Chuvas no Rio Grande do Sul provocaram perdas de R$ 88,9 bilhões, aponta relatório
As chuvas e inundações que afetaram o Rio Grande do Sul em abril e maio deste ano resultaram em prejuízos financeiros estimados em R$ 88,9 bilhões, segundo relatório técnico divulgado pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), a Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal) e o Grupo Banco Mundial, realizado em colaboração com entidades do Sistema das Nações Unidas.
De acordo com o levantamento, 69% dos danos, o equivalente a R$ 61 bilhões, atingiram o setor produtivo, que inclui a agricultura e pecuária, enquanto 21%, ou R$ 19 bilhões, afetaram áreas sociais, como educação, saúde e moradia. A infraestrutura do Estado sofreu perdas de R$ 7 bilhões, e o meio ambiente teve impactos avaliados em R$ 1,6 bilhão. O estudo, baseado em uma metodologia internacional de Avaliação de Danos e Perdas (DaLA), inclui dados coletados por uma equipe de mais de 40 profissionais e imagens de satélites.
O relatório também destaca a transferência de recursos às famílias e negócios atingidos, além das obras de recuperação em ações do poder público, que, segundo os autores, foi decisiva para minimizar os danos econômicos, evitando que o impacto negativo das enchentes fosse ainda maior. Segundo o estudo, a resposta do governo estadual e federal impediu uma queda de 1,1 ponto percentual no Produto Interno Bruto (PIB) do Estado, permitindo que o crescimento econômico de 2024 fosse de 4,7%.
O presidente do BID, Ilan Goldfajn, ressaltou que a colaboração entre as instituições envolvidas ajudou a "assentar as bases para uma reconstrução do Estado planejada de maneira estratégica e resiliente". O banco já disponibilizou R$ 5,5 bilhões para o Rio Grande do Sul, e está trabalhando com autoridades para estender esse apoio em projetos de longo prazo, como a reconstrução de escolas, unidades de saúde e o apoio a pequenas e médias empresas, destacou Goldfajn.
Por sua vez, Johannes Zutt, diretor do Banco Mundial para o Brasil, advertiu que “os danos visíveis das enchentes são apenas metade do impacto econômico. A outra metade inclui perdas para pequenos negócios, comunidades agrícolas e indústrias, levando a efeitos em cascata que levarão anos para serem recuperados. Sem um plano de recuperação coordenado, as desigualdades sociais no estado aumentarão”. O Banco Mundial tem apoiado projetos de infraestrutura e drenagem no Estado e no sul do Brasil para “construir resiliência a desastres climáticos”.
Entre as recomendações do relatório para a reconstrução, destacam-se ações para a construção de infraestrutura resiliente, como a instalação de diques e sistemas de bombeamento para proteger áreas vulneráveis. O estudo também sugere melhorias nos sistemas de alerta precoce e no planejamento de obras de controle de inundações, que devem ser priorizadas nas regiões mais afetadas. O objetivo é reduzir os riscos para a população, especialmente em áreas de risco mitigável.
No médio prazo, o relatório recomenda a criação de um órgão técnico-científico estadual para monitoramento de riscos e a atualização de planos diretores, com ênfase na adaptação às mudanças climáticas.
Por Globo Rural