cidade possui diferenças de outras regiões de nosso estado. Já somamos 138 dias, o que representa 4 meses e meio de medidas em nosso município. A força maior é que toda nossa população se uniu para que até agora não tivéssemos casos de coronavírus”, diz Silva à EXAME.

 

Em 4 de maio, um novo decreto publicado continuou bloqueando a cidade para turistas, mas autorizou a entrada, mediante análise da vigilância, de pessoas que possuem no município a segunda residência. Nesse caso, os moradores precisariam cumprir obrigatoriamente sete dias de isolamento social, com multa de um salário mínimo para quem descumprisse as regras.

 

Em 22 de junho, Gonçalves começou a reabrir para turistas, mas com diversas medidas de distanciamento social, proibição de funcionamento de áreas comuns e capacidade limitada de 30%. Para entrar na cidade, é preciso ser autorizado pela barreira de vigilÂncia.

 

Serviços não essenciais também estão voltando aos poucos, com a obrigatoriedade do uso de máscara, sob multa de 200 reais para quem descumprir.

 

Três vezes na semana, uma equipe faz a desinfecção das ruas da cidade, tanto na área urbana quanto na rural. Totens com álcool em gel foram instalados em pontos importantes do município para incentivar a população a higienizar as mãos.

 

O diretor do departamento de Saúde da cidade, José Donizetti, avalia que a rapidez em implementar as medidas sanitárias e o fechamento da cidade para o turismo deram fôlego para a área de saúde readequar o sistema de atendimento hospitalar.

 

“Com isso, hoje já temos uma ala separada para pacientes que possuem síndrome gripal e com dois ou mais sintomas característicos do coronavírus. Continuamos com várias medidas de segurança até hoje e ressalto, que o apoio de toda população e também dos funcionários da prefeitura foram de suma importância para os resultados que nossa cidade tem hoje”. (Com Exame.com)

 

 

 

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