Quinta, 08 Dezembro 2016 10:51

Confeiteiro pesa 300 kg e aguarda há cinco anos por cirurgia do SUS

Há aproximadamente um mês sem conseguir permanecer por mais de 15 minutos em pé ou sentado, Fabiano Ferreira, de 36 anos, que há seis descobriu que sofre de erisipela - doença infecciosa aguda, caracterizada por uma inflamação da pele.

 

Aguarda há cinco anos na fila do Sistema Único de Saúde (SUS) para realizar a cirurgia do estômago, consequentemente perder peso e, então, poder operar a perna afetada.

 

Por conta do inchaço e das crises que a doença desencadeia, como dor de cabeça, febre, náusea e dor na perna, o confeiteiro, que hoje pesa 300 quilos, por orientação médica parou de trabalhar, passa a maior parte do dia deitado e depende da mãe, a dona de casa Izildinha Ferreira, de 61 anos, para desempenhar algumas tarefas.

 

As refeições são elaboradas pela mãe, que leva o alimento congelado ao filho, que mora sozinho no Bairro Los Angeles, em Campo Grande (MS). Há dois anos, Fabiano descobriu que sofre de hipotireoidismo - disfunção na tireoide, glândula que regula importantes órgãos do organismo, que se caracteriza pela queda na produção dos hormônios T3 (triiodotironina) e T4 (tiroxina).

 

Ao Portal Correio do Estado, a mãe de Fabiano contou que o filho corre risco de morte caso não faça a cirurgia da perna. “O médico falou que para ele poder operar, primeiro precisa perder peso [de 80 kg a 100 kg]. Para isso, ele precisa colocar um balão gástrico. É feito via endoscopia”, explicou.

 

Sem muita esperança, há quatro meses entrou para a fila do SUS a espera por um balão gástrico. “Se já estou na fila [do SUS] há cinco anos aguardando uma cirurgia de redução do estômago, imagina quanto tempo vou ter que esperar pelo balão?”, questiona o confeiteiro.

 

 

Descaso

 

Conforme ele, todas as vezes que pergunta sobre o andamento do processo da cirurgia, o SUS fala que perdeu a documentação. “Quando vou tentar saber sobre previsão de ser operado, o SUS alega que não estou na fila e fazem o cadastro novamente. Isso já aconteceu cinco vezes”.

 

Indignado com o descaso do serviço público de saúde, Fabiano vê como uma das alternativas, comprar o balão gástrico, que custa entre R$ 10 mil e R$ 12 mil. “Não temos condições de comprar, por isso precisamos de ajuda. Com o balão em mãos levamos para um médico apto colocá-lo”.

 

 

Luta contra a balança

 

A mãe conta que o filho já nasceu acima do peso. “Ele nasceu com quatro quilos. Desde então, nunca perdeu nem um grama, apenas ganhou”, relatou. A luta contra a balança é constante. A cada regime que Fabiano faz consegue perder até 20 quilos, pouco em vista dos muitos que ele ainda precisa perder para poder ser operado.

 

Apesar das dificuldade, Ilza destaca que Fabiano não perde o humor. “Ele fala para as crianças que se desobedecerem vão ficar gordas igual a ele”. Diante do ganho de peso no decorrer dos 36 anos, Fabiano teve que enfrentar as "piadas" dos amigos na adolescência. “Nunca levei ao médico, não imaginava que ele iria chegar nesse peso. Das vezes que fez os exames, nunca acusou nenhuma alteração no organismo”.

 

 

Sobre a doença

 

De acordo com o médico clínico geral Renato Figueiredo, a erisipela é uma infecção causada por bactéria que pode atingir a parte mais profunda da pele. “Ele não tem erisipela, ele pega. Obesidade e problemas como dificuldade na circulação linfática podem ter causado o inchaço na perna do rapaz”, explicou o médico.

 

Para Renato, um dos meios de cura para Fabiano seria a perda de peso. “O certo é emagrecer, para poder operar e assim ser tratado da doença. Já que o excesso de peso dificulta a cura da erisipela”, pontua.

 

O médico faz um alerta para que a doença seja tratada assim que percebida. “Quando perceber a perna inchar e ficar vermelha, tem que procurar um médico rapidamente, pois a pessoa pode ter uma infecção generalizada que pode levá-la até a morte”, finaliza. (Com Correio do Estado)

 

 

 

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    A substância será armazenada em uma embalagem em formato de caneta, o que deverá facilitar o manuseio durante a aplicação, o reúso do recipiente e seu transporte. O anúncio foi feito hoje dia 11, pelo governo federal.

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    Segundo o oftalmologista Leôncio Queiroz Neto do Instituto Penido Burnier de Campinas, no mundo todo o risco de contaminação na cirurgia refrativa é de apenas 0,24%.

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    Em todo o País são apenas cinco as instituições credenciadas e desde 2010, segundo a Secretaria Estadual de Saúde (Sesa), foram feitas 41 solicitações de tratamento de paranaenses para realizar a cirurgia.

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