Brasil registra em 2024 a maior saída de dólar desde 2020
Desde o primeiro ano da pandemia de covid-19, em 2020, o Brasil não registrava uma saída anual de dólares tão grande. Em 2024, até dezembro, o Banco Central (BC) contabilizou uma saída de US$ 10,03 bilhões.
Esse fluxo negativo foi especialmente intenso em dezembro. A autoridade monetária reportou a saída de US$ 18,4 bilhões somente nesse mês, sendo US$ 18,3 bilhões por razões financeiras, como envio de remessas e dividendos ao exterior.
O ex-presidente do BC, Roberto Campos Neto, já havia mencionado a saída atípica de recursos em dezembro, o que levou a autoridade monetária a intervir no mercado cambial por meio de leilões.
Os leilões têm o objetivo de aumentar a quantidade de dólares em circulação, pois uma saída atípica de recursos pode desestabilizar o mercado cambial. Na prática, essas atuações ajudam a reduzir a cotação do dólar, mas o BC não estabelece uma meta ou variação máxima em relação ao real para essas intervenções.
O principal tipo de leilão é o à vista, onde a autoridade monetária utiliza recursos das reservas internacionais para colocar dólares no mercado. Já nos leilões de linha, também são utilizados recursos das reservas cambiais, mas há um compromisso de recompra, o que serve para repor os recursos gastos.
A cotação do dólar comercial fechou em R$ 6,18 na segunda-feira, 30 de dezembro de 2024, último pregão do ano. Houve um aumento de 27,3% em relação a 2023.
COMO FUNCIONA
A cotação do dólar é resultado da oferta e demanda. Quando há mais dólares em circulação, seu valor diminui, e o contrário também é verdadeiro: com menos dólares disponíveis, o valor aumenta devido à escassez.
No Brasil, é responsabilidade do Banco Central regular o mercado. O país opera um regime de câmbio flutuante, sem metas cambiais. Portanto, a autoridade monetária não intervém em desvalorizações do real motivadas por fundamentos econômicos.
O BC atua vendendo dólares em leilões quando há disfunções no mercado cambial. Na quinta-feira, 19 de dezembro de 2024, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, afirmou que a autoridade monetária precisou intervir em dezembro devido ao fluxo atípico de saída de dólares.
COMERCIAL X PTAX
A taxa de câmbio é a principal referência para a valorização ou desvalorização do real em relação ao dólar. É negociada das 9h às 17h no mercado financeiro entre bancos, corretoras, fundos de investimentos e outros.
O dólar comercial é utilizado em contratos comerciais entre empresas e no mercado de exportações e importações.
O dólar Ptax é informado pelo Banco Central e usado como referência pela autoridade monetária. É definido por uma taxa média ponderada das cotações apuradas pelo BC a partir de consultas aos dealers de câmbio.
O BC consulta o mercado cambial e calcula a taxa ponderada para informar a cotação, mas essa operação não considera todas as flutuações da moeda durante o dia. A taxa é divulgada diariamente à tarde, antes do fechamento do mercado cambial brasileiro.