Quarta, 16 Dezembro 2015 23:58

Não estou grávida, o que pode acontecer se eu pegar zika vírus? Entenda riscos

Muito se fala sobre o surto de microcefalia causado pelo zika vírus e os riscos para gestantes e bebês, mas para as pessoas em geral também existem perigos importantes e consideráveis.

 

Um deles é uma síndrome rara ligada a infecções, mas também existem outros sintomas.

 

Conheça-os a seguir.

 

 

Febre 

 

A febre e os outros sintomas causados pelo vírus zika costumam aparecer entre o 3o e 12o dias após a picada pelo Aedes Aegypti. A temperatura corporal tende a ficar entre 37,8o e 38,5o graus Celsius. A febre é uma das armas que o corpo tem de combater a infecção, otimizando a ação das células de defesa do corpo e eliminando o micro-organismo invasor.

 

 

Manchas na pele 



Chamadas de exantemas, manchas avermelhadas no corpo também podem indicar a infecção pelo zika vírus. Elas costumam coçar e atingem, principalmente, tronco e rosto.

 

 

Dores 

 

O zika pode causar dores articulares, musculares, de cabeça e atrás dos olhos. Caso você esteja com esses três sintomas, procure um serviço médico imediatamente.

 

 

Síndrome de Guillain-Barré 

 

Relação com o zika vírus 



O neurologista Antônio Cézar Galvão, do centro de dor e neurocirurgia funcional do Hospital 9 de Julho (São Paulo), explica que o zika é um vírus de descoberta recente, sendo inicialmente descrito em 1947, e esse é um dos motivos pelos quais sabe-se tão pouco sobre ele.

 

Recentemente, o Ministério da Saúde declarou a infecção pelo vírus zika, assim como outros vírus, pode provocar a Síndrome de Guillain-Barré. Eles chegaram a essa conclusão depois de investigações feitas pela Universidade Federal de Pernambuco, a partir da identificação do zika em amostra de seis pacientes com sintomas neurológicos e histórico de doença com manifestação na pele. Entre esses quatro, quatro foram confirmados com Guillain-Barré.

 

Antônio Cézar conta que a incidência normal da síndrome é de 6 a 40 casos em cada 1 milhão de pessoas. “Aparentemente, a incidência da síndrome de Guillain-Barré causada pelo zika vírus é cerca de 20 vezes maior que isso”, conta. “Tudo indica que ele desencadeia a síndrome com mais facilidade que os outros vírus”.

 

O que é a Síndrome de Guillain-Barré? 

 

Antônio Cézar Galvão explica que a Síndrome de Guillain-Barré (SGB) é uma alteração que atinge os nervos periféricos do corpo e natureza autoimune que pode ser desencadeada por vírus. Entre os agentes virais relacionado à SGB, estão o vírus da dengue, o herpes zoster, o HIV, o Epstein-Barr, o citomegalovírus e, de relação mais recentemente confirmada, o zika vírus. Algumas bactérias, como a campylobacter, também podem estar relacionadas à síndrome.

 

Geralmente os sintomas da síndrome aparecem depois de uma infecção, um episódio gripal ou diarreia, por exemplo. O mecanismo da doença é autoimune: o corpo produz anticorpos que passam a atacar a bainha de mielina – uma espécie de capa que envolve o neurônio e permite a adequada transmissão dos impulsos nervosos.

 

Também existem casos em que, além da bainha de mielina, é atacada uma parte mais nobre do neurônio, o axônio. Nesse caso, a recuperação do paciente é mais difícil porque, enquanto a bainha é refeita por células chamadas Schwann, o axônio é de mais difícil regeneração.

 

Além das infecções, há registros também de desenvolvimento da SGB em decorrência de cirurgias e vacinas de soro heterólogo ou não-humano – isso é, produzidas a partir de inoculação em animais, como as vacinas contra raiva e picada de cobra.

 

 

Sintomas

 

De acordo com o especialista, o principal sintoma da doença é a fraqueza muscular. A característica costuma aparecer inicialmente nas pernas e pode se espalhar para tronco, braços, face e mesmo para os músculos respiratórios, cuja ineficiência indica a necessidade de cuidado intensivo, com uso de aparelhos para que o paciente consiga respirar. Também pode haver dor e formigamentos.

 

Existem diferentes graus de fraqueza e, enquanto alguns pacientes podem ter a força diminuída apenas nas pernas e ainda serem capazes de caminhar sem auxílio, em outros casos a doença é mais severa e a recuperação mais lenta.

 

 

Tratamento 

 

Além de acompanhamento com fisioterapeuta, neurologista e outros profissionais de saúde, o tratamento envolve duas técnicas: a plasmaférese (uma espécie de “filtração” do sangue) e a terapia com imunoglobulinas, que competem com os anticorpos que destroem os nervos.

 

A doença tende a regredir espontaneamente, deixando menos sequelas caso o tratamento tenha sido adequado. Como tem grau variável de gravidade, em alguns casos são necessários meses para recuperação, enquanto em outros casos são necessárias apenas algumas semanas.

 

 

 

 

Por Manuela Pagan (Bolsa de Mulher)

 

 

 

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