Segundo a psicóloga Cynthia Boscovich (SP), a principal causa da depressão pós-parto está relacionada aos hormônios, porém o estresse e fatores intrapsíquicos, ambientais e genéticos também podem contribuir para a condição: “A demanda de cuidados que o bebê requer, associada à mudança de vida devido ao nascimento de uma nova vida, como privação do sono e mudança de rotina, causam o estresse na mãe. O nascimento do bebê também pode mobilizar questões internas muito primitivas na história de vida e personalidade da mulher, podendo favorecer o início de uma depressão. O ambiente no qual a mãe está inserida pode contribuir para que o problema se instale, além de fatores genéticos que a predispõe a desenvolver a doença”, explica.
Depressão: de onde ela vem?
Tristeza, irritabilidade, mudanças de humor, insônia, falta de apetite, falta de libido, desânimo, choro fácil e pensamentos suicidas fazem parte dos sintomas da depressão pós-parto, que deixam as mulheres emocionalmente vulneráveis. Mas é necessário estar atenta aos seus sintomas, que muitas vezes podem ser confundidos: “A mulher pode ter depressão pós-parto ou sofrer de uma síndrome chamada Baby Blues. Embora muito parecidas nos sintomas (tristeza, choro, desânimo, perda de libido e insegurança), no Baby Blues estes aparecem entre o segundo e o terceiro dia após o parto e somem espontaneamente antes do primeiro mês de vida do bebê, sendo esta uma espécie de crise adaptativa onde o sintoma predominante da mãe é o de insegurança, de que não vai dar conta de ser mãe, mulher, esposa e profissional, por exemplo. No caso da depressão pós-parto, os sintomas podem aparecer imediatamente ou não e, além de não desaparecerem com o tempo, pioram e fazem com que a mulher desperte sentimentos de hostilidade ou apatia em relação ao bebê, colocando-o em constante risco”, esclarece Rita Calegari, psicóloga do Hospital São Camilo (SP).
Quando perguntamos se a condição pode se repetir na segunda gestação, Cynthia Boscovich é clara: “Alguns estudos mostram que isso pode acontecer, porém não é uma condição exclusiva. 50% dos casos de pessoas que tiveram depressão em algum momento da vida têm a chance de repetir a doença. Nos casos de depressão pós-parto isso também acontece, ou seja, se a mulher já teve a doença na primeira gravidez, a chance de ter na segunda também é de 50%”.
Para tratar o problema, a melhor opção é fazer uma avaliação médica – quanto mais precoce melhor. “Muitos casos de depressão pós-parto são minimizados porque o médico inicia o tratamento ainda durante a gestação. Após análise do quadro, de acordo com cada caso, são recomendados dieta adequada, atividades físicas, apoio familiar, medicações e psicoterapia”, enumera Rita Calegari. A especialista traz boas notícias: “Observamos que muitas mulheres, com o tratamento adequado, estão aptas a levar uma vida muito saudável ainda no primeiro ano de tratamento”.
Ainda que não exista diagnóstico que evite o episódio de depressão pós-parto, poder contar com o apoio de uma família bem estruturada pode ajudar até mesmo prevenindo quadros depressivos ao longo da vida. Rita Calegari explica: “É muito importante contar com o apoio de uma família minimamente estruturada, onde os familiares atuam como agentes de sua história, buscam sua felicidade e agregam um sentido em sua vida. É essencial estar perto de pessoas que, de alguma forma, demonstram lidar melhor com as fases de tristeza normais da vida – e por isso podem, mesmo diante de problemas muito sérios, dar a volta por cima e não desenvolver quadros depressivos”.
Fonte - UOL